Ali, as ruas têm nome de flores. Mas no jardim de Manuel Carrageta, as árvores é que são rainhas. Plantadas pelo próprio, crescem viçosas e férteis. Já vão nascendo limões, laranjas e anonas. Os abacates virão um dia destes. Afinal, o abacateiro ainda é adolescente.
Frente à entrada, a palmeira é de outra geração. Já ali se encontrava quando a família adquiriu o refúgio, há uns sete anos. Antes, a casa pertencia a um casal de holandeses. “Estavam a ficar velhotes e resolveram voltar para a Holanda”, explica o cardiologista. Melhor para os Carrageta, que tinham eleito aquela zona de Cascais, “entre o mar e a serra” como ideal para segunda habitação e procuravam por ali propriedade: “É um clima protegido, fica perto de Lisboa” e permite ao médico pôr em prática o estilo de vida saudável que advoga. O contacto com a natureza não se fica pela teoria. “Todos os fins-de-semana e grande parte do Verão”, passeios a pé e de bicicleta, mergulhos no mar e na piscina, jardinagem e leituras fazem parte das rotinas do médico.
Acompanhado por Twiggy e Becky, as duas cocker spaniel que vão com a família para toda a parte, calcorreia o pinhal circundante e até comprou um livro para aprender a reconhecer as aves que povoam a área. São elas rolas, melros, pintassilgos, chapins, corujas e mochos. Algumas até elegeram o jardim para construírem os seus ninhos. “Também há imensos morcegos”. Como estes mamíferos, confessa ser “espontaneamente” um bicho nocturno, embora discipline os seus hábitos: “todos os dias estou no hospital às oito da manhã”. Mesmo assim, optou por não morar em Cascais: “É preciso sair antes das sete ou depois das dez da manhã” para chegar à capital sem riscos de atraso. Aliás, às sextas-feiras, quando arrancam para o refúgio, os Carrageta jantam tarde. O médico termina as consultas por volta das nove e meia da noite e só depois partem para Cascais. Mas “está tudo organizado” e, quando chegam, basta sentarem-se à mesa.
Um dos prazeres da família é receber. Ao refúgio de Cascais vão sempre “muitos amigos”. Fazem-se grelhados, sobretudo peixe, carregado de Ómega 3, o ácido gordo milagroso dos nossos tempos. Com propriedades anti-inflamatórias, é benéfico a nível arterial e para a visão, garante o cardiologista, que nem no refúgio esquece o coração dos portugueses: apesar de seguidores da dieta mediterrânica, apontada como a melhor amiga da saúde e da longevidade, continuam a ter como primeira causa de morte as doenças cardiovasculares. Por isso, Manuel Carrageta insiste na importância dos alimentos certos “cozinhados saudavelmente”. E aproveita as semi-férias entre o Natal e o Ano Novo para preparar as mil e uma comunicações e artigos que a sua actividade como presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia e do Instituto Português de Cardiologia Preventiva lhe exige. Tem para escrever o editorial do próximo número da revista latino-americana ‘Atero’ (sobre aterosclerose) e um artigo sobre avaliação total do risco cardiovascular: trata-se, explica, de “um conjunto de recomendações aos médicos portugueses”. Em preparação está ainda o encontro anual sobre Cardiologia e Hipertensão em Sesimbra. Logo a seguir, segue viagem para participar no Congresso Francês de Cardiologia. O trabalho de casa foi feito no refúgio onde há tempo e disposição para tudo, até para cuidar do coração!
UM MANUEL, DUAS RITAS
Na vida de Manuel Carrageta há duas Ritas. A primeira é faladora, bem-disposta e despachada. Gestora de profissão, tem também verdadeira paixão pela decoração. No refúgio de Cascais, a quadra festiva está presente em tudo o que é canto: mesa posta onde não faltam os tradicionais doces, pinheiro natalício e pais-natal de todos os tamanhos e feitios.
A Rita grande confia em Paula, a empregada desde há quinze anos, para tratar do que é preciso. Esta última vive com a família, já que ambos trabalham até tarde e há que responder às necessidades da Rita mais pequena. A filha de Manuel Carrageta é mais reservada e os seus catorze anos explicam que, ultimamente, pareça mais interessada na Playstation que em dar aos pedais da bicicleta com o pai ou em participar nas actividades decorativas da mãe.
Foi nos arredores de Évora, onde nasceu e cresceu, que o jovem Manuel Carrageta se iniciou no gosto pelas árvores e pelas plantas. “Sou uma pessoa do campo”, explica. “Já fui agricultor. Vivia numa quinta onde tinha o meu canteiro, as minhas próprias árvores e, inevitavelmente, aprende-se. Vê-las nascer, crescer, dar frutos… é mágico!”
PROFISSÃO
Médico
IDADE
66 anos
LOCAL
Cascais
COMPANHEIROS DE REFÚGIO
A mulher, a filha e as duas cocker
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