Salgado pediu cautela no afastamento de Álvaro Sobrinho
Revelação foi feita na comissão de inquérito ao BES por António Souto.
Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do BES, pediu que a saída de Álvaro Sobrinho da liderança executiva do BESA fosse gerida com cautelas, pois era preciso tratar o banqueiro angolano "com consideração" durante o processo de
mudança da governação da instituição angolana.
A revelação foi feita na comissão de inquérito ao BES por um ex-administrador executivo do banco, António Souto.
"O Dr. Ricardo [Salgado] sempre achou que se devia ter consideração, em relação a Álvaro Sobrinho, na passagem de testemunho", explicou o ex-gestor com o pelouro das empresas do BES aos deputados da comissão de inquérito.
Segundo o antigo responsável, foi essa cautela que levou a que a saída de Sobrinho do BESA não fosse imediata, tendo num período intermédio ocupado o lugar de presidente não executivo do banco angolano.
Na altura, o BES tinha já enviado Rui Guerra para gerir o banco, uma função que segundo António Souto não foi fácil de realizar. "Rui Guerra foi demonstrando desconforto na sua capacidade de acesso aos dossiês e na capacidade de implementar um plano claro de desalavancagem no BESA."
O bloqueio criado pelo banqueiro angolano acabou por ditar o total afastamento do BESA, explicou Souto. E acrescentou: "Chegou-se à conclusão que só havia uma maneira: substituindo diretamente o Dr. Sobrinho."
"Em julho de 2013, Rui Guerra teve então mãos livres para aceder a toda a informação", adiantou o ex-gestor.
Foi nessa altura que se começaram a descobrir os problemas com a carteira de créditos do BESA, com a maior parte do crédito concedido em incumprimento.
"Numa tragédia nacional imagino que possa o crédito vencido possa chegar aos 20%. O que ultrapassa estes valores já não é uma questão de gestão, mas de polícias", argumento António Souto.
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