BES: cartas conforto à Venezuela eram "uma imprudência"
Ana Rita Barosa explicou que em junho foi chamada a uma reunião com o ex-presidente da comissão executiva do BES.
Ana Rita Barosa, ex-secretária de Estado de Miguel Relvas e antiga diretora do BES, disse no Parlamento que avisou Ricardo Salgado de que a emissão de cartas conforto à petrolífera venezuelana PDVSA era "uma imprudência".
Na comissão de inquérito ao BES, Ana Rita Barosa explicou que em junho foi chamada a uma reunião com o ex-presidente da comissão executiva do BES em que foi questionada sobre a possibilidade de os venezuelanos serem reembolsados antes do prazo sobre os valores da dívida da Espírito Santo International (ESI), empresa do GES.
"A questão que me é colocada é que há um fundo que tinha aplicações na ESI e que queria fazer alguma recuperação de liquidez ou se havia forma de recomprar a divida", explicou aos deputados.
A ex-diretora relatou ter respondido a Ricardo Salgado que "não via que fosse possível ser feito através do BES nem de outro banco", dada a fraca qualidade dos títulos da ESI para uma operação com colateral.
Rita Barosa garantiu também que foi clara ao avisar o ex-líder do BES que independentemente de tudo as cartas seriam sempre uma imprudência. "Naquela altura não fazia sentido nenhum o banco emitir aquelas cartas", sublinhou.
Segundo a antiga responsável do BES, o tema das cartas só regressou já com a nova administração do banco, liderada por Vítor Bento. Ana Rita Barosa argumentou que ficou convicta de que o tema teria sido esquecido. E lembrou que só em agosto é que os venezuelanos alegaram ter em sua posse essas cartas conforto, apesar de terem por várias vezes contactado o BES no sentido de solicitar o vencimento antecipado do investimento.
A ex-diretora do BES criticou ainda o conteúdo das cartas, porque "os termos financeiros eram muito básicos". "Se eu fosse investidor aquela carta não significaria uma garantia."
Na apresentação de contas do primeiro semestre de 2013, o BES foi obrigado a registar uma provisão de 267 milhões de euros por causa das cartas conforto assinadas por Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo.
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