Lisboa nunca teve o que se pudesse comparar a uma Broadway nova-iorquina, um West End londrino, mesmo uma Cinelândia do Rio de Janeiro.
Nunca se reuniram num mesmo espaço casas de teatro e cinema em número considerável, nunca se sentiu o brilho e o fascínio dos holofotes e dos “néons”, nunca se amontoaram os vistosos cartazes pelas montras e as paredes com oferta diversificada e irrecusável. Já houve, porém, tempos em que certas zonas de Lisboa se aproximaram desse propósito, há quem diga que a Broadway portuguesa já foi o cantinho do Parque Mayer. Mas se alguma vez e algum local chegou a prefigurar o que poderia ser uma Broadway portuguesa, terá sido a zona que vai de meio da Av. de Liberdade, descendo até aos Restauradores, subindo depois até ao Chiado. Aí se multiplicaram os cinemas e os teatros, por ondas de interesse que foram coabitando.
Antes de surgir a exploração maciça do cinema, em inícios do século XX, foram os teatros a dominar. Depois, durante as décadas de 20 e até meados do século passado, foi-se mantendo o equilíbrio entre a Sétima Arte e a Arte de Talma. A partir dos anos 50, e até se começar a sentir a grande crise na indústria cinematográfica, na década de 70, foram as grandes salas de cinema que impuseram a sua ordem. A partir daí a decadência foi-se acentuando, as grandes salas de espectáculo foram desaparecendo, dando origem a outros negócios mais rentáveis, o cinema passou para os ‘multiplexes’ dos centros comerciais ou para o pequeno ecrã da televisão, e cada vez mais por aí foi ficando, com canais generalistas ou temáticos, TV por cabo, por satélite, vídeo ou DVD, até chegar aos computadores e a tecnologias cada vez mais sofisticadas, mas caseiras.
DECOTES E ‘COLLANTS’
Tomando como exemplo ideal a zona citada, que resta dos tempos áureos? Não muita coisa. Descendo a Av. da Liberdade, do Parque Mayer pouco sobra. Onde chegou a haver teatros a funcionar em simultâneo como o Variedades, o Capitólio, o Maria Vitória e o ABC, para lá de uma sala de cinema de Verão, o Terraço do Capitólio, resta agora a esperança de novos tempos. Por ali passaram gerações de actores, desde Vasco Santana, António Silva, Beatriz Costa, Eugénio Salvador, Ivone Silva, Raul Solnado, Nicolau Breyner, José Viana, Camacho Costa, até chegar aos actuais José Raposo, Maria João Abreu e Noémia Costa.
As estreias de revistas que duravam por vezes cinco horas, a Companhia Della Costa, que trouxe Brecht e os olhares da PIDE, o poeta Evgenii Evtushenko num recital em russo (soviético), tudo isto ainda em tempos da “outra senhora”, quando nada era permitido sem um visto de censura, e a revista funcionava como escape, misturando-se os “pecaminosos” decotes e os “collants” rotos das coristas com as proibidas e sempre veladas críticas ao regime. Era o fascinante domínio do interdito. Sexo e política apenas esboçados, numa época de contenção total.
Mesmo ao lado do velho Parque, resta o S. Jorge municipalizado, com problemas de programação por resolver. Mas foi aqui que se estrearam quase todos os filmes ingleses da Rank, as inesquecíveis comédias de humor negro da Pinewood, os James Bonds, a série “Com Jeito Vai...”, os policiais com Harvey Mills miúda e os grandes “históricos”. Havia Carnavais
como já não há, “a árvore de Natal do
S. Jorge” e tudo principiava com a cortina do cinema a correr e a aparecer um imponente órgão, tocado ao vivo, com que se dava início ao “programa”: actualidades, filme de animação, documentário, apresentação de futuros filmes, intervalo, filme de fundo, intervalo, filme de fundo, fim. Triste fim do sonho.
Em frente, o Tivoli, que de vez em quando se lembra que é sala de teatro e cada vez menos de cinema, recorda os êxitos retumbantes de “Música no Coração” (dois anos em cartaz!) ou da escandalosa “A Piscina”, com a belíssima Romy Schneider. Ali trabalhou José Gomes Ferreira, ali se via quase toda a produção da Fox. Como se misturava a triste nostalgia da sessão ter acabado com a alegria da descoberta à saída de uma sessão de “O Meu Tio”, de Jacques Tati; meu Deus, aquela sala dourada e as cadeiras de veludo nas manhãs da “Juventude Musical”, ou nas tardes das “Sessões Clássicas”!
