A edição de hoje
Se o momento já era delicado, Bruno Lage viu a equipa perder por 0-2 aos 20 minutos. Depois de bater no fundo, a águia levantou voo.
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Vitória sem Vitória. Bruno Lage estreia-se com um triunfo frente ao Rio Ave, num encontro em que até se viu a perder por 0-2 aos 20 minutos. Depois de bater no fundo, a águia levantou voo às costas de João Félix - que jogo! - e Seferovic. Dois golos cada um e os sorrisos de volta à Luz.
"O futuro é apenas treinar amanhã", diz Bruno Lage
Primeiras notas de Lage: desenho tático em 4x4x2, com o miúdo junto a ‘Sefe’, uma ideia ofensiva com poucas amarras, como a própria imagem - desprendida da gravata de Rui Vitória -, e muita pressão em zonas subidas. O início até prometeu, com dois movimentos dos alas a surgirem em zona de finalização. Sem sucesso.
O problema é que o tapete esticou à frente e deixou à vista um buraco para explorar na defensiva. E Daniel Ramos, outra estreia, tem homens de qualidade ao dispor - Gabrielzinho, Galeno e Carlos Vinícius estão acima da média e entram todos na jogada do 0-1, face à passividade encarnada.
Três minutos depois, segundo soco no já difícil momento benfiquista. Vinícius a trabalhar no meio de quatro (!) oponentes, bola na esquerda e cruzamento para o golo de Bruno Moreira. Todos culpados no veredicto do lance, Odysseas incluído.
Assobios no estádio. Era o bater no fundo. E daí, só havia um caminho. A reação teve muito de Félix e de Seferovic, com Pizzi nas costas. É o miúdo que inicia o lance com que começa o resgate do Benfica.
Após centro de Grimaldo, Félix abre as pernas e dá o túnel para Seferovic reacender a Luz, com classe. 1-2. Logo a seguir, arrancada do avançado suíço, que encontra o parceiro de 19 anos. 2-2. Aplausos no estádio. Águia a levantar antes do intervalo.
Do descanso, chegou uma toada diferente e, no mínimo, interessante. O Rio Ave pegou mais vezes na bola e trabalhou o ataque, causando calafrios logo em três momentos, por Galeno, Jambor e Bruno Moreira.
Desta feita, seria o Benfica a jogar no erro do adversário: uma recuperação de Seferovic deixou a bola no recém-entrado Zivkovic. O cruzamento encontra João Félix, menino cheio de garra e de golos, para a consumação da reviravolta.
O avançado suíço não quis ficar atrás e aproveitou um falhanço no ataque vila-condense, seguido de um contra-ataque exemplar, para atirar para o 4-2, a passe de Pizzi.
Agora sim, a Luz ficava acesa definitivamente para a vitória, com celebração até final, apesar de uns quantos sustos. Motivos para festejar, mas também muito para trabalhar.
"É um marco na minha carreira""Futuro? O presidente disse-me apenas que ia dar o treino e preparar o jogo com o Rio Ave. No dia seguinte o Rui Costa disse-me que a partir de agora era eu que mandava", revelou Bruno Lage, treinador que rendeu Rui Vitória no comando técnico da equipa do Benfica.
Questionado se é para continuar na função e até quando, respondeu: "Agora só estou preocupado em dar o treino de amanhã."
Sobre a partida afirmou: "É um marco na minha carreira, estrear-me na Liga, na Luz, com uma vitória e com exibição convincente. Mas o importante foi o que os jogadores fizeram e acima de tudo reconquistar o público. Mostraram os homens que são, só pensaram no Rio Ave."
Rui Vitória, antecessor no cargo, não foi esquecido por Bruno Lage. "Quero enviar um abraço ao mister Rui Vitória. Não podemos esquecer o trabalho aqui realizado ao longo de três anos e meio."
"Criámos muitas dificuldades. Foi a eficácia que fez a diferença"Daniel Ramos estreou-se no comando técnico do Rio Ave e, apesar da derrota, garante que tira conclusões muito positivas do jogo.
"Foi um grande jogo, emotivo, com oportunidades e com as duas equipas a jogar para ganhar. Nós viemos jogar para ganhar. Estou muito satisfeito com a exibição, mas não com o resultado. Podíamos ter feito um resultado melhor. Foi um jogo conseguido do ponto de vista ofensivo. Foi a eficácia que fez a diferença."
ANÁLISE
Lage fez a aposta na dupla
João Félix ao lado de Seferovic, no regresso ao 4x4x2. A dupla foi aposta ganha de Bruno Lage, com dois golos para cada um. Treinador interino muito aplaudido no final. Nota para o Rio Ave, um perigo constante. Galeno e Vinícius são acima da média.
A manta fica curta atrás
Fraco desempenho defensivo dos encarnados, um pouco disfarçado pela inépcia vila-condense na segunda parte e, consequentemente, pelo resultado. Muito para trabalhar, seja por Lage ou outro. Rio Ave também muito débil no setor recuado.
Erros disciplinares
Tecnicamente, sem grandes problemas (decidiu bem lances nas áreas), mas perdeu o controlo disciplinar ao evitar dar amarelos numa primeira fase. João Félix (chutou bola após fora de jogo inexistente) e Nadjack ainda arriscaram a expulsão.
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