Em causa está uma fraude de 70 milhões de euros associada ao comércio do ouro e prata.
1 / 2
O Juízo Central do Porto aplicou esta sexta-feira penas de prisão efetivas, até sete anos, a seis envolvidos numa megafraude fiscal e determinou que alguns paguem ao Estado quantias milionárias.
Só num dos casos, o tribunal decidiu obrigar o arguido a restituir ao Estado a vantagem económica obtida de, exatamente, 34.720.999,32 euros.
A presidente do coletivo de juízes, Liliana Páris Dias, considerou esta fraude fiscal como sendo "de proporções escandalosoas".
Em causa está, neste processo, uma fraude de 70 milhões de euros associada ao comércio do ouro e prata, que se traduziu na prática dos crimes de associação criminosa, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
Ao caso foram ligados 20 arguidos singulares e 30 sociedades, do Porto e concelhos periféricos, mas os processos de três acusados foram separados, pelo que a lista de arguidos passou a compreender 29 empresas e 18 pessoas, oito das quais foram, conforme concluiu o Ministério Público (MP), as que mais lucraram com o esquema, já que "deixaram de entregar à autoridade tributária" exatamente 69.371.371,94 euros, entre 2014 e 2016.
No acórdão proferido esta sexta-feira, alguns arguidos com papel menos importante no caso foram condenados a penas suspensas, decidindo-se também algumas absolvições. As sociedade arguidas foram condenadas a multas.
Dirigindo-se aos arguidos, a juíza Liliana Páris Dias disse que o tribunal e a sociedade "não podem tolerar este tipo de comportamentos", que envolvem "montantes avultadísismos" e que obrigam "todo o resto da comunidade contribuinte a fazer um esforço adicional" e a ser "esmagada por impostos".
Segundo o MP, o grupo conhecia bem os mecanismos do IVA e do IRC e dominava os meandros do comércio de ouro usado. Tal conhecimento permitiu-lhes colocar em prática um plano que "visava não pagar ao Estado impostos a título de IVA e IRC e, nessa medida, enriquecer o seu património pessoal e das sociedades que geriam, à custa do erário público".
O plano continha, segundo a acusação, "duas vertentes distintas", uma delas dirigida à apropriação do IVA, "quer através da simulação de transações quer através da criação de circuitos de faturação a que não estavam subjacentes quaisquer transações efetivas de mercadorias".
A outra vertente era "dirigida à diminuição do lucro tributável, com o empolamento dos custos baseados em operações não efetuadas da forma titulada pelas faturas", segundo o processo.
Central nesse processo, por alegadamente ter arquitetado o plano ao pormenor, foi um contabilista certificado de sociedades arguidas que, entretanto, morreu.
De acordo com a acusação, o homem usava parte dos proventos que recebia para proveito próprio e destinava outra parte "para recompensar as pessoas que angariou para o ajudar": os chamados testas-de-ferro, pessoas com problemas de sobrevivência que, a troco de dinheiro, "emprestavam" o nome aos "circuitos de papel" engendrados, sem saberem muito bem os riscos que corriam.
Numa das sessões deste julgamento, um homem assumiu a condição de testa-de-ferro de um dos mentores do esquema.
"Nunca emiti qualquer fatura, nunca tive acesso a qualquer cheque", afirmou, admitindo, contudo, que "abriu a atividade" nas Finanças a pedido de um homem que disse não se encontrar entre os arguidos presentes na sala de audiências e a troco de uma remuneração, que aceitou por estar então desempregado.
Recebeu dinheiro "nas sete vezes" que se encontrou com esse homem, num total de pouco mais de 500 euros. "E nunca mais o vi", garantiu.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.