‘House of Cards’ É exemplar nos diálogos e nas interpretações de Kevin Spacey e Robin Wright, o casal disposto a tudo para manter o poder na américa de hoje
Entre as muitas tiradas tipo lâmina de bisturi, há uma que marca ‘House of Cards’: "Tudo é sobre sexo. Exceto sexo. Sexo é sobre poder". A série vive de uma conceção pessimista da natureza humana, próxima de encarar os políticos como canibais dispostos a tudo para chegar ao topo da cadeia alimentar. Esse apetite pelo sangue é bem encarnado pelas duas personagens centrais: Frank e Claire Underwood. Ou melhor, pelas três personagens centrais: Frank, Claire e o respetivo casamento. Ele é um soberbo manipulador sem escrúpulos, o anti-herói acabado que fornece, em carne e osso, amplo exemplo das teorias políticas de Hobbes, Maquiavel ou Confúcio. Ela é uma dama de gelo macbethiana. Rei e Rainha dominam o tabuleiro. Há quem diga que o seu laço conjugal se inspira na poderosa dupla Bill e Hillary Clinton, um casal público desde 1976. Sim, Frank tem origens mais humildes, tal como o ex-presidente dos EUA, enquanto Claire é oriunda de um meio mais privilegiado, como a atual candidata à Casa Branca. E sim, os Clinton são também um casamento pessoal, profissional e político que junta e une duas pessoas numa relação amorosa e sexual mas também na sua ambição. Seja como for, a verdade é que o singular matrimónio de Frank e Claire é comparável a uniões mais antigas, a outros casais de poder históricos: Cleópatra e Marco António, Henrique VIII e Ana Bolena, Evita e Juan Péron. E sim, a todos esses casamentos aplica- -se a máxima: "Tudo é sobre sexo. Exceto sexo. Sexo é sobre poder".
O sucesso de ‘House of Cards’ residirá no facto de ser uma série muito bem escrita, com alguns diálogos extraordi- nários (bem como os monólogos que Frank, procurando também manipular o próprio espectador, mantém dire-tamente com a câmara) e bem interpretada. Mas o seu êxito mora, igualmente, no ajuste perfeito que faz com a era pós-esperança, pós-Obama. Ou seja, com o seu ouvido apurado para os aspetos corruptos da política, cen-trando-se em go- vernantes moralmente falidos e mais oportunistas que fungos, ‘House of Cards’ traça um retrato de como a política pode ser e não como nós gostaríamos que ela fosse. Ou seja, vem ao encontro de um sentimento generalizado, desencantado, mas também mais exigente, de que a política facilmente alberga tubarões famintos e ganâncias pessoais, sendo que compete ao comum cidadão ter uma visão desapaixonada mas também mais crítica e menos tolerante dos agentes políticos e suas escolhas. Talvez há uns anos este retrato do centro do poder fosse visto como um exagero, uma exceção feita regra, uma caricatura. Hoje é sentido por muitos como o correr da cortina e o levantar do véu, como a revelação de como a política realmente é. ‘House of Cards’ é entretenimento, do bom, mas é experimentado por muitos quase como um serviço público, a manifestação e expressão de um universo que o jornalismo não pode provar mas que a ficção demonstra à saciedade. Dizia o poeta americano Ralph Waldo Emerson que a ficção revela verdades que a realidade obscurece. Nem mais.
Exibição: TVSeries
filme
‘O Filho de Saul’
O holocausto é um tema inesgotável, mas este pode ser um dos melhores filmes alguma vez realizado sobre este tema. Para o público, é o enésimo sobre o massacre.
Para o realizador, é a primeira obra. Vale a pena ficar de olho.
Intérpretes Géza Röhrig
Levente Molnár, Urs Rechn,
Sándor Zsótér, Christian Harting
género drama
exibição cinemas
filme
‘O Quarto’
História, inspirada no ‘best-seller’ de Emma Donoghue e, infelizmente, em casos reais, de uma mãe raptada e violada que cria o filho dessa relação trancada num quarto durante sete anos. O mais doloroso é sentir como a liberdade é, depois da prisão, tão ou mais aterradora do que o encarceramento.
realizador Lenny Abrahamson
intérpretes Brie Larson (óscar melhor atriz 2016)
género drama
exibição cinemas
Filme
‘Assalto a Londres’
Se quer assistir a bom entretenimento com um elenco de primeira, tipo boa série B com elenco triplo A (atores como Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman), eis o filme ideal. Se não exigir mais do que isso – satisfação garantida.
Realizador Barak najafi
intérpretes Gerard Butler,
Morgan Freeman, Angela Bassett, Aaron Eckhart, Charlotte Riley
género thriller
exibição cinemas
Fugir de:
‘Cavaleiro de Copas’
Sou uma espectadora devedora da obra de Malick, designadamente de ‘Badlands’, Dias do Paraíso’ e ‘A Barreira Invisível’. Por isso mesmo, não há como perdoar estes seus últimos trabalhos, especialmente este tonto ‘Cavaleiro’. A longa- -metragem pouco passa de um acumular algo pretensioso de planos e coisas que se juntam sem que o todo seja mais que a soma das partes. Bolas..
realizador Terrence Malick
Intérpretes Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman
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