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Artigo exclusivo

Dali, para desanuviar, fomos para a Versalhes onde lanchámos

As alegrias que me deu o Monumental e a melancoliazinha por causa do 'JL'

27 de julho de 2025 às 01:30

Uma coisa é um edifício ser demolido. Quantos edifícios já vimos ser demolidos sem que isso nos causasse comoção? Imensos. É verdade que um edifício demolido, mesmo que nunca nos tenha dito nada quando estava de pé, é sempre impressionante porque não há destroços, pequenos ou grandes, que não nos queiram contar as suas histórias. E não é fácil alhear-nos do que não queremos ouvir vindo de pedras falantes até por falta de tempo do que mais por um motivo lógico. Portanto, uma coisa é um edifício ser demolido, outra coisa são os edifícios que se desmoronam nas nossas vidas e tanto podíamos estar a falar de edifícios que se desmoronam nas nossas vidas em sentido literal como em sentido figurado. Neste caso, é em sentido literal. Agrada-me pensar no Monumental. Aliás, dá-me alegria pensar no Monumental. Refiro-me ao Cineteatro que existiu no Saldanha, em Lisboa, que foi inaugurado em 1951 e demolido em 1984 às ordens do progresso. Gosto de fechar os olhos e entrar, uma vez mais, no 'foyer' do Monumental por uma das sete portas abertas ao público. Subo e desço escadas, visito os balcões da sala de cinema com os seus 1967 lugares sentados vazios, visito os bares que vendiam café de saco e pãezinhos de leite com manteiga, tudo isto na minha imaginação porque já nada disto existe. Havia um bar no primeiro balcão do cinema que servia igualmente o primeiro balcão da sala de teatro. Quando ia à noite ao cinema com a família, no intervalo do filme, corríamos para lá, o meu pai abria sorrateiramente a porta que dava acesso à sala de teatro, entrávamos, e para ali ficávamos uns minutinhos encostados à parede a ver a dona Laura Alves a representar para uma casa cheia. A minha ideia da dona Laura Alves que ficou para sempre é a de uma mulher pequenina e loura que corria o palco de uma ponta à outra sem se calar. As pessoas riam-se. Depois voltávamos para a sala de cinema porque o intervalo do filme estava quase a acabar. Penso nestas coisas de olhos fechados e muito contente.

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