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Futebol gelado congela euforia

João Mário ausente, João Moutinho distante e Ronaldo sem luz.

15 de junho de 2016 às 01:45

Se Portugal precisa de um banho gelado para refazer os níveis de humildade, é bom que os jogadores fiquem submersos neste empate até ao próximo sábado.

Desde o primeiro minuto, os islandeses lutam por cada bola como se todo o futuro ficasse suspenso de mais aquele ressalto. No lado português, João Mário é o elo mais fraco num péssimo momento da sua relação com a bola. Moutinho está a léguas do grande médio que certamente ainda pode ser. Os dois laterais atacam bem, mas Vieirinha é um desastre a defender, com danos irreversíveis para Portugal, como adiante se verá.

Nas bancadas, os portugueses vão-se calando (que raio de Nação somos nós, incapazes de criar gritos ou melodias coletivas. Se nada mais nos une, então, ao menos, cantemos o hino nacional). A partir dos 15 minutos, os islandeses mandam no ambiente do estádio, com ritmos que lembram vigorosas remadas de barco viking na ânsia de conquista.

Na relva, Portugal continua a dominar e pode marcar por quatro vezes, entre os 18 e os 26’. Mas o golo não chega.

Vai acontecer aos 31’, numa excelente jogada pela direita, entre Vieirinha e André Gomes, com o centro de André Gomes – rasteiro, como os centros devem ser perante defesas daquele tipo – a encontrar Nani para um toque subtil, que visa com êxito o ângulo fechado do guarda-redes. Aos 35’, o capitão da Islândia, Gunnarsson, carrega Nani, para amarelo, mas o árbitro vai poupá-lo até final do jogo.

No segundo tempo, Portugal aparece ainda menos convincente, os islandeses continuam a ecoar nas bancadas e, na relva, vão chegar ao golo aos 50’. Falta de apoio ao excelente Raphael Guerreiro, na esquerda, acaba num centro, que Vieirinha não consegue cortar, por deficiente posicionamento. Bjarnason agradece o bónus com um toque seco para o empate. Portugal perde ainda mais o norte. E só aos 70 minutos Fernando Santos mexe. Sai Moutinho, entra Sanches.

Só aos 76’, Quaresma ganha direito a entrar num jogo que já ameaçava empate. Uma entrada tardia da única esperança no banco. O jogo acaba com o desinspirado Ronaldo a marcar dois livres diretos e, desesperado, a pedir penálti após a última bomba que acerta na barreira.

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Árbitro - Um turco à inglesa

O árbitro teve exibição segura com uma única dúvida: não terá deixado jogar demasiado no limite os duros islandeses? A seu favor, tem o facto de ter usado idêntico critério para os poucos duros da seleção portuguesa.

Mais - Raphael guerreiro merece defesa

Os melhores sinais vieram da esquerda da defesa, onde Raphael Guerreiro se mostra um maravilhoso canhoto, numa dinâmica ofensiva que promete encantar Portugal nos próximos encontros. Com um craque destes, talvez devesse haver na direita alguém que defenda bem.

Menos - Quaresma à queima e discurso onírico

O discurso positivo de Fernando Santos e as derivas oníricas de Marcelo e António Costa põem a Seleção a jogar acima do solo. Só o excesso de confiança pode justificar este empate. E nada pode justificar que Quaresma comece no banco, para depois entrar à queima, a 14’ do fim.

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