Kate chama histéricos aos filhos no diário

O diário de Kate é fundamental para os investigadores da Polícia Judiciária, que o encontraram aberto na vivenda alugada pelos McCann depois do desaparecimento de Madeleine do Ocean Club.

13 de setembro de 2007 às 13:01
Kate chama histéricos aos filhos no diário Foto: Epa
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O diário não foi apreendido por se enquadrar, juridicamente, no âmbito da correspondência privada, mas foi analisado pelos investigadores policiais. Por não poder ser valorado como prova, os elementos da PJ pediram agora ao procurador do Ministério Público que requeresse a sua apreensão formal. O que terá de ser feito pelo juiz de instrução, em despacho próprio, de forma a que o mesmo não venha depois a ser invalidado.

Ainda segundo o CM apurou, a importância do diário é considerada elevada. Naquele, Kate revela traços da sua personalidade. Queixa-se frequentemente que os filhos são “histéricos” e fala de Madeleine como uma criança cujo excesso de actividade lhe consome as forças. Conta também que Gerry não a ajuda nas tarefas familiares e que recai sobre si a obrigação de tratar dos mais pequenos. O CM sabe ainda que Kate revela também pormenores do dia 3 de Maio. Não confessa qualquer crime, mas descreve as horas anteriores ao desaparecimento de Maddie.

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Ontem, um jornal inglês dizia ainda que a PJ pretende também apreender o computador pessoal de Gerry. O objectivo será aceder à sua caixa de mensagens, diligência que nunca foi feita por os pais só agora serem formalmente suspeitos.

EXAMES AINDA NÃO CHEGARAM

Os exames biológicos que estão a ser feitos no Laboratório de Birminghan ainda não chegaram. Faltam as confirmações dos perfis genéticos recolhidos no apartamento de onde a criança desapareceu que, a serem de Madeleine, vêm reforçar a tese de morte e ocultação de cadáver.

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Enquanto o juiz de instrução não se pronuncia sobre os pedidos feitos pela PJ, as autoridades vão continuar a trabalhar no caso. As diligências são agora menos visíveis, mas não estão completamente excluídas as buscas em locais onde não é necessário obter mandados judiciais.

DIÁRIO DE RITTO FOI RECUSADO

No processo da Casa Pia, a Polícia Judiciária tentou também apreender um diário privado. O documento foi encontrado na casa do embaixador Jorge Ritto, que continua a ser julgado por abusos sexuais no Tribunal de Monsanto. O documento revelava a vida privada do suspeito e era também considerado fundamental. Aí, Ritto revelava pormenores da sua vida íntima e contava mesmo experiências sexuais que teria mantido com rapazes.

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O Tribunal Constitucional veio depois dizer que o diário não podia ser considerado como prova porque a sua apreensão não havia sido precedida de um despacho do juiz. Os magistrados do Tribunal Constitucional consideraram que aquele documento deveria ser equiparado à correspondência privada, que tem uma dupla protecção jurídica. E que tal como as cartas fechadas só poderia ser lido se um juiz o autorizasse.

AMIGOS VOLTAM A SER OUVIDOS

A Polícia Judiciária quer voltar a ouvir os amigos dos McCann que os acompanhavam nas férias à altura do desaparecimento de Madeleine.

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Os pedidos de inquirição formal devem seguir nos próximos dias para Inglaterra, não tendo, neste caso, que transitar pelo juiz de instrução. Tratam-se então de audições por cartas rogatórias, onde a Polícia Judiciária terá de fornecer todos os elementos à polícia inglesa. Terá ainda de explicar o que quer que as testemunhas digam, fornecendo também todos os elementos suplementares.

Estas diligências podem no entanto demorar até serem feitas. Não há qualquer prazo para que as autoridades inglesas respondam, sendo conhecida a sua pouca colaboração em termos de cooperação judicial.

FUNDO NÃO PAGA DEFESA DOS MCCANN

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A direcção do fundo Madeleine reuniu-se ontem e decidiu que os donativos recolhidos desde Maio, num total superior a milhão e meio de euros, não serão utilizados para pagar as despesas legais dos pais por suspeita de envolvimento no desaparecimento da menina.

