"Benfica partiu para esse campeonato como 'outsider'", lembra o antigo jogador e técnico das águias.
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O 6-3 imposto pelo Benfica ao Sporting em 1994 faz com que este seja um dos "dérbis da história" e motivo de picardias, mas, para Toni, é mais importante conquistar o título de campeão de futebol.
A noite chuvosa de 14 de maio de 1994 ainda hoje é lembrada, enaltecida, contada repetidas vezes, em conversas de benfiquistas, ao que os rivais respondem com o peso dos 7-1 em 1986, em que os 'leões' afundaram o rival, também no Estádio José Alvalade.
Em ambos os casos, o Benfica terminou campeão, com João Vieira Pinto herói de um lado, e Manuel Fernandes do outro, mas o treinador vencedor dos '6-3' admite que, acima disso, estão os campeonatos que se conquistam e que não os trocaria por qualquer goleada num dérbi ou clássico.
"Para mim troco cinco, seis ou sete por ser campeão. Perdes 5-0 ou 6-0 ou 10-0 e és campeão, perdes 10-0 e que sejas campeão. Para a história dos clubes ficam os campeonatos, para a história dos clubes e até dos próprios jogadores", considerou Toni, em entrevista à Lusa.
Para o ex-jogador e treinador do Benfica, é importante reconhecer que o 7-1 de 1986, em que os 'leões' golearam o Benfica será sempre "um marco histórico", pelo peso que teve, mas que não hesitaria se tivesse que optar em ser campeão.
"Para o Manuel Fernandes, que marcou tantos golos, e é um dos símbolos maiores do Sporting, não se contabilizam os campeonatos, contabiliza-se que foi o herói daquele jogo [quatro golos], como o João Pinto foi o herói dos 6-3", justificou Toni.
Em ambos os casos, o Benfica conquistou o título nacional, mas os resultados nesses dois dérbis levaram Toni a revelar o entusiasmo que os mesmos provocaram no seu filho e no de Manuel Fernandes.
"O Manuel Fernandes ficou ligado a um resultado que marca também a histórias dos dérbis, que é os 7-1. O filho do Manuel [Fernandes], o Tiago, é mais ou menos da idade do meu, e naquela altura eram VHS, as cassetes. Quer o filho do Manuel Fernandes, como o meu, de tanto terem visto os vídeos, estes gastaram-se", contou.
"Benfica partiu para esse campeonato como 'outsider'"
"Vínhamos de um empate em casa com o Estrela da Amadora (1-1), as nuvens até estavam negras, o próprio dia estava cinzento, de muita chuva, e o Sporting tinha uma grande equipa. O Benfica, quando parte para esta época, parte quase como um 'outsider' (...). Se quisermos fazer uma analogia com a Fórmula 1, estávamos na terceira posição", lembrou Toni, então o treinador do Benfica, em entrevista à agência Lusa.
A cinco jornadas do final, as atenções estavam no dérbi com o rival de sempre, em jogo de importância capital para os dois emblemas, separados apenas por um ponto, e antes de uma visita dos 'encarnados' ao velho Estádio José Alvalade, em 14 de maio de 1994.
O capitão Jorge Cadete deu vantagem ao Sporting, aos oito minutos, João Vieira Pinto ripostou, aos 30, e Luís Figo voltou a colocar os 'leões' na frente. A vantagem do Sporting durou dois minutos: o 'menino de ouro' empatou e chegou depois ao 'hat-trick', concretizando a reviravolta antes do intervalo.
Na segunda parte, o 'bombardeiro' Isaías 'bisou', aos 48 e 57, e Hélder assinou o sexto, aos 74, antes de Balakov reduzir, na conversão de uma grande penalidade, aos 80.
O 6-3 final tornou-se num dos resultados mais evocados desde então nos argumentos e discussão entre adeptos dos dois clubes.
O triunfo coroou as 'águias', que se sagrariam campeãs três jornadas mais tarde, num período de rivalidade mais acesa do que nunca: a pré-época vira o Benfica 'afogado' em problemas de ordem financeira e o Sporting, com Sousa Cintra na presidência, tinha desferido dois golpes no rival, a quem foi 'tirar' Paulo Sousa e Pacheco, que alegaram justa causa para rescindirem.
"Foi muito desgastante para o Benfica, houve mudanças de direção, meses de salários em atraso, em que lhes dizia que o Benfica era um clube sério. (...) Ao ganhar esse jogo, eles sabiam, que tinham dado um passo de gigante para serem campeões", lembrou o ex-treinador dos 'encarnados'.
No lado oposto, Toni recorda nos 'leões' jogadores como Luís Figo, Balakov, Juskowiak, Paulo Sousa ou Pacheco, e mesmo "um FC Porto fortíssimo", com Vítor Baía, Fernando Couto, Timofte, Drulovic e Kostadinov, que faziam do Benfica o menos favorito dos três 'grandes'.
Para o técnico, com a vantagem de um ponto, o mais natural seria defender a ideia de que um empate poderia servir, mas a noite foi perfeita para os 'encarnados', de nota máxima, no que todos sabiam ser o jogo do título.
"Quase que podíamos jogar no X2, mantendo essa diferença de um ponto, estávamos a três, quatro jornadas, do fim, mas ganhando as portas do título ficavam escancaradas e foi isso que aconteceu", rematou.
A quatro jornadas do fim do campeonato, numa altura em que as vitórias valiam dois pontos, o Benfica passou a contar 49, mais três do que o Sporting, que ainda viria a ser ultrapassado pelo FC Porto.
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