Durante 34 anos, um pioderma gangrenoso infernizou a vida de Georgina Monteagudo. Desapareceu da noite para o dia
Um sofrimento imenso, longo e doloroso, que, segundo inúmeros diagnósticos médicos, só terminaria com a morte. A não ser que houvesse um milagre. E houve.
BRAÇO EM FERIDA
Georgina Troncoso Monteagudo, que vive em Baiona, na Galiza, passou 34 anos da sua vida a suportar a dor e a chaga aberta de um pioderma gangrenoso, que lhe paralisou por completo o braço direito.
"Os primeiros sinais apareceram em finais de 1968, tinha eu 41 anos. Uma espécie de nódoa negra, como se fosse um hematoma, que, em pouco tempo, se tornou ferida aberta", conta-nos Dona Georgina, na sua casa em Baiona, rodeada de estampas da freira portuguesa Maria Clara do Menino Jesus, que vai ser beatificada no próximo sábado, em Lisboa.
O sorriso de hoje é uma bênção que paira sobre décadas de dor e sofrimento. O mês de Janeiro de 1969 marcou o início de uma corrida continuada para médicos, hospitais e centros de saúde. Primeiro foram as baterias de exames, biópsias, análises e estudos, feitos em Vigo, Santiago de Compostela e Madrid, para, em pouco mais de dois meses, os médicos concluírem que se tratava de um incurável pioderma gangrenoso.
"Ainda fiz alguns enxertos, com carne retirada de outras partes do corpo, mas era tudo rejeitado. Quantas mais operações fazia, mais a ferida crescia", diz Georgina Monteagudo, realçando o interminável calvário dos curativos.
"Todos os dias, incluindo sábados e domingos, ia fazer o curativo a Vigo. Fazia 27 quilómetros para cada lado de autocarro, e tinha a sorte de ter um médico paciente à minha espera. Era a minha tarefa de todas as manhãs", explicou.
Naqueles 34 anos, entre 1969 e 2003, Georgina Troncoso foi ao curativo a Vigo mais de doze mil vezes. "Era um tormento. Ia ao curativo de manhã e sofria e rezava de tarde", lembra.
Mas esta mulher não andava sozinha. Levava sempre a força da fé e uma estampa da madre Maria Clara do Menino Jesus.
ORAÇÕES À MÃE CLARA
A ligação de Georgina Monteagudo às freiras da Congregação das Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, fundada pela Mãe Clara em 1876, vem desde os bancos da escola primária.
"Todas nós, eu e as minhas irmãs, assim como todas as moças de Baiona, estudámos no Colégio da Senhora da Roca, que, até há poucos anos, foi pertença destas religiosas e, por isso, sempre tive grande devoção pela Mãe Clara", diz Georgina, confessando que essa devoção se intensificou em 1999, quando participou, em Lisboa, nas comemorações do centenário da morte da religiosa da Amadora.
"Fomos lá, um grupo aqui de Baiona, e a madre superiora comunicou-nos que estava em marcha o processo de beatificação da Mãe Clara e pediu-nos para rezarmos muito para que ocorresse um milagre, absolutamente necessário para a chegada aos altares. Ora, eu já lhe pedia muito que aliviasse o meu sofrimento, mas passei a rezar-lhe ainda mais.
ESTAMPA MILAGROSA
Todos os dias, após o curativo, Georgina colocava entre as gazes uma estampa da Mãe Clara que lhe tinha sido oferecida pelas freiras. "É uma estampa que conservo e que quero que vá comigo para o outro mundo, com a oração de pedido de curas. É um pedido para que ela rogue a Deus e a Nossa Senhora, seguida de três glórias", afirma Georgina, convicta de que foi aquele gesto que a curou.
"Eu colocava-a após o curativo e retirava-a antes de entrar no consultório médico. Até que um dia me esqueci e, ao retirar as gazes, o médico, dr. Inácio de Castro, que me curava todos os dias, deparou-se com a pequena estampa. E disse-me: ‘É a essa religiosa a quem tu pedes que te cure?’ A que eu respondi que sim. Nessa altura, ele disse que fazia bem, porque temos sempre de ter intercessores junto de quem pode, e passou a ser ele sempre a retirar a estampa e a voltar a coloca-la junto à ferida", explica Georgina Monteagudo, manifestando sempre a sua certeza de que ficou curada graças à intervenção da Madre Maria Clara.
