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Alugam-se namoradas na Internet

Start-up brasileira chegou a Portugal e faz ciúmes online com pessoas verdadeiras.

11 de janeiro de 2014 às 10:56

Ivo Miranda tem 28 anos e uma licenciatura em Engenharia Civil que nunca exerceu. Trocou o canudo do Instituto Superior Técnico por um negócio de aluguer de namoradas ‘falsas’ que nasceu no Brasil há um ano, mas que ele trouxe para Portugal, em jeito de franchising, no final de 2013. O negócio dá pelo nome de Namoro Fake (Namoro Falso) e arranja, a troco de pagamento real, mulheres que aceitem ser namoradas virtuais no Facebook. A empresa está também na China, Japão e Estados Unidos.

Em pouco mais de um mês, o site já tinha 300 clientes registados em Portugal. Mas há namoradas e namoradas e quanto maior o investimento na ‘relação’ mais caro fica este contrato. Os preços vão de  5 euros (por um flirt de três dias, com direito a apenas três comentários na rede social) a  45 euros, no plano Namorada Top (para uma mulher ou homem  com uma beleza acima do padrão postar cinco comentários durante cinco dias na página do Facebook do ‘cliente’). Pelo meio há outras variações – sendo que a mais popular (e quase tão cara como a da Namorada Top) é a que implica uma mudança de estado para ‘numa relação com...’, para que não restem dúvidas do envolvimento. Há ainda o pacote ‘Ex-namorada’ para clientes que querem mostrar ao ‘mundo’ que são tão bons, mas tão bons, que há uma certa pessoa que não só ainda não os esqueceu como anda sempre atrás de outra oportunidade.

Pessoas reais

As namoradas são pessoas reais – o que é fictício é o romance. As candidatas são ‘escrutinadas’ ao pormenor para perceber se  estão aptas a desempenhar a ‘função’. “Têm de ter um perfil verdadeiro – que não tenha sido criado recentemente – no Facebook, várias fotografias em que se  veja bem o rosto. Os outros critérios são secretos, mas fazemos alguns checks de rotina para garantir que a pessoa existe. Quanto à idade, não é impedimento, embora sejam pessoas mais novas que se candidatam, até porque são elas que precisam mais de dinheiro, muitas são estudantes”, explica Ivo, que neste momento tem mais clientes registados no site do que potenciais namoradas para eles. “Estamos a contratar à comissão. As nossas namoradas recebem 50% do valor que o cliente paga.”

Depois do pagamento, a pessoa que pediu o serviço pode então escolher entre vários perfis disponíveis (uma espécie de menu à la carte) e escrever no site do Namoro Fake as frases que a namorada virtual vai escrever na sua página do Facebook. A fase seguinte é o pedido de amizade – para que fiquem no mesmo círculo de amigos; pedido que “deve ser desfeito assim que a relação fictícia terminar. As ‘namoradas’ beneficiam se respeitarem este sistema, porque quanto mais ‘clientes’ atenderem melhor reputação vão ter e mais dinheiro vão ganhar”.

Flávio Estevam assina por baixo. O fundador do site no Brasil – e da ideia – nunca imaginou a repercussão que este ia ter. “Temos mais de 12 mil clientes no Brasil, sendo que alguns são portugueses que se inscreveram antes do serviço existir em Portugal, e  350 atendentes de aluguer. A principal razão que leva as pessoas a pagarem este serviço passa por aumentar o ego, por mostrar aos amigos que se está bem acompanhado ou que há alguém interessado; mas também por fazer ciúmes: uma relação terminou e o nosso cliente quer chamar a atenção da ex-namorada e mostrar como recuperou tão bem do fim do namoro. Por outro lado, o nosso site é muito usado por homossexuais que alugam namoradas para despistar os amigos e a família”, contou à Domingo, pelo telefone.

Uma das regras é que os comentários que as namoradas escrevem a pedido dos clientes “não envolvam terceiras pessoas, falem apenas dos dois”.  Por norma, faz-se alusão a um encontro, trocam-se elogios, escrevem-se declarações piegas. Para evitar que se contrate uma namorada que por um acaso da internet faça parte do círculo de amigos de algum amigo do cliente, o sistema do Namoro Fake despista as possíveis ramificações e só seleciona perfis que não levantem suspeitas, diz Flávio Estevam. “Gostaria de dizer que estou convencido de que vocês caíram do céu. Só foi preciso dois posts da ‘namorada top’ para a minha ‘ex’ ficar morta de ciúmes e pedir para voltar!, escreveu um utilizador. Dois posts e 45 euros.

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