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Do engano na escolha de Rui Costa à não candidatura à presidência: tudo o que disse Vieira sobre a crise no Benfica

Ex-presidente do Benfica afirmou que Bruno Lage não foi a primeira escolha de Rui Costa e que João Neves não queria sair do clube.

12 de setembro de 2024 às 21:00
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Do engano na escolha de Rui Costa à não candidatura à presidência: Tudo o que disse Vieira sobre a crise no Benfica

O ex-presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, admitiu esta quinta-feira, em entrevista à CMTV, que não vai avançar com uma candidatura à presidência do clube nas próximas eleições. Emocionado, diz ter sido perseguido. "Destruíram muito a minha família. Destruíram a minha família, filhos, netos... para mim é imperdoável. Há homens que não sabem no lugar onde estão e que não merecem lá estar. Tenho que proteger os meus. Estragaram a vida, perseguiram-nos... sabem o que é um neto perguntar-nos se roubámos o Benfica?"

"Eu acho que é indecente se alguém anda a preparar eleições. Rui Costa foi legitimado para ser presidente do Benfica até 2025. Eu vim aqui de boa fé. Aquilo que hoje disse aqui.. talvez tenha que ser melhor aconselhado por Nuno Costa, que até chamam vice-presidente dentro do Benfica. A força que ele tem no Benfica? Alguma vez eu lhe passava o telefone para ele responder a mensagens? O que é isto? Sou benfiquista e quero ajudar o clube a resolver problemas graves."

"Nem sei quantas mensagens já recebi a pedirem para avançar. As pessoas devem saber que eu sofri e que estou muito magoado. Quem me conhece e que trabalhava comigo... voltando ao presidente. Não sei se aprendeu alguma coisa, mas era o primeiro que tinha que dar o passo. 'Nunca' é uma palavra que nunca se diz. Se houvesse algo tinha que haver uma conversa muito profunda. Estou disponível para ajudar o Benfica em determinadas discussões, em ideias, contributos. Tudo o que fiz partiu muita coisa da minha cabeça. No início quem estruturou e resolveu fui eu. Isso sei fazer", concluiu.

Benfica em crise

O antigo presidente afirma que o Benfica está em crise desportiva e financeira desde que Domingos Soares de Oliveira saiu do clube. 

Luís Filipe Vieira admite ter ficado surpreendido, pela negativa, pela gestão desportiva de Rui Costa. "Peço desculpa aos benfiquistas naquilo que aconselhei", referiu, no decorrer da entrevista, por ter sugerido Rui Costa para ser seu sucessor na presidência do clube.

"Sabia que o Rui poderia ter dificuldades em gestão e por isso disse-lhe que não poderia mexer nos quadros do Benfica. Agora surpreende-me a forma como geriu a parte desportiva. Talvez a muleta do Viera faça a falta", destacou.

Sobre a relação entre o atual presidente do Benfica e Rui Pedro Braz, Vieira diz nunca ter chamado um diretor desportivo de 'mano'.

"Hoje já se viu que o Rui Costa não é líder. É natural que não exista capacidade de liderança. A experiência empresarial leva a isso. Ele se quer continuar a liderar o Benfica tem de mudar de posição dentro do Benfica. Não pode permitir que o tratem por Rui. Nunca me permiti que me tratassem por tu. Nunca chamei um diretor desportivo por 'mano'. Sei quem ouviu isso. Ele é presidente da maior instituição do País não pode permitir que o tratem por Rui e não pode tratar pessoas, mais ligadas a ele, por 'mano' aqui ou 'mano' ali. Nomeadamente o Rui Pedro Braz. Foi um erro contratar Rui Pedro Braz? As pessoas podem enganar-se. Se eu estivesse no Benfica, ele não tinha a liberdade que tem, nem passava tanto tempo nos aeroportos e aviões. Coloquei-o lá dentro e passados poucos dias vendeu um jogador sem minha autorização. Avisei-o que se o fizesse de novo tinha as malas feitas."