A decisão foi anunciada por Esther McVey, amiga de infância de Gerry e única mulher nos sete cargos de director. Os dois familiares dos McCann com assento na direcção do fundo – Brian Kennedy e John McCann – não participaram na votação. “Os directores decidiram não pagar os custos das despesas legais dos McCann. Sublinhamos que Kate e Gerry não pediram que esses custos fossem pagos”, disse Esther McVey.

A directora explicou, com base em dois pareceres jurídicos, que o pagamento da defesa do casal pelo fundo seria “legalmente permissível” desde que sujeito a condições de reembolso em caso de condenação. A direcção optou por valorizar o espírito dos donativos. O fundo foi estabelecido com três objectivos imediatos: procurar Madeleine, apoiar a família e levar os raptores à Justiça e – posteriormente – ajudar outras crianças desaparecidas. Por ter objectivos particulares prioritários não obteve estatuto fiscal de caridade.

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Antes da reunião de ontem os McCann tinham anunciado que não iriam recorrer ao fundo para pagar as suas despesas legais. O casal contratou em Portugal o advogado Carlos Pinto de Abreu. No dia em que regressou a Inglaterra, domingo, anunciou ter pedido apoio legal ao gabinete de Michael Caplan. É um dos advogados mais caros do Reino Unido. Os seus serviços podem custar até 700 libras (1022 euros) por hora. Esteve envolvido na defesa de Pinochet num caso de extradição em 1999.

CONDOMÍNIO PRIVADO EM ROTHLEY

As dezenas de jornalistas que se encontram à porta da casa dos McCann, em Rothley, estão agora a mais de cem metros da entrada principal, por imposição da polícia. A casa dos McCann (à esq.) é a maior do condomínio e está avaliada em 750 mil euros. Gerry e Kate vivem ali desde Maio do ano passado, depois de terem saído da zona de Leicester. O condomínio onde vive a família é marcado pela presença de automóveis topos de gama e grandes relvados com piscinas exteriores. Trata-se de um bairro de classe alta, na pequena vila inglesa.

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JUÍZ TERÁ COMEÇADO A LER O PROCESSO

Pedro Daniel dos Anjos Frias, de 38 anos, transitou do 2.º juízo da Comarca de Lagos num movimento judicial, em Julho, para a instrução criminal do círculo, ficando responsável pelas comarcas de Portimão, Lagos, Monchique e Silves. O juiz, que já terá começado a ler os dez volumes relativos ao caso Maddie, tomou posse ontem na Comarca de Portimão, pelas 15h00, e iniciou funções de imediato com dois interrogatórios judiciais, devolvendo a liberdade a dois romenos que praticaram um furto. Durante as diligências, Pedro Frias pediu a dois agentes da PSP que impedissem os jornalistas de o observar pelas janelas da sala de audiências de modo a manter a sua privacidade. O ‘CM’ sabe que pondera falar à imprensa, mas terá de pedir autorização ao Conselho da Magistratura por causa do dever de reserva a que está obrigado.

PROCURADOR ACOMPANHA INVESTIGAÇÃO

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José de Magalhães e Meneses (na foto) tem mais de 50 anos e é dos procuradores mais antigos do tribunal e do círculo de Portimão. Considerado pela classe como um profissional muito competente, discreto e extremamente ponderado tem acompanhado de perto o caso do desaparecimento de Madeleine McCann. A ajudá-lo neste mediático caso está um procurador-geral adjunto que foi nomeado ontem pelo procurador-geral distrital de Évora, Bilro Verão. José de Magalhães e Meneses acompanha de perto a investigação, embora não tenha presidido aos interrogatórios. Durante os mesmos esteve sempre em contacto telefónico com a Polícia Judiciária, à qual foi dando instruções. Foi também quem decidiu não emitir o o mandado de detenção contra os McCann.

INDÍCIOS CONTRA OS MCCANN

Cães da polícia britânica, capazes de farejarem odor de cadáver, detectaram um rasto de morte desde o Ocean Club até à Igreja da Luz e daqui para a praia (ver infografia nesta página). O mesmo cheiro foi descoberto nas roupas de Kate. Manchas de sangue e cabelos de Maddie foram encontrados no carro e no apartamento

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CARRO ALUGADO PELO CASAL 25 DIAS DEPOIS DO DESAPARECIMENTO DE MADDIE

- Os cães ingleses detectaram cheiro a cadáver na bagageira e nas chaves

- Polícia Científica recolheu vestígios de sangue e de cabelos de Maddie junto da roda sobressalente, debaixo do tapete da bagageira

