Francisco Costa é o único que confessou favores
O ex-dirigente do Conselho de Arbitragem, Francisco Costa, foi o único que confessou ter recebido “pedidos”, por parte do presidente do organismo, Pinto de Sousa, para ajudar o Gondomar na 2.ª Divisão B, na temporada de 2003-04. A juíza elogiou “a forma digna” de Francisco Costa, no caso.
Francisco Fernando Tavares da Costa, de 51 anos, casado, natural e residente em Canelas, Vila Nova de Gaia, confessou parcialmente os factos à juíza de instrução criminal, Ana Cláudia Nogueira, o que teve “importância certamente para a investigação em curso”, tendo até a magistrada elogiado mesmo “a forma digna e relevante como se apresentou” e “confessando alguns factos que lhe vinham imputados”.
“Francisco Costa é o próprio que admite ter desconfiado dos pedidos para a nomeação de determinado árbitro proviessem do dirigente do Gondomar, tendo a certa altura a garantia que tal sucedia”, refere, em despacho, a juíza Ana Cláudia Nogueira.
“Sendo [Francisco Costa] então o responsável pela nomeação dos árbitros, ao aceder aos pedidos que lhe eram formulados por Pinto de Sousa”, segundo a juíza, “sabia ele, ou pelo menos, admitia, estar a contribuir assim para a viciação dos resultados desportivos, no que diz respeito aos jogos disputados pelo Gondomar, beneficiando este clube, pelo que [Francisco Costa] prestou um auxílio essencial para Pinto de Sousa, nos seus intentos criminosos nesta matéria”, afirma, no mesmo despacho, a magistrada.
“Francisco Costa nomeava os árbitros indicados pelo co-arguido Pinto de Sousa, para arbitrar jogos do Gondomar, sabendo que assim contribuía para subverter verdade desportiva, prejudicando a equipa adversária do Gondomar”, referiu.
Francisco Costa, caucionado em 25 mil euros, telefonou, em 26 de Novembro de 2003, a [arguido] Carlos Carvalho, presidente do Conselho de A.F. Porto, falando da reunião com Pinto de Sousa “no sentido de definir quais os árbitros da A. F. Porto que no final da época irão descer ou subir de categoria”.
Francisco Costa e seu advogado, ambos contactados pelo CM, não quiseram comentar as afirmações.
Na peça publicada ontem acerca do processo ‘Apito Dourado’ foi escrito que Valentim Loureiro fez um telefonema para um vogal do Conselho de Arbitragem da FPF, Francisco Costa, quando afinal a conversa telefónica foi do major para António Garrido, ex-árbitro ‘internacional’, que, aliás, num telefonema posterior e também gravado pela PJ, se queixou de ter levado uma repreensão por parte de Valentim Loureiro.
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