CURA INEXPLICÁVEL
A morte do médico de Vigo, Inácio de Castro, em Junho de 2002, alterou substancialmente o dia-a-dia de Georgina. Já com 75 anos de idade e mais de 30 de intenso sofrimento, não se sentia com vontade de encomendar a cura diária do seu braço a outro médico.
"Estava habituada com o dr. Inácio, muito cansada e, por isso, sem vontade nenhuma de começar tudo de novo". Assim, resolveu passar a fazer ela, com a ajuda das duas irmãs com quem vive, Olga e Maria Teresa, os curativos.
Ia ao médico de família, dr. Carlos Davila, no Centro de Saúde de Baiona, sempre que precisava de receitas para comprar medicamentos. Nessa altura o clínico via-lhe o braço e anotava na ficha clínica da paciente: "Sigue tudo igual".
No dia 11 de Novembro de 2003, Georgina fez o curativo, como todos os dias. Retirou as gazes encharcadas, passou os cremes e pomadas e colocou gazes novas. Na manhã do dia 12, como tinha de ir a Vigo, optou por deixar o curativo para a parte da tarde.
"Fiquei estupefacta. Quando retirei as gazes vi que estavam secas e que tinha o braço coberto de pele. Não queria acreditar e fiquei sem saber bem o que fazer. Chamei as minhas irmãs e disse-lhes: ‘Olhai, está curado’. E elas disseram logo: ‘Foi milagre da Madre Clara’", conta, sorridente, Georgina Troncoso Monteagudo.
Nesse dia rezou muito e optou por não sair de casa. Precisava, naturalmente, de "ter a certeza de que não estava a sonhar". Mas no dia seguinte, sem dúvidas de que o seu braço estava curado, resolveu ir mostrá-lo ao médico. O dr. Carlos Davila, que dizia sempre à paciente que era uma questão de paciência, ficou sem palavras.
"Ainda estou a ver a sua cara de espanto a olhar para o meu braço. Eu disse-lhe que, em minha opinião, tinha sido milagre, e ele respondeu-me que na dele também", conta-nos Georgina.
No relatório que fez para o processo de beatificação da Madre Maria Clara do Menino Jesus, o médico sublinhou o desaparecimento repentino de uma doença que, à luz da ciência actual, não tem cura. "O braço, que era pouco mais do que uma chaga imensa, ficou completamente curado da noite para o dia", escreveu o clínico.
O relato deste médico foi fundamental, uma vez que, quatro dias antes do milagre, tinha observado no braço direito de Georgina a mesma ferida de sempre, em carne viva e com os músculos e ossos à vista.
"Um pioderma desta natureza até poderá curar-se mas será sempre um processo muito lento, em que a ferida vai fechando e cicatrizando aos poucos. Nunca desta forma repentina", declarou um dos médicos da Congregação para as Causas dos Santos.
A cura de Georgina causou grande admiração entre os amigos e vizinhos. Ela, que andou décadas de braço ao peito, passava agora na rua com sacos de compras e "com mais força no braço direito do que no esquerdo". Até os que não são crentes consideram que algo de extraordinário aconteceu.
Para Georgina, foi "uma questão de fé em Cristo e na intercessão da Madre Clara".
"Uma altura, o meu desespero era tanto que eu disse ao médico para me cortar o braço, que eu não aguentava mais. Ele pediu--me paciência e fé, referindo que para cortar havia sempre tempo. E tinha razão", confessa Georgina Monteagudo.
Esta mulher galega, que conta agora uns joviais 83 anos, vai ter lugar de desataque na cerimónia de beatificação da Madre Maria Clara do Menino Jesus, no próximo sábado, dia 21 de Maio. Ela é a miraculada.
FICHEIRO GUARDADO FUNDAMENTAL NO PROCESSO
A confirmação do milagre por parte dos médicos da Congregação para as Causas dos Santos deveu-se, em boa parte, ao ficheiro clínico de Georgina Monteagudo que se encontrava guardado em casa da viúva do médico Inácio Castro, em Vigo.