Mais abaixo, o vazio deixado pelo Teatro Avenida, desaparecido depois de um incêndio. Por ali se aprendia a amar o teatro (E as actrizes! Quem não se apaixonou então pela Guida Maria?).
Mesmo a entrar nos Restauradores, ao lado esquerdo, ficava o Condes, nesta altura à espera de inaugurar um restaurante da cadeia internacional “Hard Rock Cafe”. Nunca mais se verá “E Tudo o Vento Levou” em versão de 70 milímetros, com o incêndio de Atlanta e o dramático regresso a Tara de Vivien Leigh. “I don’t give a dam!” À direita dos Restauradores, pegadinho ao elevador da Glória, jaz sem glória uma sala de cinema aberta e fechada num ápice, que se chegou a chamar Xenon. O Paladium já foi café de prestígio, passou a “shopping center”, e hoje, no local onde anteriormente se projectavam filmes, é, no exterior, uma loja de jornais e revistas, e nas profundezas, a Igreja Pentecostal “Deus é Amor”.
Mais abaixo, passado o Palácio Foz, temos o Éden, majestosa construção idealizada por Cassiano Branco, que foi recuperada pela Câmara, há poucos anos, mas entregue a funções de hotelaria e agora a uma nova Loja do Cidadão. (Os seus camarotes eram famosos, por facilitarem a vida a casais apaixonados em crise de habitação, ou estudantes em rodagem na sua vida sentimental.) Grandes épicos por ali passaram, em mega cartazes iluminados na noite dos Restauradores.
A TRISTE SINA
A um dos lados do Éden, precisamente onde hoje é a entrada do “VIP Éden, Aparthotel”, havia ainda um ‘cineminha’ popular, o Restauradores, onde se viam dois filmes pelo preço de um, em programa duplo, e sessões contínuas. Entrando na rua dos Condes, foi apodrecendo sem “panache”. o Olympia, que já fora sala de elite, cinema popular, e depois sala X. Foi agora comprado por Filipe La Féria. Honra lhe seja feita. À porta já se vêem camionetas despejando o entulho que vai sendo retirado do interior, e ainda permanece o cheiro a sexo solitário. Longe vão os tempos em que Almada Negreiros nele lia manifestos sobre o cinema de animação, em tardes culturais! –, mas ali se podiam descobrir pérolas como um Buñuel, a “Máscara do Demónio”, de Mario Bava, alguns Roger Corman, Allan Dwan, Raoul Walsh e tantos outros.
Do outro lado da rua, o belíssimo Odéon espera que lhe ditem a sina e lhe encontrem futuro que não seja o enterro. Virando à direita, e entrando na Rua das Portas de Santo Antão, o majestoso Coliseu, que alternou circo, teatro de revista, ópera e cinema (na maior tela do País, onde se viram filmes de aventuras de pasmar), é agora uma pós-moderna sala multiusos. Em frente, resplandecendo na sua reconstituição ofuscante, aí está o Politeama, que foi teatro, depois só cinema, e agora alberga a “feérie” de La Féria. Dá gosto passar à noite naquela rua, em dia de espectáculo no Coliseu e no Politeama. São os nossos actuais 100 metros de Broadway!
Ainda na Rua das Portas de Santo Antão, colado ao Coliseu, o Arco-Íris chegou a ser antro de ‘peep show’. Agora, parece ter recuperado dignidade, é discoteca de música clássica.
Não falando no Teatro Apolo, que ficava para os lados do Martim Moniz, passemos agora pelo Rossio, onde o Teatro D. Maria II mantém a sua programação habitual e descobre-se, lá ao fundo, atravessado o Arco, o Animatógrafo do Rossio (fabulosa fachada de ‘art-déco’) hoje exibe pornografia. Temperatura de 200 proíbe-se a entrada (além de outros) “a drogados, mal asseados, alcoolizados”.
