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Créditos ruinosos castigam Novo Banco

Ficou com 44 créditos problemáticos de “amigos” da família Espírito Santo no valor de 4,250 mil milhões de euros.

22 de março de 2019 às 08:33

O presidente do Novo Banco, António Ramalho, afirmou esta quinta-feira no Parlamento que as perdas da instituição que lidera resultam dos créditos tóxicos herdados do BES, uma vez que, segundo adiantou, a resolução de agosto de 2014 separou a família Espírito Santo do banco bom, mas não separou "os amigos".

Em causa estão 44 créditos problemáticos, de montante superior a 4,250 mil milhões de euros, dos quais Ramalho assegura terem já sido recuperados 1,5 mil milhões de euros.

Durante uma audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, e depois de confrontado por João Paulo Correia, deputado do PS, sobre se as imparidades do Novo Banco diziam respeito a créditos do BES ou a operações posteriores, António Ramalho esclareceu: "[Com a resolução] foi separada a ‘family’ (família), mas não se separou ‘family and friends’ (família e amigos).

Contudo, apesar dessa "herança pesada" dos amigos, expressa nos 44 créditos mais mediáticos, cujo valor ascende a 4,250 mil milhões de euros, o presidente do Novo Banco referiu ainda que já foram recuperados 500 milhões em ativos e imóveis e mil milhões em dinheiro.

Na audição de ontem foi entretanto anunciado que o PSD irá propor uma auditoria independente ao período pós-resolução, para perceber, segundo o deputado social-democrata António Leitão Amaro, "o que aconteceu desde que não há avaliação".

O PSD segue, assim, a posição já defendida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O Governo quer também uma auditoria, mas à concessão dos créditos problemáticos no tempo do BES.

"Estou desejoso de uma auditoria que esclareça de forma clara o que se passa do ponto de vista da organização e gestão do banco", respondeu Ramalho a Leitão Amaro.

Mas avisou: "Espero que a auditoria do presente não sirva para branquear o passado".

Administração recusou bónus automáticos

António Ramalho revelou o seu salário. "Ganho 25 759 euros brutos, o que dá cerca de 11 mil euros líquidos. Este ano toda a administração recusou receber os bónus, que eram de atribuição automática, e que estavam indexados à diminuição das imparidades", afirmou, acrescentando que o banco tem neste momento 44 366 ações executivas colocadas em Tribunal para recuperar os créditos em falta.

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