BANCOS RESISTEM A TROCAR NOTAS DE 500
Imagine que chega a um balcão de um banco com uma nota de 500 euros (100 contos) e pede para lhe trocarem o dinheiro. O mais provável é que lhe respondam que o banco não troca esse tipo de notas.
Este episódio é real e aconteceu com um leitor do Correio da Manhã, que, após ter depositado um cheque numa conta de um amigo solicitou a troca da referida nota. A recusa fundamentou-se no facto de não ser cliente do banco. Surpreendido com a decisão, foi a outra dependência, desta vez de um grupo bancário diferente, a resposta foi a mesma.
Segundo fontes do Banco de Portugal “a nota de 500 euros tem curso legal em todos os países aderentes, o que, obrigatoriamente inclui Portugal. Desde a moeda de um cêntimo à nota de 500 euros, estamos a falar de espécimes monetárias de aceitação obrigatória”. Responsáveis do banco central dão o exemplo inverso para reforçar a ideia: “Se algum cliente quiser levantar dinheiro, pode fazê-lo exigindo uma nota de 500 euros. O que poderá acontecer é o banco não ter nenhuma disponível no momento do levantamento”.
O Banco de Portugal reconhece que a nota de 500 euros não tem uma circulação frequente no nosso país, mas não vê qualquer tipo de justificação que sustente o facto de os bancos se recusarem a trocar aquela nota.
Do lado da banca comercial a interpretação é diferente. “Não existe nenhuma norma que obrigue os bancos a trocarem dinheiro”, disse ao CM uma fonte de um dos maiores grupos financeiros a operar em Portugal.
O mesmo responsável justificou a recusa da troca da nota de 500 euros com os especiais deveres que os bancos têm de combate ao “branqueamento de capitais”.
“Temos de analisar duas situações diferentes: ou a pessoa é cliente do banco, e aí não se compreende porque é que ele não deposita a nota e depois levanta o que quiser nas máquinas automáticas. Ou então a pessoa não é cliente do banco, e aí não se compreende porque se dirige à instituição propositadamente para trocar uma nota de 500”, adiantou a mesma fonte.
Existe uma relação de confiança entre o banco e os seus clientes, que leva as instituições financeiras a resguardarem-se em relação a “estranhos”.
De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), o fraccionamento de grandes quantias com origem em actividades ilícitas em pequenas quantidades de dinheiro é uma das formas utilizadas no “branqueamento de capitais”.
200 MIL
Segundo o relatório anual do Banco de Portugal referente a 2002, deverão existir em Portugal cerca de 200 mil notas de 500, o que corresponde a 0,6 por cento do total das notas em circulação e em poder do banco central.
IMPORTADAS
As notas de 500 euros são os únicos espécimes monetários que não são produzidos em Portugal. A fábrica do Carregado imprime todo o tipo de notas, com excepção daquele valor. As notas são importadas da Alemanha.
MULTIBANCO
A falta de tradição portuguesa no papel-moeda de alto valor (a nota de valor mais alto foi de 10 contos), fez com que as autoridades monetárias optassem por não distribuir as notas de 500 euros nas máquinas Multibanco.
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