ROGER: UM CASO DE SUCESSO

Nunca viveu em Portugal, mas tem nacionalidade lusa e sul-africana. É filho de Octávio de Sá, antiga glória da baliza do Sporting (jogou com os ‘cinco violinos’), e seguiu as pisadas do pai. Já trabalhou com Carlos Queiroz e, actualmente, treina o Wits, equipa que lidera o campeonato sul-africano. Rogério de Sá é o seu nome, mas é mais conhecido por Roger.

03 de abril de 2003 às 00:11
ROGER: UM CASO DE SUCESSO Foto: Direitos Reservados
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Nasceu em Moçambique e em 1974, junto com a família, rumou a terras sul-africanas. Influenciado pela carreira desportiva do pai, Roger enveredou pelo desporto, detendo mesmo um recorde curioso: em 1993, representou a selecção de futebol, futebol de salão e de basquetebol.

Actualmente com 38 anos, Roger conta nos 'Bafana Bafana' com cerca de 30 internacionalizações, onde mostrou todo o seu valor e carisma de 1993 a 1997. Com as cores do país ‘adoptivo’ acabou por trabalhar com Carlos Queiroz.

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À BEIRA DE SER CAMPEÃO

Começou a jogar futebol com 12 anos e, de lá para cá, nunca mais parou. Começou por representar a União Portuguesa e, mais tarde, aventurou-se nas equipa sul-africanas. Não se deu mal com a experiência e, mesmo em tempos de ‘apartheid’, superou as dificuldades.

Actualmente, Roger é um grande nome do desporto sul-africano, tendo o ano passado, no Wits, acumulado as funções de jogador e treinador. Este ano, a equipa ‘brilha’ no 1.º lugar e Roger, agora só como técnico, arrisca-se a ser campeão. “Vão ser cinco finais. Um dos jogos é frente ao FC Porto ou Benfica cá da África do Sul. Vai ser o último jogo e pode ser decisivo. Se tal acontecer e nós perdermos, certo é que estivemos lá e demos o nosso melhor”.

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O seu coração palpita pelo Sporting e, apesar de ainda ser novato nestas andanças de treinador, sonha rumar a Alvalade. “Preciso de experiência. Logo se vê. No futebol nunca se sabe o dia de amanhã”.

Roger comenta na televisão sul-africana os jogos da SuperLiga e da selecção lusa, tendo acompanhado o embate com o Brasil. “Fiz o relato com o Brasil. Foi um jogo combativo e gostei da exibição de Portugal”.

“A HISTÓRIA DE DECO TOCA-ME”

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‘Adoptado’ pela África do Sul, Roger acompanhou de perto toda a polémica relativa à naturalização de Deco. “A história dele toca-me de perto. Eu só queria que ele entrasse em campo e marcasse o golo da vitória. Acho que ninguém vai falar mais sobre o caso. Acima de tudo, o Deco tem de ser honesto com ele próprio. Na França há muitos estrangeiros, e o mesmo acontece na selecção portuguesa de basquetebol.

O caso de mais um português que, lá fora, é um verdadeiro campeão e promete não parar.

Para se perceber a dimensão do nome Roger de Sá no desporto sul-africano, basta dizer que é frequentemente convidado para programas de rádio e televisão. Quem não o vê na TV ou não o ouve na rádio, sempre pode comprar o livro ‘Roger de Sá - um homem de acção”. Escrito por Ernest Landheer, esta publicação é uma biografia. “Este livro foi publicado há pouco mais de meio ano. Tem sido bem aceite. É um livro com mais fotografias que o normal, mas penso que tem interesse. Retrata a minha vida. Fala de um rapaz que foi de Moçambique para a África do Sul, no tempo do 'apartheid', das mudanças no país durante este tempo todo. Fala da minha vida como futebolista, das viagens que fiz para certas áreas onde não podia entrar por causa da minha cor.

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UMA HISTÓRIA NA RÁDIO

A história aconteceu durante um programa desportivo da rádio ‘Metro’, a de maior impacto na África do Sul. Roger de Sá acabara de ser eleito o melhor treinador do mês de Fevereiro na Liga sul-africana e foi por isso o convidado especial do programa, uma espécie de ‘Bancada Central’ da TSF, em que os ouvintes têm possibilidade de intervir em directo. A dada altura, o jornalista que conduz o programa anuncia que vai entrar no ar um ouvinte e, para espanto de Roger, o ouvinte chamava-se... Carlos Queiroz. “Foi uma surpresa fantástica. Falamos quase todas as semanas ao telefone, mas naquela situação foi especial”, diz Roger. O antigo seleccionador da África do Sul confessou ao CM que se tratou de uma partida. “Foi tudo combinado para fazermos uma surpresa ao Roger e acabou por ser engraçado”, desvendou Queiroz.

QUEIROZ: “É UM MOÇO INQUIETO E PESQUISADOR”

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Carlos Queiroz e Roger de Sá trabalharam juntos entre 2000 e 2002 na selecção da África do Sul. Roger era então o treinador de guarda-redes dos ‘Bafana Bafana’ e desde essa altura ficou uma sólida amizade. “Falamos ao telefone todas as semanas”, contou Queiroz ao CM. Mas a relação entre os dois começara bem antes, em 1995, quando Roger era ainda jogador e esteve para ingressar no Sporting.

“Na fase final da sua carreira, o Roger, por ser português, foi uma hipótese que se colocou para poder vir para o Sporting na altura em que eu era treinador. Depois desse conhecimento mútuo falei muitas vezes com ele para recolher informações sobre jogadores africanos e quando cheguei à África do Sul trabalhámos juntos na selecção”, recorda o actual técnico adjunto de Sir Alex Ferguson, no Manchester United, acrescentando: “Foram dois anos extremamente gratificantes. Tivemos uma relação profissional fantástica que hoje se transformou numa sólida amizade”.

O ‘professor’ não se mostra surpreendido com o sucesso do jovem técnico português. “Dada a competência do Roger, não é para mim uma surpresa. Posso testemunhar a sua competência, dedicação e, sobretudo, a sua inquietude: é um moço pesquisador, inquieto e curioso relativamente às coisas do treino e da alta competição”, analisa Queiroz, realçando os escassos recursos do Wits face a adversários mais poderosos: “É uma equipa de uma universidade, com características muito próprias, com limitações orçamentais e com objectivos de formação, por isso não deixa de ser surpreendente o facto de estar a lutar pelo primeiro lugar”.

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Carlos Queiroz afirma que “já o ano passado, quando o Roger pegou na equipa, esta começou desde logo a apresentar um futebol muito consistente e organizado”, e aproveita para deixar uma mensagem para o treinador através do CM: “Desejo-lhe as maiores felicidades e que ele tenha aquela persistência, aquela tenacidade, que às vezes é preciso para levarmos a água ao nosso moinho”.

Nome:- Rogério de Sá

Naturalidade: Lourenço Marques (Moçambique)

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Data de Nascimento: 1/10/64 (38 anos)

1.ª internacionalização: 5/7/93

N.º internacionalizações: cerca de 30

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Clubes: União Portuguesa, Moroka Swallows, Sundowns e Wits

Títulos: Taça de África (96); duas Taças da África do Sul (89 e 91); eleito três vezes Guarda-redes do Ano (89, 91 e 93)

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