Quem foi o autor moral dos atentados? É a resposta que se procura.
A esta distância dos atentados de Paris, é já possível fazer alguma análise sobre o que aconteceu. Pondo de parte a procura de razões explicativas sobre o terrorismo ou o desempenho dos serviços secretos, tentarei analisar a operação terrorista. Logo a seguir à tragédia, parecia existir uma certa unanimidade sobre a qualidade do planeamento e da execução da operação. Os terroristas estariam altamente treinados e muito bem coordenados. Mas terá sido assim?
Relativamente ao planeamento operacional, não tenho dúvidas sobre a sua alta qualidade. Era um plano muito preciso e ambicioso. Um comando suicida deveria fazer-se explodir no interior do Estádio de França, causando um elevado número de vítimas. Um segundo comando irromperia pela sala de espetáculos Bataclan, onde estariam cerca de mil pessoas a ouvir uma banda rock americana. O objetivo era fazer o máximo de vítimas possível e fazer-se explodir a seguir, ou esperar pela polícia para fazer mais vítimas. Por último, um outro comando operaria nas ruas perto do Bataclan, disparando indiscriminadamente onde houvesse um aglomerado de pessoas.
O Estádio de França, lembre-se, fica situado no norte de Paris, e o Bataclan no sul, o que obrigaria a uma divisão das forças de segurança. A existência de um grupo móvel, a atacar em diversos locais, pretendia retirar à polícia tempo para se organizar e responder. E foi isso que aconteceu. Mas frise-se que essa incapacidade inicial da polícia não merece nenhuma crítica. Qualquer força policial, naquela situação, teria as mesmas dificuldades.
Mas se o planeamento operacional foi um êxito, a execução pareceu-me medíocre. No plano original, três suicidas com coletes armadilhados deveriam fazer-se explodir no Estádio de França. Um tentou entrar, mas o segurança quis revistá-lo, o que o fez recuar. Acabou por se fazer explodir, junto à porta D e matou um taxista português. Poucos minutos depois, um outro suicida fez-se explodir, entre as portas B e C. Vinte minutos depois, outro suicida fez-se explodir junto a um restaurante perto do estádio. O comando cumpriu miseravelmente a missão: os danos materiais foram diminutos e fizeram uma vítima.
MASSACRE EM CONCERTO
No Bataclan, três terroristas, munidos de pistolas metralhadoras AK47 e envergando cintos de explosivos, atiraram a matar durante um concerto rock. Passado algum tempo de terem feito reféns todos os espetadores, e depois de terem assassinado alguns deles, viram-se cercados. Quando a polícia entrou no Bataclan, um dos terroristas fez-se explodir e os outros dois fugiram para um dos pisos superiores, ficando encurralados. Um dos terroristas fez-se explodir, enquanto o outro foi abatido pela polícia. Morreram os três terroristas, tendo feito 90 mortos. Uma autêntica carnificina. Mas, se pensarmos que estavam mil pessoas na sala, percebe-se que o objetivo seria tirar a vida a todos. Também aqui, o plano falhou.
O grupo que semeou o pânico pelas ruas de Paris foi o que melhor cumpriu o plano. O comando era composto
por três elementos: Salah Abdeslam, o seu irmão Ibrahim Abdeslam e Abdelhamid Abaaoud. Seguiam num carro alugado e fizeram a primeira paragem nos restaurantes Le Carrillon e Le Petit Cambodje. Abdelhamid Abaaoud terá ficado ao volante, enquanto os irmãos Abdeslam se dirigiram aos restaurantes. Mataram 15 pessoas. Dali seguiram para os restaurantes Casa Nostra e La Bonne Bière onde mataram cinco pessoas. Continuaram em direção ao La Belle Équipe, onde tiraram a vida a 19 pessoas. Por fim, cerca das 21h40, foram ao Le Comptoir Voltaire. Apenas Ibrahim Abdeslam saiu do carro, para se fazer explodir, causando um ferido grave. Os outros dois terroristas fugira: Abdelhamid Abaaoud entrou numa estação de metro, enquanto Salah Abdeslam regressou a Bruxelas, numa viatura com outros dois indivíduos, já detidos.
Aparentemente, toda a operação seria um ataque suicida, até porque não havia plano de fuga. Mas e de forma inexplicável, os dois terroristas mais importantes, Salah Abdeslam e Abdelhamid Abaaoud, resolveram não acabar com a vida, ao contrário de todos os seus companheiros. Será que o mentor destes atentados terá sido algum destes indivíduos? Muitos são aqueles que não acreditam nessa hipótese. Da análise que se faz ao perfil de cada um dos terroristas, nenhum deles parece ser um estratega. Têm passado na área dos roubos, mas não têm a inteligência para organizar uma operação desta envergadura. Quem foi o autor moral dos atentados? É a resposta que as autoridades francesas procuram desesperadamente.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.