"Favorecimento [ao Santander] nunca aconteceu"

Mário Centeno na comissão de inquérito parlamentar.

19 de abril de 2016 às 12:27
Santander, Mário Centeno, Banif, ministro das Finanças, Banco Central Europeu, BCE Foto: Mário Cruz/Lusa
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O ministro das Finanças rejeita ter intercedido a favor da proposta do Santander Totta no processo de venda do Banif e contraria as afirmações da presidente do conselho de supervisão do Banco Central Europeu (BCE), Danièle Nouy, num email tornado público na comissão de inquérito parlamentar.

"Nunca tentei convencer ninguém nem persuadir ninguém que a prioridade máxima era o Santander", disse Mário Centeno nas respostas ao deputado do PSD Luís Marques Guedes na segunda audição do ministro na comissão de inquérito ao Banif.

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O governante acabou por confirmar ter reunido com o vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, no dia 17 de dezembro, em Frankfurt. Isto apesar de na primeira audição ter sido pouco claro sobre a reunião e os intervenientes. Centeno disse que o encontro em Frankfurt foi sobre o sistema bancário português e não sobre o Banif, ainda que poucas horas antes o governador do Banco de Portugal tivesse dito que Mario Draghi o informou que iria receber uma delegação portuguesa em Frankfurt e que o tema da reunião era o Banif. Além de Mário Centeno, esteve presente o primeiro-ministro, António Costa.

Há dois emails de Danièle Nouy, divulgados pelo PSD, em que a presidente do conselho de supervisão dizia ao Banco de Portugal ter recebido um telefonema de Vítor Constâncio e Mário Centeno onde estes lhe pediam para que desbloqueasse junto da Comissão Europeia a proposta do Santander Totta. Centeno insiste que "o favorecimento [ao Santander] nunca aconteceu". "O que aconteceu foi a preocupação do Governo com a condução do Governo com todas as autoridades e face a todas as propostas existentes."

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Num segundo email, Danièle Nouy diz ao ministro das Finanças que "a conversa com o Santander correu muito bem" e adianta que "a Comissão Europeia aprovará", dando a entender estar a referir-se à proposta do banco espanhol.

Tal como na primeira audição, Mário Centeno voltou a repetir que "não houve qualquer tentativa de privilégio do Governo em relação a qualquer proposta".

Sobre a reunião em Frankfurt com Mario Draghi e Vítor Constâncio, um dia depois de o BCE ter decidido suspender o estatuto de contraparte ao Banif, o governante garantiu que não foi informado sobre a supressão de liquidez, ainda que o tema Banif tenha sido abordado no encontro.

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