Com a morte do clínico, em Julho de 2002, a clínica privada de que era proprietário fechou portas e o edifício foi vendido pela família. A venda incluía todo o recheio da clínica, incluindo os arquivos. No entanto, a viúva, que tinha acompanhado o caso de Georgina, resolveu, antes do negócio, levar para sua casa os dossiês relativos ao seu processo.
Quando os médicos da Congregação se deslocaram à diocese de Tui-Vigo, para estudar o então suposto milagre, depararam-se com falta de documentação. Foi quando a viúva do médico Inácio de Castro contactou Georgina Monteagudo a dar-lhe conta de que tinha em sua posse todas as informações clínicas do seu caso. Um relatório de 33 anos de doença que não deixou dúvidas aos médicos de Roma. E aos teólogos também não.
NOTAS
MILAGRE
Foi a 12 de Novembro de 2003 a cura do pioderma gangrenoso de que sofria Georgina Monteagudo.
VENERÁVEL
A heroicidade das virtudes da Madre Maria Clara foi declarada por Bento XVI a 6 de Dezembro de 2008.
BEATA
No dia 10 de Dezembro de 2010, o Papa assinou o decreto de aprovação do milagre, passo fundamental para a beatificação.
CERIMÓNIA
A cerimónia está marcada para o próximo sábado, no estádio do Restelo, e vai ser celebrada pelo patriarca, D. José Policarpo.
HERANÇA DE UMA PORTUGUESA NOBRE ESPALHOU VOCAÇÃO PELO MUNDO. HOJE, AS IRMÃS FRANCISCANAS HOSPITALEIRAS ESTÃO EM 14 PAÍSES
Na sede da congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, em Linda-a-Pastora, respira-se o ambiente acolhedor que inspirou a fundadora. De origem nobre, Libânia do Carmo abraçou a vida religiosa em 1869 para chorar a morte prematura dos pais e escapar a um governo hostil.
Feitos os votos em França, por na época ser proibido em Portugal, assumiu o nome de Maria Clara do Menino Jesus e voltou ao país em 1871, tomando posse como Madre Superiora do Convento de São Patrício. Nasceu assim a ordem das então chamadas Hospitaleiras dos Pobres por Amor de Deus, que hoje, com outra designação e a mesma herança, se estende por 14 países, entre Europa, África, América Latina e Ásia, num total de 157 casas.
"Onde houver o bem a fazer, que se faça" é o lema destas religiosas: 1261 com votos perpétuos e 97 com votos temporários, explica a irmã Rosa Helena. A residir no Brasil há quatro décadas, Rosa Helena, de 74 anos de vida e 54 de congregação, dedicou os últimos anos a acompanhar o processo histórico para a beatificação da Mãe Clara.
"Foi difícil, pelo cúmulo de documentos, mas encontrámos dados no arquivo secreto do Vaticano, em Roma, e na Torre do Tombo, em Lisboa. A vida da nossa fundadora foi excepcional. Foi a única mulher a dirigir uma congregação, numa época em que isso era um fenómeno quase escandaloso. Mas, até pelas suas relações pessoais, sempre foi diplomata. Era nobre e tinha facilidade em driblar certos contratempos que surgiam por estarmos sob a alçada de um governo maçónico e por o rei português considerar ter o direito de nomear padres e bispos. O Papa de então só fazia a cerimónia", conta.
"Para não entrar em conflito com os bispos, e através deles com o governo português, a Madre Maria Clara assumiu sozinha a sua obra. E a beatificação só vem confirmar a decisão de 2008, quando foi considerada venerável".
Do trabalho da fundadora, Rosa Helena absorveu "a simplicidade de vida e a disponibilidade para tudo. Temos um trabalho amplo, dedicamo-nos a toda a forma de necessidade humana conforme as urgências do momento. Estamos no Hospital de Jesus, há ajuda a doentes de sida, crianças diferentes, idosos, recuperação de toxicodependentes e o ensino, que continua a ser uma das nossas missões", frisa.
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