O FMI – Festival de música independente é um festival low cost. É também o regresso a um dos locais históricos da movida bracarense dos anos 80<br/><br/>
O velhinho Teatro do Liceu Sá de Miranda, em Braga, foi um dos espaços centrais das actividades da afamada movida bracarense dos anos 80, a par da há muito desaparecida Fábrica. No interior das suas paredes ocorreram algumas das festas mais incríveis e endiabradas que a vetusta Bracara Augusta produziu e pelo seu palco passaram muitas das formações da época, dos Auaufeiomau aos Mão Morta, dos PVT Industrial aos Bateau Lavoir, dos Eléctricos Chamados Desejo aos Rongwrong, dos Pai Melga aos Rua do Gin, dos Ruge-Ruge aos Baile de Baden-Baden, dos Pupila Dilatada aos Desperdícios Pós-Apocalipse, dos Gnomos aos Espírito Ressacado. Por lá fiz o lançamento do meu primeiro livro de poemas, o ‘Rock & Roll’, numa quente noite de Setembro de 1984, que acabou em inopinado deboche de sexo e álcool. Entretanto, a insalubridade do edifício e a mutação dos padrões de divertimento originada pela abertura de bares e várias grandes discotecas na cidade – o Club 84, o Indústria, o Trigonometria, o Pachá – ditariam o seu progressivo abandono e exclusão do circuito de concertos. E assim continuou até ao recente restauro da centenária escola no âmbito da política de renovação do parque escolar. Com as obras finalmente terminadas, após anos de trabalhos que lhe mudaram radicalmente as instalações, bem como as dos seus equipamentos, o novo espaço do Teatro, agora pomposamente designado Auditorium Sá de Miranda, apresta-se para reentrar no circuito cultural urbano. E fá-lo já esta semana, ao receber a primeira edição do FMI – Festival de Música Independente, que se reivindica como o primeiro festival low cost nacional. E com bilhetes diários a dois euros bem pode fazê-lo…
Nova geração
Com uma trintena de artistas distribuídos pelos três dias do evento, encabeçados por B Fachada e O Bisonte na primeira noite, Smix Smox Smux e Triplet na segunda e, naquele que promete ser o mais interessante, por Noiserv e a canadiana Kathryn Calder na de encerramento, o FMI apresenta-se assim, simultaneamente, modesto nos meios disponíveis e ambicioso no formato anunciado. Como se avocasse a crise a que faz indirecta referência não como desculpa para a inércia mas como incentivo para a acção, adoptando o significado de oportunidade e de mudança que os antigos gregos também atribuíam à palavra. Mas o festival consubstancia ainda a primeira manifestação pública de uma nova geração de bracarenses a pegar o touro pelos cornos, a tomar em mãos o seu destino, que o acaso da escolha do local onde se realiza, carregado com as memórias de um tempo mítico de intenso frenesim underground, guarnece de um simbolismo histórico não negligenciável. O que é um motivo suplementar para lá se estar.
LOCAL Auditorium Sá de Miranda, Braga data 16 a 18 deste mês + info. http://festivaldemusicaindependente.wordpress.com/
Livro
‘O Filho de Mil Homens’
Abandonando a já tradicional formatação em minúsculas em prol de formas mais convencionais, mas mantendo a semântica poética particular que caracteriza a sua escrita, o novo livro de Valter Hugo Mãe (assim, com esta nova grafia no nome) é o grande acontecimento da rentrée. E não só pelo hype que o rodeia depois da fulgurante passagem pela FLIP, em Paraty. Absolutamente a não perder.
Editora: Alfaguara/Objectiva
Filme
‘Meia-noite em Paris’
Woody Allen reinventa-se e reencontra o esplendor criativo de outros tempos, num filme que é já o seu maior sucesso de bilheteira. Filmado nos mais emblemáticos (e turísticos) cenários da Cidade Luz, evocando o imaginário muito americano que Paris alberga, com o seu passado de refúgio para pintores, músicos e escritores, o filme é um delírio onírico cheio de humor, romantismo e melancolia.
Estreia 5.ª feira nos cinemas
Concerto
Anna Calvi
Anna Calvi regressa, agora para se apresentar em locais onde pode ser cabalmente apreciada, longe da dispersão dos grandes festivais. Definitivamente, as pequenas salas são espaços bem mais propícios à intensidade das suas prestações e à percepção do seu jogo de guitarra, permitindo-nos imergir no seu salero muito próprio, feito de picos dramáticos e de sexualidade latente pronta a explodir.
Local Hard Club, Porto (amanhã)/Lux, Lisboa (3.ª feira)
Fugir de
‘Renato Seabra – Queda de Um Anjo’
Dizer que livros como este deviam pagar IVA a dobrar, incluídos num escalão aplicável a lixo, talvez seja excessivo. Mas não se compreende por que é que um objecto sem qualquer interesse estético ou cultural beneficia de bonificação nos impostos, enquanto outros, como os discos ou os filmes, mesmo com relevância cultural ou artística, ficam sujeitos ao pagamento das suas taxas máximas...
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