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LETIZIA APRISIONADA

O herdeiro do trono espanhol vai casar com uma plebeia. Parece um conto fadas… mas não é. Caso se divorcie, Letizia perde tudo, até os filhos.

16 de maio de 2004 às 00:00

“Suas majestades os Reis têm a grande satisfação de anunciar o compromisso matrimonial do Seu filho, Sua Alteza Real o Príncipe Felipe das Astúrias, com Dona Letizia Ortiz Rocasolano.” Foi desta forma que, a 1 de Novembro de 2003, o rei Juan Carlos e a rainha Sofia de Espanha comunicaram ao mundo o casamento do herdeiro do trono.

A notícia foi uma agradável surpresa para os espanhóis. Considerado um dos homens mais desejados do mundo, Felipe de Borbón y Grecia continuava solteiro aos 36 anos – o que angustiava os súbditos: será que reinaria sozinho?

Foram-lhe atribuídas numerosas amizades coloridas e teve algumas namoradas de longa data, mas nem sombras de futura rainha. Foi uma escolha demorada, ou antes reflectida, que levou mesmo algumas más-línguas a questionar a sexualidade do filho dos reis de Espanha… Não foi por falta de aviso. Felipe sempre alertou que só casaria por amor.

COMO NUM CONTO DE FADAS

“É uma enorme felicidade para mim anunciar o nosso compromisso e o enamorado que estou por Letizia (…) é a mulher com quem quero partilhar a minha vida e formar uma família”, confessou o príncipe das Astúrias aos jornalistas que se juntaram no jardim do Palácio da Zarzuela, após o pedido de casamento formal a Letizia Ortiz.

Mas quem era aquela mulher que havia conquistado o coração do tão cobiçado príncipe? A questão faria sentido em qualquer casamento de um príncipe com uma plebeia. Neste caso, não tanto. Afinal, a futura rainha de Espanha era a pivô que todas as noites, às 20 horas, entrava na casa dos espanhóis nos telejornais da TVE.

Mas se a cara de Letizia lhes era familiar, o mesmo não se podia dizer do seu passado. Tarefa fácil para os media.

Letizia Ortiz Rocasolano nasceu a 15 de Setembro de 1972, em Oviedo, Espanha. Licenciou-se em Ciências da Informação na Universidade Compultense de Madrid e tornou-se jornalista. Enfim, é uma “jovem espanhola da classe média, culta, bela e elegante”. Assim era descrita Letizia um pouco por toda a imprensa.

Mas o que teriam os súbditos a dizer do facto da futura rainha de Espanha ser uma mulher divorciada?

Curiosamente, o facto de Letizia Ortiz ter sido casada, durante um ano, com Alfonso Guerrero não criou grande alarido entre os espanhóis. Numa sondagem levada a cabo pela Sigma Dos para o jornal espanhol ‘El Mundo’, 91 por cento dos inquiridos não apontou qualquer senão à condição de separada de Letizia – uma questão altamente controversa quando estão em causa matrimónios da realeza. A ex-jornalista cativou pela simpatia e simplicidade a maioria dos seus conterrâneos, para quem o importante é amar.

AS REGRAS DA CASA

No próximo sábado, dia 22, o mundo vai estar de olhos postos no casamento do príncipe Felipe com Letizia Ortiz. A partir da Catedral de La Almuneda, em Madrid, a cerimónia vai ser transmitida em directo para os mais variados países, à semelhança do que aconteceu com o casamento de Carlos e Diana, em Inglaterra.

Entretanto, decorrem todos os preparativos para que nada falte na já denominada ‘Boda do Século’. A cerimónia contará com 1400 ilustres convidados, entre eles membros de Casas Reais europeias e asiáticas.

E porque ser princesa não é tudo rosas, desde o anúncio do noivado com Felipe, Letizia teve que mudar radicalmente o seu estilo de vida. Para trás deixou a sua carreira como jornalista e um andar nos subúrbios madrilenos, para passar a viver na residência oficial dos reis – La Zarzuela. Tem ao seu dispor uma dúzia de empregados e tudo o que faz é controlado por, no mínimo, seis seguranças. Por questões de segurança, foi também proibida de receber amigos no Palácio Real.

Para adaptar o seu comportamento aos moldes reais, a ex-jornalista passou a ter aulas de etiqueta e religião. Aparecer em público de copo na mão, a comer ou a fumar, ou vestir um biquíni fazem parte do passado.

DE PRINCESA A PLEBEIA

O acordo nupcial também já foi assinado. E, como normalmente acontece com quem casa com o herdeiro do trono, o contrato beneficia a realeza. O príncipe e a ex-jornalista vão casar-se em regime de separação de bens, o que significa que, caso se divorcie, Letizia não receberá nem dinheiro nem património pessoal do marido. Para além disso, perderá o título de princesa das Astúrias, bem como o de Sua Alteza. Por último, se o casal tiver filhos entretanto, Letizia perderá automaticamente a custódia sobre eles.

O contrato nestes termos é normal nas famílias reais, com excepção do caso da australiana Mary Donaldson, desde sexta-feira, mulher do príncipe Frederico da Dinamarca, que abriu um precedente ao exigir que, em caso de divórcio, lhe fosse concedida a guarda partilhada dos seus filhos (ver caixa). Recorde-se também o caso do príncipe Carlos de Inglaterra e Diana. Depois de uma série de infidelidades, tentativas de suicídio e acusações mútuas, a eterna Princesa do Povo negou-se a renunciar a tutela e educação dos seus filhos. No final, o acordo do divórcio, não foi muito desvantajoso para Lady Di: estabelecia para ela uma compensação de 26 milhões de euros anuais; permitia-lhe manter a sua residência no palácio de Kensington e gozar em pleno do contacto com os seus filhos, William e Harry. Valeu-lhe de pouco tanta luta. Tomada a decisão do tribunal, nem um ano lhe restou de vida.

ASPIRANTES A PRINCESAS

Nascido a 30 de Janeiro de 1968, em Madrid, o príncipe das Astúrias é o terceiro e único filho varão do rei Juan Carlos I e da rainha Sofia. O facto de ser o herdeiro da coroa fez de Felipe um dos homens mais cobiçados do mundo. Candidatas a princesas não faltaram.

A primeira namorada que se lhe conheceu foi a espanhola Isabel Sartorius. Os pais, aristocratas, eram divorciados e a mãe, dizia-se, teve um problema com drogas. Talvez por isso, ela nunca tenha sido oficialmente apresentada, nunca tenha privado com os reis, nem aparecido em actos oficiais. Quando Felipe foi estudar para os Estados Unidos, conheceu a modelo Gigi Howard. O relacionamento durou largos meses, mas constou que a rainha Sofia desaprovava a escolha do filho. Seguiu-se a princesa Tatiana do Liechtenstein. Ela e o príncipe foram vistos várias vezes, mas nunca se percebeu se chegaram a ser namorados ou se eram apenas bons amigos.

A modelo norueguesa Eva Sannum foi a loira que se seguiu. Mas as revistas cor-de-rosa não perderam tempo e publicaram fotografias suas em ‘lingerie’ que não agradaram muito a realeza. Entre as amizades coloridas que lhe foram atribuídas constam os nomes da princesa Vitória da Suécia e da ‘lady’ Gabriela de Windsor.

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