Artigo exclusivo
Decisão da APA não faz referência à diferença de valores entre o que a EDP pagou ao Estado pelas barragens e o seu preço de venda.
1 / 3
        A APA autorizou o negócio entre a EDP e a Engie, em novembro de 2011, “na sequência de aturada e detalhada análise”, refere a decisão do presidente da APA. Num documento com oito páginas, Nuno Lacasta não faz qualquer menção à diferença entre o que a EDP pagou ao Estado, a título de equilíbrio económico-financeiro pela utilização dos recursos hídricos do domínio público, e o valor pelo qual vendeu à Engie as barragens de Miranda do Douro, Picote, Bemposta, Baixo Sabor, Feiticeiro e Foz Tua.A decisão da APA contrariou um parecer da sua diretora do Departamento de Recursos Hídricos (DRH). Nesse parecer, Maria Felisbina Quadrado considerou que a diferença de valores colocava “em causa o interesse público.” Por isso, foi categórica: “Considera-se não estarem reunidas as condições para autorizar a transmissão destes AH [barragens].” E acrescentou: “Propõe-se que seja solicitado um parecer jurídico que avalie se fica garantido o interesse público com a transmissão de cada uma destas concessões.”Para a diretora da APA, este parecer deveria ter uma componente económica. Ou seja, segundo fontes conhecedoras do processo, pretendia-se avaliar de que modo o Estado devia renegociar o equilíbrio económico-financeiro com a EDP, para compensar “o valor baixo” fixado por um despacho do então ministro da Economia Manuel Pinho, em 2007. A APA pediu um parecer à Parpública, mas esta entidade pública considerou não ter condições para analisar o negócio.Na sequência da polémica, o presidente da APA afirmou que as dúvidas existentes, em julho de 2020, foram esclarecidas e desvalorizou o parecer do DRH. PORMENORES Douro Internacional O parecer da diretora do Departamento de Recursos Hídricos da APA coloca uma grande ênfase nas três barragens do Douro Internacional: Miranda do Douro, Picote e Bemposta. Diferenças destacadas A diretora da APA comparou o equilíbrio económico-financeiro das barragens de Miranda do Douro, Picote e Bemposta com o seu valor associado à venda à Engie: a EDP pagou ao Estado 78,1 milhões de euros e o valor no negócio ultrapassou 1,7 mil milhões de euros. Sabor sem contrapartida A diretora da APA frisou que a EDP obteve a concessão da barragem do Baixo Sabor sem concurso público e não pagou contrapartida ao Estado. A EDP diz que "não foi devida compensação ao Estado" e que "a lei e os contratos foram cumpridos". Água é estratégica  A diretora da APA frisou que as barragens "representam muito mais do que um simples negócio de energia (...), atendendo ao armazenamento significativo de água que lhes está associado, estratégico para o desenvolvimento do País". Fuga fiscal sob suspeita O negócio está a ser investigado, por suspeita de fuga fiscal. O Fisco está a apurar se têm de ser pagos Imposto de Selo, IMT e IRC sobre lucros. Profissional rigorosa e competente Maria Felisbina Quadrado é diretora do Departamento de Recursos Hídricos da APA desde 2014. Licenciada em Engenharia do Ambiente, é considerada uma profissional rigorosa e competente. Ao que o CM apurou, conhece bem os termos em que funciona o equilíbrio económico-financeiro das concessões das barragens da EDP. Estado sem interesse na preferência O ministro do Ambiente justificou a autorização do negócio da EDP com a Engie de forma simples: "O Estado não tinha e não tem interesse em fazer exercer o direito de preferência [nas barragens vendidas pela EDP]." EDP diz que custo com barragens foi mais elevado A EDP alega que o custo com as barragens vendidas à Engie por 2,2 mil milhões de euros "é substancialmente superior ao valor pago pelo consórcio". Para fazer o negócio com a Engie, a EDP criou a Cameringia Hidroelétricos, que passou a ser dona dessas barragens. No ativo da Cameringia, as barragens foram registadas com o valor de 1,8 mil milhões de euros. Ou seja, no âmbito deste negócio, as barragens foram registadas com um valor inferior a 2,2 mil milhões de euros. Dada a diferença entre o preço de venda e o valor do ativo, a EDP terá tido lucro no negócio. A EDP diz ainda que "os valores indicados na correspondência da APA não refletem a totalidade do valor despendido pela EDP". Ou seja, segundo a EDP, as barragens não valorizaram 1500%.n Pinho terá dado benefício milionário Manuel Pinho, como ministro, terá dado à EDP um benefício indevido de 852 milhões de euros, segundo os autos do caso EDP: fixou que a EDP pagava 759 milhões de euros pela extensão da exploração de 27 barragens por 25 anos. O mínimo seria de 1,6 mil milhões.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
                        O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário. 
                        O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
                    
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
                    Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login. 
                    Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
                
E usufrua de todas as vantagens de ser assinante
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.