Tivemos vários mortos e feridos, pois éramos sempre os primeiros a avançar e a ajudar batalhões em dificuldades.
Assentei praça a 10 de abril de 1961, em Chaves, integrando a recruta de novos Batalhões de Caçadores Especiais com destino a Angola. Fui um recruta especializado, com instrução dada por oficiais que tinham o curso de ‘rangers’ tirado em Lamego.
Foram dias muito difíceis. Exercícios muito puxados e bem suados, incluindo toda a instrução sobre o manejo de armamento, pois estávamos a ser preparados para entrar num conflito armado, já a decorrer em Angola desde março de 1961.
Fizemos as marchas finais durante uma semana na serra, na zona de Boticas, com a simulação de sanzalas e fogo real, incluindo aviação, para completarmos a instrução e rumarmos a Angola. A 12 de agosto de 1961, embarcámos no paquete ‘Vera Cruz’ a caminho do nosso objetivo, que atingimos no dia 21 de agosto.
Ficamos uns dias no Grafanil e depois rumámos ao norte de Angola, prontos para entrar em combate. Fizemo-lo através do Cacuaco, seguindo por Quicabo, Beira Baixa e Zala, a caminho de Nambuangongo.
Tivemos um percurso muito difícil, pois pelo lado que seguimos encontrámos muitas árvores enormes cortadas e atravessadas na estrada, assim como valas profundas cavadas nessa mesma estrada, obstáculos que, muito a custo e com muito trabalho, lá fomos vencendo! Durante essa progressão fomos alvos de ataques constantes. Éramos a Companhia de Caçadores Especiais 270/61, que ficou fora dos batalhões 261 e 262, formados na mesma altura em Chaves.
O inferno das emboscadas
A guerra do Ultramar foi-nos praticamente imposta por outros países, sedentos das riquezas que as colónias possuíam. Com uma vontade canina, tudo fizeram junto de Salazar, pressionando-o para que desse a independência àqueles territórios para melhor lhes deitarem a mão. A conversa da treta liderada pelos Estados Unidos para que fossem independentes e pudessem usufruir de uma plena democracia não passava da sua habitual ingerência para se enfiarem nos interesses de outros países. Salazar era acima de tudo um bom patriota e não se deixava levar por aprendizes de estadistas, que mais não eram do que vigaristas armados em samaritanos. Resistiu enquanto pôde e negou sempre a ingerência naquilo que achava ser de Portugal por direito próprio. Quando essas nações perceberam que não demoviam Salazar de forma nenhuma, optaram por financiar o terrorismo para essas províncias, fornecendo dinheiro e armamento, recorreram às missões (católicas e evangélicas de vários países, entre eles os holandeses, a atuar no Congo e norte de Angola) para incitarem os negros a revoltarem-se contra os brancos.
Vários países que colonizaram outros territórios foram-lhes dando a independência, não vislumbrando Salazar que daí tivessem esses povos melhorado a sua vida. Por isso, renitentemente, negava esse direito aos povos africanos, há séculos integrados na Nação Portuguesa. Assim, foi-nos imposta a guerra no ultramar português chacinando brancos e pretos, num terrorismo até essa altura sem paralelo.
Nome
Fernando Maia
Comissão
Angola 1961-1963
Força
Comp. Caçadores Especiais 270/61
* Info
Reformado, Vive em Mataduços, Aveiro
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