A edição de hoje
Artigo exclusivo
Mudanças esbarram na tradição e polarizaram os sauditas entre jovens que apoiam a ocidentalização da sociedade e clérigos radicais que acham que o futuro do reino está comprometido.
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Mal entra no Toyota Camry branco, que as poeiras do deserto transformaram em castanho manchado, Abdullah Suwailem conecta o Spotify ao automóvel e vai direto a ‘Ween El-Kalam’, um clássico dos Hayajan. Os decibéis prejudicam a comunicação, mas Abdullah explica que a banda saudita, cuja formação inclui jordanos, decidiu sediar-se em Amã e que é das mais populares em Riade apesar de não lançar nada novo há uns anos. "Já não conseguia viver sem isto", diz o enfermeiro de 31 anos. Em junho de 2023, o mês em que o CM esteve no país dos milhões de dólares que atraiu Cristiano Ronaldo, Abdullah pôde escutar Hayajan em altos berros e o mesmo se aplicará a outras bandas, incluindo até as ‘infiéis’ ocidentais, sem correr o risco de ser chicoteado ou pior. Antes das recentes reformas introduzidas pelo príncipe Mohammad bin Salman, o mais certo era Abdullah tropeçar em algum agente da "Comissão para a Proteção da Virtude e Prevenção do Vício". Nome pomposo para a sinistra polícia religiosa encarregada do cumprimento da ‘sharia’, sistema de conduta social e controlo jurídico baseado nos princípios mais radicais do Corão.
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