Vieira da Silva nega empurrão no Montepio

O ministro do Trabalho e da Segurança Social garantiu no Parlamento que o Governo não "empurrou" a Santa Casa para entrar no capital do Montepio. Vieira da Silva vincou que apenas interferiu numa fase inicial, ao sugerir o negócio, e que, posteriormente, não se envolveu mais.

O ministro deixou claro, na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social, que o "Governo nunca empurrou a Santa Casa para coisa nenhuma". Vieira da Silva esclareceu ainda que a aplicação do capital da Santa Casa naquela instituição financeira "não afasta a instituição daquela que é a sua missão". Vieira da Silva acrescentou que o banco está, por isso, "preparado para lidar com o setor social", numa relação que, do ponto de vista do ministro, "é tão boa para o Montepio como para a Santa Casa".

Sobre quem teve a ideia original do negócio, o governante detalhou que o eventual investimento na Caixa Económica foi iniciado pelo Governo, que apresentou a hipótese ao então provedor, Pedro Santana Lopes, e ao vice-provedor, Edmundo Martinho, que é quem lidera agora a Santa Casa. Vieira da Silva assegurou que só aproveitou a disponibilidade que a Santa Casa demonstrou para entrar no setor financeiro e recordou uma entrevista de Santana em que este admitia até poder olhar para o Novo Banco.

Depois de ter dado início ao processo, Vieira da Silva alega que não voltou a ter qualquer envolvimento. "Foram desenvolvidas iniciativas conduzidas pelas entidades interessadas, sem participação de mim próprio ou de alguém do meu gabinete ou do Governo."

Durante a campanha para as eleições diretas do PSD, Santana afirmou que, na altura, teve pressão do Governo e do Banco de Portugal para avaliar uma participação no Montepio. Vieira da Silva insistiu que "está tudo de acordo com a lei" e que "não há nada escondido".

CDS quer ouvir o governador a explicar-se

O CDS-PP vai pedir a audição do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, para que preste esclarecimentos sobre a entrada da Santa Casa no Montepio.

"Continuam muitos aspetos por clarificar. Depois de termos inquirido o ministro [do Trabalho] e de termos procurado perceber o nível de intervenção do BdP, vamos pedir que o governador venha clarificar esta matéria", disse Anacoreta Correia.