Atriz alemã da série ‘Smallville’ recrutava escravas para culto que começou em 1998.
                                    O que têm em comum uma atriz de Hollywood, a neta de uma princesa da Jugoslávia, a herdeira de um dos maiores impérios de bebidas do mundo e o filho de um ex-presidente do México? A pergunta em causa poderia figurar num quiz de um concurso televisivo, e a resposta certa, embora inesperada, é que todos fizeram parte de uma (mesma) seita que usava mulheres como escravas sexuais e as marcava como gado.
A NXIVM (pronuncia-se nexium) teve o seu início em 1998, no estado norte-americano de Nova Iorque, como um grupo de autoajuda comandado por Keith Raniere, de 57 anos, e apresentava-se como uma "comunidade guiada por princípios humanitários" que procurava "responder a importantes questões sobre o sentido de ser humano".
Os participantes pagavam milhares de dólares para aderir e adquirir um manual que combinava a filosofia da escritora Ayn Rand com psicologia. Uma vez dentro do culto, e depois de assinarem um contrato de confidencialidade, os membros eram convencidos pela cúpula dirigente a investir mais dinheiro em aulas adicionais.
Mas o lado verdadeiramente obscuro da organização, que começou a ser desvendado em março do ano passado, era uma irmandade secreta chamada DOS (‘Dominus Obsequious Sororium’ – que significa Mestre das Irmãs Escravas e que foi criada em 2015).
De acordo com o relatório do FBI, as vítimas – foram mais de 50 – eram obrigadas a realizar tarefas domésticas para os mestres, figuras poderosas de Hollywood, e a ter relações sexuais com Keith Raniere, que tinha um sistema de rodízio sexual com outros membros da irmandade.
Cada membro contava com quinze a vinte escravas sexuais que, além de estarem proibidas de discutir o relacionamento que mantinham, eram obrigadas a seguir uma dieta extrema (apenas ingeriam 500 a 800 calorias diárias em vez de 2000, como é normal) para permanecerem magras.
A número dois
Durante dez temporadas, a atriz alemã Allison Mack foi ‘Chloe Sullivan’ – a jornalista independente e cheia de princípios éticos da popular série ‘Smallville’ – mas a ficção a que deu corpo em nada se compara à realidade agora revelada. Na seita o papel de Mack, de 36 anos, era recrutar outras mulheres – aliás, a única forma de subir na hierarquia era através do recrutamento de outras mulheres que, tal como elas, teriam de estar disponíveis para se sujeitarem às vontades sexuais dos homens.
Caso não conseguissem recrutar eram espancadas com pás, obrigadas a beber em poças de água e sofriam privação do sono. Às suas seguidoras mais fiéis, o guru prometia que seriam recebidas nos círculos mais exclusivos dos EUA, em troca de renunciarem às suas carreiras, amigos e família.
Allison terá tentado atrair para o grupo a atriz Emma Watson (conhecida pelos filmes de ‘Harry Potter’). "Sou atriz como tu e estou envolvida num movimento maravilhoso de mulheres que acho que vais gostar. Adoraria conversar contigo, se estiveres aberta a isso", escreveu a alemã a Emma através do Twitter, em janeiro e fevereiro de 2016, mas não terá tido resposta.
As mulheres selecionadas passavam por um ritual de iniciação: eram marcadas com uma caneta que cauterizava as iniciais de Raniere e de Mack no ventre. Durante a ‘cerimónia’, Allison Mack colocava as mãos sobre o peito das vítimas e dizia: "Sinta a dor" e "Pense no seu mestre".
As novatas eram ainda obrigadas a fornecer informações paralelas que poderiam comprometer amigos ou familiares, como fotos de nus e dados bancários ou financeiros para que a seita se apoderasse dos seus recursos. Nuas, as mulheres faziam um voto de fidelidade a Raniere e expunham-se em frente a uma câmara - imagens eram guardadas para as chantagear caso ameaçassem sair da organização.
"Eu fui queimada e foi tudo filmado. Chorei o tempo todo, estava ferida e humilhada", confessou a atriz Sarah Edmonson ao ‘The New York Times’. Foi obrigada a dizer "mestre, marque-me por favor, é uma honra", antes de ser queimada no ventre. "Elas gritavam como porcos", contou.
Allison Mack, que arrisca pena entre 15 anos e prisão perpétua, aguarda julgamento com pulseira eletrónica depois de ter pagado uma fiança de 4500 euros, preço dos ‘workshops’ que a seita cobrou às 16 mil pessoas que se inscreveram na comunidade que a Justiça norte-americana classificou como "desconcertante".
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