Cruyff e o "King" Eusébio

Johan Cruyff e Eusébio tinham muito em comum: ambos são celebrados como mitos do futebol mundial, inspiraram gerações de novos jogadores e deixaram a sua marca no desporto, com fintas e habilidades que ainda hoje são imitadas por muitos. 

Os dois poucas vezes se cruzaram em campo, mas, quando tal aconteceu, fez-se história. Corria o ano de 1969 e a Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões) ocupava as atenções dos amantes da bola. Chegados à segunda eliminatória, eis que Ajax (equipa onde Cruyff jogava na altura) e Benfica (de Eusébio) se encontram pela primeira vez, em fevereiro.

Na primeira mão, coube à equipa portuguesa viajar até Amesterdão e o resultado final do jogo parecia um bom augúrio para os benfiquistas: a equipa venceu o Ajax por três bolas a uma, com golos de Santos, Torres e José Augusto. 

No entanto, uma semana depois, os papéis inverteram-se: a equipa holandesa veio até Lisboa e acabou por vencer... também por 3-1, com dois golos apontados precisamente por Cruyff. 

Perante este cenário, uma terceira partida teve de ser marcada, em março, na cidade de Paris, para decidir quem passaria à próxima fase. E o resultado final do jogo não faz jus ao que se passou em campo: a partida esteve empatada até ao último momento e o jogo teve de ir para prolongamento, altura em que Cruyff se transformou no carrasco da equipa portuguesa e marcou, logo ao minuto 93, o primeiro de três golos do Ajax.

Acabava assim o sonho benfiquista de seguir em frente, com Eusébio a ficar em branco nesta eliminatória contra o Ajax, apesar de ter sido titular nos três jogos. Os holandeses seguiram até à final da competição, que acabaram por perder com o Milan, por 4-1.

Cruyff lamenta morte de Eusébio

Abandonados os campos, ambos cruzaram-se em diversas ocasiões, participando em eventos desportivos internacionais. E as fotografias espelham a boa relação entre ambos: em 1992, Cruyff e Eusébio estiveram presentes no aniversário do jornal "A Bola" e foram fotografados juntos, coisa que voltou a acontecer em 2010, em Camp Nou, quando Cruyff se tornou presidente honorário do Barcelona. Já em 2013, juntaram-se novamente para ver a final da Liga Europa em Amesterdão, disputada entre Benfica e Chelsea. 

Quando Eusébio faleceu, Cruyff não deixou de lamentar a morte do amigo. No Facebook, garantiu que o mundo perdera "um homem bondoso". "Temos todos tantas memórias maravilhosas dele... Espero que ele descanse em paz", disse.