Os internautas reagiram de imediato ao que Cristiano Ronaldo fez na manhã de quarta-feira. Rir tornou-se o melhor remédio.
Ainda os peixes estariam a identificar o objeto voador que fora parar ao fundo do lago, perto do hotel em que a Seleção de Portugal pernoitou na terça-feira, e as redes sociais já estavam cheias de imagens que satirizavam o que sucedeu depois de Cristiano Ronaldo ter arremessado para a água o microfone da CMTV que retirou da mão do jornalista Diogo Torres.
Não foi o primeiro momento do Europeu de futebol em que o capitão da Seleção teve direito a ‘memes’ da internet, como chamam às imagens (ou, em alguns casos, textos) definidas pelo cientista Richard Dawkins – que estudou a difusão de elementos culturais ou comportamentos ainda antes de existir ‘world wide web’ – como o "sequestro de uma ideia original" que se difunde por correio eletrónico ou redes sociais. A expressão assustada de Ronaldo no empate com a Áustria foi alvo de uma fotomontagem em que seria essa a sua reação à tentativa de cumprimento do selecionador alemão Joachim Löw, que lhe apertou a mão no Mundial de 2014 após mexer no nariz, e já fora fotografado no Europeu de França a cheirar a mesma mão que enfiara dentro das calças.
Impulso criativo
Essa expressão apavorada de Cristiano Ronaldo foi ‘reciclada’ num ‘meme’ partilhado na quarta-feira, com o avançado português a encolher-se perante a aproximação do microfone da CMTV, embora noutros ‘memes’ que se propagaram pela internet com a rapidez dos fenómenos virais houvesse mais do que um microfone a inquietá-lo. Antes disso, dezenas de fotomontagens tinham sido criadas e difundidas.
A rapidez com que as imagens se espalharam pelo Facebook e outras redes sociais não surpreendeu o professor universitário Eduardo Cintra Torres, colunista do ‘Correio da Manhã’ e colaborador da CMTV. "As pessoas desopilam através do humor. É tão fácil criar fotomontagens e outro tipo de ‘memes’ que a imaginação transfere-se para as redes", afirma, sublinhando que "o mais interessante é verificar que vivemos cada vez mais numa sociedade da imagem em que as piadas são transferidas da escrita verbal para imagens".
Ao contrário de outras ocasiões, incluindo campanhas eleitorais e de marketing, em que profissionais se encarregam de fazer ‘memes’ adequados aos seus interesses, o especialista em cultura e comunicação acredita que o insólito arremesso do microfone para o lago motivou "um impulso" de criatividade de internautas interessados em tornar viral a sua leitura da ocorrência. Ou, pura e simplesmente, fazerem rir.
Mesmo a tomada de partido pelos intervenientes no ‘microfonegate’ – como o episódio foi alcunhado – revelou- -se abrangente. "As pessoas estavam divididas entre fazer juízos de valor sobre a atitude de Ronaldo e tentar desprezar o ‘CM’ e a CMTV", reconhece Cintra Torres.
Peixes oportunos
Alguns ‘memes’ mostraram o microfone lançado por Ronaldo junto a personagens do filme de animação ‘À Procura de Nemo’ – cuja sequela, ‘À Procura de Dory’, tinha estreia marcada para o dia seguinte ao do Portugal-Hungria que ditou a passagem da Seleção aos oitavos de final do Europeu –, mas a Disney terá apenas beneficiado do facto de ter disponibilizado muitas imagens dos dois filmes.
Quanto aos outros ‘memes’ que foram parar à internet, Eduardo Cintra Torres destaca que "a maior parte tinha graça, o que é bom". Nem faltou o ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas a recuperar o microfone da CMTV num dos submarinos que lhe valeram uma das maiores polémicas a que esteve associado (e que também motivaram a criação de ‘memes’) quando era ministro da Defesa.
Também houve ‘piscadelas de olho’ a notícias que dominaram a atualidade nos últimos tempos, com o ‘meme’ "Je suis microfone" ["Eu sou microfone"] a recordar o "Je suis Charlie" adotado em todo o Mundo após o massacre cometido por terroristas ligados ao Daesh que provocou a morte de 11 pessoas no semanário satírico francês ‘Charlie Hebdo’.
Além das fotomontagens houve quem fizesse montagens em vídeo, levando a que o microfone atirado por Ronaldo embatesse num poste imaginário colocado no meio do lago e voltasse para trás. A referência impiedosa ao penálti falhado pelo capitão da Seleção no jogo contra a Áustria, que colocaria Portugal em vantagem, também deu origem a um ‘meme’, embora os dois golos que o avançado marcou à Hungria na tarde dessa quarta-feira tenham ‘desvalorizado’ as menções à falta (ou excesso) de pontaria.
Guerra memeal
Cristiano Ronaldo viu-se envolvido, ainda que de forma involuntária, noutro fenómeno de redes sociais que passou despercebido à esmagadora maioria dos internautas, apesar da pomposa designação ‘Primeira Guerra Memeal’. Noticiada pelo site da Globo, terá sido travada entre Portugal e Brasil, após portugueses que tinham criado a conta ‘In Portugal We Don’t’ serem acusados de apropriarem-se do ‘meme’ ‘In Brazilian Portuguese’, destinado a traduzir expressões "para os gringos".
O futebolista foi apresentado pelos beligerantes brasileiros como um símbolo de Portugal, ao lado do cantor Roberto Leal, e não deu sorte aos compatriotas, que no dia 15, após dois dias da "primeira batalha digital de nível internacional registada na História", capitularam. Tudo foi registado na Wikipédia até o artigo ser apagado. "A página estava escrita em tom absolutamente inapropriado para uma enciclopédia, e trazia apenas uma fonte. Fenómenos de internet normalmente não ganham artigos próprios por serem geralmente muito efémeros e pouco relevantes enciclopedicamente", justificou um gestor do site.
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