Luís Filipe Vieira afirma que Rui Costa não tem a sua "pedalada": 

Bruno Lage não foi a primeira opção para novo treinador do Benfica

No decorrer da entrevista à CMTV, Vieira diz ter aprendido a lição sobre treinadores e pressão. "Aprendi uma lição. Geri pressionado. Nunca mais... a escolher um treinador escolhei quem eu quis. Eu trabalhei com o Jesus durante 6 anos. Contra a vontade todos, ele ficou. Não há lá uma pessoa que diga o contrário. O Rui Costa? Foi o primeiro. Chegámos às finais, era sinal que havia muito trabalho. Não vou desfazer uma equipa. Quando o Rui Vitória veio para o Benfica já estava escolhido há um ano. Disse-lhe que no dia que Jorge Jesus fosse embora ele podia treinar o Benfica"

"Nunca impus um treinador. Se fosse assim o Rúben Amorim era nosso treinador. O Bruno Lage, na primeira divisão, devia ser o mais caro do futebol português. Quando chegámos a acordo com o Vitória, passado uma hora liguei para o Lage e disse-lhe que ia treinar o Benfica."

Questionado sobre Roger Schmidt, o ex-presidente do Benfica realça o "grande trabalho" em ter lançado João Neves e António Silva. No entanto, refere que na segunda época o ex-treinador das águias "excedeu-se quando destratou a massa associativa do Benfica".

Sobre o regresso de Bruno Lage, Vieira garante que o treinador não foi a primeira opção para suceder ao alemão. "Bruno Lage? Entra num período muito difícil do Benfica. Se foi a primeira opção, à noite era comunicado que o treinador era o Bruno Lage. De certeza que Bruno Lage não foi a primeira opção de Rui Costa. Basta ver as notícias dos jornais. Se fosse a primeira opção, tinham apresentado o novo treinador logo no dia seguinte. O treinador Bruno Lage, quando o pus no Benfica, foi com uma convicção e fomos campeões. O Bruno Lage é um treinador de grande trabalho e qualidade".

"Não conseguimos ser campeões se não estivermos juntos. O Rui Costa tem que estar perto do Bruno Lage. Tem que estar nos treinos, com ele. Se virmos a apresentação do Bruno Lage até dá a ideia que não acreditam. Faltou convicção. Tem que se atravessar."

João Neves "não queria sair do Benfica"

Para o antigo presidente do Benfica, João Neves nunca teria saído do Benfica caso ainda estivesse à frente do clube. Em entrevista ao canal do Correio da Manhã, Vieira afirmou que o jogador não queria sair do Benfica. "Era um jogador fabuloso, como nunca tinha visto. Ele provava isso dentro do campo. Desta raça nunca tinha visto. O Rúben Dias igual. Não conseguimos ser apurados para a Liga dos Campeões e tivemos que vendê-lo. Sobre o João Neves, aquilo que me contaram foi que lhe ofereceram um ordenado que não chega a nada. Posso assegurar que ele não queria sair do Benfica. Se estivesse a ganhar 2 milhões de euros ou 2,5 milhões de euros mais anos ele ficava. O que ele significava... não fizemos o que devíamos fazer para ele ficar. O Benfica não tinha tesouraria, tenho a certeza que foi isso. Mais valia terem vendido três ou quatro monos que andam lá".

Para Luís Filipe Vieira, a época foi muito mal planeada. "Nunca tivemos uma pré-época destas. Sai um brasileiro que era um craque porque era uma oportunidade de negócio. David Neres foi uma grande perda para o Benfica. João Mário? Foi muito importante no primeiro título. Nunca vou perceber como é que ninguém fala com um jogador seriamente quando é assobiado. Acho que tinha qualidade suficiente."

Gyokeres esteve a um passo da luz

Em entrevista à CMTV, o antigo presidente do clube da Luz falou sobre a associação de Gyökeres ao Benfica. "Quando o Jesus voltou ao Benfica, ele queria o Cabreras. Tinha um relatório do Cabreras a dizer que não aconselhavam a comprar. O Jorge foi ver e não houve problema nenhum. Se lhe disser que o Jurásek tem no relatório 'não comprar' e alguém disse que tinha que dar este jogador ao treinador. Quem disse foi o presidente, acompanhado pelo Rui Pedro Braz. O Gyökeres estava identificado e disseram 'nem pensar comprar um jogador da segunda divisão'. Preferiram comprar o Schjelderup e o Tengstedt. Gastaram 30 milhões de euros nisto, mais caro do que o Gyökeres."

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