"Era difícil que o Banif não corresse mal"
Afirmação de António Varela.
António Varela, que desempenhou funções de administrador do Estado no Banif e que foi administrador do Banco de Portugal, afirmou no Parlamento que "era difícil que o Banif não corresse mal".
"Escusava era de correr tão mal no fim", acusou o responsável, que saiu da supervisão financeira em março deste ano em cisão com o governador Carlos Costa.
António Varela adiantou ainda aos deputados da comissão parlamentar de inquérito ao Banif que avisou o Primeiro-ministro, o ministro das Finanças e o secretário de Estado do Tesouro que era possível conseguir uma solução melhor que a resolução, através das propostas de venda que seriam apresentadas no dia 18 de dezembro.
"Se tivesse havido tempo e condições para que o processo de venda fosse conduzido normalmente e se o objeto de venda [Banif e respetivos ativos] tivesse sido devidamente preparado, teria sido possível chegar a uma solução melhor", frisou.
Varela foi ainda mais longe e sublinhou que "a limitação da Direção Geral de Concorrência quanto ao perfil dos investidores significou que na prática não houve concorrência durante o processo", ou seja, na prática Bruxelas exigia que a venda fosse feita a bancos cujo perfil encaixava no Santander e no Banco Popular.
O ex-administrador do Banco de Portugal reconheceu também que a decisão do Banco Central Europeu, na derradeira semana do Banif e após a notícia da TVI, de retirar o estatuto de contraparte ao banco - impedindo-o de se financiar - não permitia outra alternativa que não a resolução ou a venda na segunda-feira seguinte, dia 20 de dezembro.
Sobre o período em que exerceu funções como administrador não executivo nomeado pelo Estado no Banif, António Varela descreveu o cenário que encontrou. "Antes de 2012, [o Banif] era um banco muito, muito mau. Era um banco péssimo."
Para o ex-supervisor, o banco "Tinha tido uma estratégia completamente errada" e uma "má política de concessão de crédito", com uma carteira composta por "meia dúzia de clientes e elevada exposição ao imobiliário". "O Banif não tinha sistema informático nem uma direção de risco que funcionasse."
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