Crédito para comprar casa pago em menos tempo

O prazo médio para pagar a casa ao banco desceu, o ano passado, para 30,6 anos, de acordo com um balanço à concessão de crédito às famílias divulgado esta segunda-feira pelo Banco de Portugal (BdP). Um valor superior ao desejado pela instituição - 30 anos - mas melhor do que os 33 anos de 2018, ano em que o regulador decidiu apertar as regras na concessão dos empréstimos e vigiar de perto o seu cumprimento.

Para além da redução do prazo de maturidade do crédito à habitação, também se registou "uma melhoria do perfil de risco dos mutuários das novas operações de crédito à habitação, com uma redução da percentagem de crédito concedido a mutuários de risco elevado".

Esta evolução deve-se principalmente, segundo o regulador, ao aumento da percentagem de novas operações de crédito à habitação com a diferença entre o valor do imóvel e o empréstimo inferior ou igual a 80%, num contexto de subida das taxas de juro e dos preços da habitação. Em média, os bancos emprestaram 69% do valor do imóvel, face aos 78% registados em 2018.

Estes são sinais de que os bancos estão a cumprir as regras definidas em 2018 pelo BdP, mostrando prudência na concessão de créditos.

O objetivo destas regras mais restritivas no crédito é, garante a instituição, "fortalecer a resiliência das instituições financeiras e minimizar o risco de incumprimento dos mutuários".

O regulador bancário refere ainda o elevado número de transferências de crédito entre instituições e admite que esse fenómeno possa ter "um impacto significativo nos dados analisados", já que esses créditos são considerados novos para o acompanhamento que é feito. 

PORMENORES

Risco

O crédito à habitação concedido o ano passado a clientes com risco elevado (taxa de esforço superior a 60%) foi 3% do total (a mesma proporção desde 2020) e a clientes com risco intermédio 36% do total (abaixo dos 48% de 2022).

Sete anos

Mais de 80% dos empréstimos concedidos o ano passado para a compra de automóvel deverão ser pagos entre os cinco e os sete anos. Com um prazo de maturidade entre os sete e os 10 anos encontram-se apenas cerca de 1% do crédito automóvel concedido, ainda segundo o Banco de Portugal.

Vigilância

A vigilância do Banco de Portugal ao crédito pessoal - para evitar a sua utilização como complemento ao crédito à habitação - está a dar resultado: menos de 1% do montante total concedido em 2023 foi concedido simultaneamente ao cliente com crédito à habitação e pessoal.