Pinto da Costa: provocador nos amores e no desporto
Teve cinco mulheres (casou com quatro) e dois filhos. Saía até às 04h00. Mas às 09h00 estava na Torre das Antas.
O quarto filho, entre seis (apenas Maria Eduarda de 84 anos está viva), do comerciante José e de Maria Elisa - tetraneta de um nobre - nasceu a 28 de dezembro de 1937 na Cedofeita, Porto. Teve Inglês e Francês na primária e aos 10 anos foi para um colégio jesuíta em Santo Tirso - de onde foi expulso -, e ainda passou por Lamego. Deixou os estudos e a ideia de ser advogado e empregou-se pela primeira vez aos 19 anos, no extinto Banco Português do Atlântico. Antes de se dedicar ao dirigismo, vendeu tintas, resinas e eletrodomésticos.
Em 1964 casou pela primeira vez, com Manuela, com quem teve o filho, Alexandre, também ligado ao futebol. A união desfez-se e em 1985 teve, com Filomena, a filha Joana (e a sua descendência ficou por aqui). Mas só em 1997 se divorciou de Manuela e casou, no ano seguinte, pela primeira vez, com Filomena - de quem se divorciou em 2002 para voltar a casar em 2007 até 2012 (pelo meio a relação assumida, sem casamento, com Carolina Salgado, que conheceu na boate ‘Calor da Noite’ e acabou a mal com um livro de revelações da ex-‘bailarina’). Nesse 2012 casou no Brasil com Fernanda, 50 anos mais nova, de quem se divorciou em 2016. A colorida vida amorosa coincidia com as saídas até às 04h00, o que não o impedia de às 09h00 já estar a trabalhar na Torre das Antas. E teve novo élan em 2017, com Cláudia, bancária onde Pinto da Costa tinha as suas contas. Só casaram em 2023. Estavam ainda juntos.
Uma vida sentimental que espelha um homem provocador e que correu sempre paralela, sem conseguir ofuscar, ao dirigente desportivo estratega, calculista, e que, dele se diz, não olhava a meios para atingir os seus fins - e que tinha o condestável Nuno Álvares Pereira como figura histórica de eleição e se foi zangando com os presidentes da câmara que o enfrentaram (Rui Rio à cabeça) e, até, com jogadores e antigos amigos. Quem o idolatra diz ser um presidente irrepetível. Quem o odeia (quase todos os que não vestem de azul e branco) recorda o ‘Apito Dourado’, a ‘fruta para dormir’ ou o ‘café com leite’: que é como quem diz, a falada compra de árbitros e de prostitutas para os mesmos. E a fuga para Vigo, os ataques a jornalistas, a ‘Aveiro Connection’, o guarda Abel, os Calheiros, o Túnel da Luz e outros casos na justiça, para os quais sempre foi com os seus guarda-costas Super Dragões. Os rivais viscerais lançavam foguetes quando teve sustos com cirurgias ao coração e à vesícula - nada que tenha travado a ‘fina ironia’ do homem que viu o primeiro jogo ao vivo (FC Porto vs Sp. Braga), na Constituição, aos 8 anos, e foi feito sócio no seu 16.º aniversário, uma oferta da avó materna.
Estreou-se como dirigente aos 20 anos, no hóquei do FC Porto. Chegou ao boxe, onde conheceu o amigo de uma vida Reinaldo Teles (falecido em 2020) e só em 1976, após um hiato, alcançou o futebol - e logo em 1977/78 quebra um jejum de 19 anos sem um campeonato. Em 1982 liderou uma fação contra o então presidente Américo de Sá e venceu as eleições com 95% dos votos. Foi reeleito nove vezes. Só a 27 de abril de 2024 perdeu: teve 19,52% dos votos frente a Villas-Boas (que escreveu não querer no funeral, ao contrário de Fernando e Sandra Madureira).
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