Sem falsos puritanismos, é vergonhoso ver uma sala como aquela definhando a olhos vistos. Uma cidade que tem uma jóia e a deixa apodrecer assim, não merece ser Capital. Subamos agora o Chiado, parando nas livrarias, bebendo a bica na Brasileira, antes de chegar ao largo que nos impõe uma escolha na direcção a tomar. Preferimos entrar pela rua António Maria Cardoso, expurgada de más memórias, que a sede da PIDE foi lá, e olhe-
-se à direita para a delegação bancária da Caixa Geral de Depósitos que ocupa o lugar deixado vago por um belo cinema, de boas recordações: o Chiado Terrace. Filmei a demolição da sala para o meu primeiro documentário, “Vamos ao Nimas”. Está-vamos na época do massacre das salas de bairro, algumas ditas de “reprise” ou “continuação de estreia”.
Permanece mais abaixo, municipalizado, e agora com actividade regular e corrente de público a condizer, o São Luiz, uma das salas emblemáticas da Capital. Grandes estreias de filmes portugueses, grandes noites de glória, depois a co-exibição com o cinema Alvalade (o mesmo filme nas duas salas, e o corropio dos motoristas trocando bobines entre os dois cinemas, com as sessões a decorrer!). Os Carnavais com o Ivon Curi da praxe e um Jerry Lewis ansiosamente esperado ao longo do ano.
Passando o largo do Chiado e entrando apenas na rua do Calhariz, assistimos a mais um Cine Paraíso em bolandas: já foi de tudo, sala de reprise (o Loreto), especializada em filmes indianos, já passou pela pornografia, fez uma curta incursão pelos terrenos da cinefilia, e agora espera destino igualmente incerto.
Nostalgia? Sim, um pouco. É natural. Mas os tempos vão mudando, as necessidades do público e da indústria também. Natural e bem-vinda a modernização, que cria novos espaços. Que serão seguramente recordados, daqui a algumas décadas, por todos os que hoje nelas vivem momentos de felicidade. As salas saíram do centro histórico de Lisboa, dispersaram-se por bairros residenciais. Um filme pode fazer mais receita com 35 cópias estreadas em simultâneo pelo País, durante meia dúzia de semanas, do que em dois anos de estreia numa só sala. Tudo isso é compreensível, com a excepção de alguns crimes que se cometem abatendo preciosidades arquitectónicas ou símbolos históricos de épocas passadas. Se se entende, o desaparecimento de mamarrachos sem condições, e a abertura de novas salas, com pipocas ou sem elas (cada época e cada público tem os seus rituais), já o mesmo não se pode dizer quando vemos salas como o Odéon ou o Animatógrafo a naufragar perante a indiferença geral.
Conta a história que a ideia de colocar nas paredes dos famosos restaurantes ‘Hard Rock Cafe’ peças de colecção da história do rock surgiu em 1971 (ano de inauguração do primeiro restaurante, em Londres), quando Eric Clapton, cliente habitual, pediu a um empregado que o deixasse pendurar a guitarra na parede, para personalizar o lugar que mais o agradava no bar. Hoje em dia, o ‘Hard Rock Cafe’ é denominado de museu mundial de música ao vivo. E é já este mês que o antigo Cinema Condes vai acolher o primeiro espaço de memórias rock em Portugal.
‘Os Deuses Devem Estar Loucos II’ foi o filme que, no último dia do ano de 1989, fechou as portas do Cinema Éden. Hoje, o imóvel é um hotel de luxo, quase na sua totalidade, para homens de negócios. Para além disso, aquele que, durante a Segunda Guerra Mundial, foi o cinema mais concorrido de Lisboa esteve, algum tempo, ocupado com a ‘Virgin Megastore’. Actualmente, é a ‘Loja do Cidadão’.
Acabou-se a pornografia no Olympia, esse mítico cinema de Lisboa. O encenador e empresário cultural Filipe La Féria é o mais recente proprietário daquele que foi o ‘Templo do Porno” lisboeta. Ao que tudo indica, o ex-
-cinema vai ser transformado em sala de teatro e servir de palco a grandes espectáculos como ‘Amália’ e ‘My Fair Lady’
Com quase oitenta anos de existência, o cinema Ódeon encontra-se encerrado há já bastante tempo e envolto num cenário de algum abandono. O processo de recuperação de um dos cinemas mais míticos de Lisboa continua por definir, correndo assim o risco de se tornar apenas em mais uma memória do passado alfacinha.
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