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APARTAMENTO DO OCEAN CLUB

- Vestígios de sangue de Maddie no chão e nos cortinados da sala

- Cães ingleses descobriram odor a cadáver na sala, no quarto e num armário

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2.ª CASA, PERTO DO OCEAN CLUB

- Cheiro a cadáver numa camisola e num par de calças de ganga de Kate McCann e no ursinho da menina

PAIS LEVAM GÉMEOS AO PARQUE

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Após três dias fechados em casa os gémeos Sean e Amelie tiveram finalmente direito a ultrapassar a zona envolvente da vivenda McCann para irem ao parque. Menos de uma hora de brincadeira, num dia em que se discutia o seu futuro com os pais. Elementos da polícia e serviços sociais ingleses já se reuniram para avaliar o caso e os McCann vão ter de esclarecer porque deixavam os três filhos sozinhos.

Kate e Gerry decidiram ontem furar a barreira de dezenas de fotógrafos para que Sean e Amelie pudessem aproveitar, ao final da manhã, o pouco Sol que por estes dias espreita a cinzenta e pacata vila de Rothley.

A mãe de Madeleine deixou escapar um sorriso quando foi fotografada à saída de casa, mas manteve a mesma expressão apática com que desembarcou no domingo em Inglaterra, enquanto o marido se mostrava mais activo, quer no contacto com os filhos, com os assessores e os dois agentes que guardam a vivenda durante 24 horas. E foi Gerry, de resto, quem conseguiu que o perímetro policial fosse alargado a cem metros – para passarem de carro os vizinhos dos pais de Madeleine têm agora que se identificar.

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Não fazem comentários mas todo este caso mediático mexe com a vida de quem vive no condomínio The Crescent, onde o casal McCann morava antes de se mudar para Rothley.

O assessor de Kate e Gerry, David Hughes, impediu o trânsito durante cerca de 20 segundos, com o único comunicado do dia, e um morador em fúria apitou várias vezes para poder passar.

O casal não quebrou o silêncio mas fez ontem a primeira aparição na vila ainda não eram 12h00. Discretos, ausentaram-se de casa na carrinha verde de Gerry e fizeram de tudo para evitar a imprensa. Kate entrou com os filhos de dois anos e acomodou-se no banco de trás, enquanto o médico se sentou ao volante com o assessor David Hughes ao lado.

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Arrancaram para passarem uma hora com os filhos num parque relvado à saída da vila, avisou o assessor. O passeio, longe do olhar atento dos jornalistas e sem a presença de fotógrafos, terminou 45 minutos depois, quando regressaram a casa.

Os dois elementos policiais que estão de vigia apressaram-se a abrir alas ao casal McCann e voltaram a atravessar o carro em plena passagem dos vizinhos. Sem hesitar, empurraram as equipas de televisão e jornais para o outro lado da estrada.

O curto passeio da família McCann, reduzida há quatro meses a quatro elementos depois do desaparecimento de Madeleine no Algarve, foi organizado por David Hughes.

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Minutos antes de o casal sair de casa o porta-voz dos McCann dirigiu-se apressado aos jornalistas e pediu-lhes que respeitassem a privacidade de Kate e Gerry mas, sobretudo, a das crianças. Em troca de uma hora de sossego os repórteres tiveram direito às imagens do casal a sair de casa para o seu primeiro dia mais próximo da normalidade.

Só um fotógrafo, o escolhido pelos McCann, teve direito a erguer a objectiva na direcção do casal para registar aquele momento.

PAIS LANÇAM DESAFIO À PJ

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Gerry McCann terá ontem lançado um desafio à Polícia Judiciária de Portimão. A declaração apareceu escrita no site do jornal inglês ‘Daily Mail’, que cita fonte próxima do pai de Madeleine. “Encontrem o corpo e provem que nós a matámos”, seria então o repto do médico, que continua a recusar as suspeitas dos investigadores da Polícia Judiciária que, no final da semana passada, o constituíram arguido por suspeita de ter morto a filha e ocultado o seu cadáver. Kate está também indiciada pelos mesmos crimes e ambos prestaram termo de identidade e residência.

CARRO NÃO FOI ENTREGUE

O Renault Scénic que os McCann alugaram no Algarve ainda não foi entregue. O contrato só termina a 20 de Setembro, mas ainda se desconhece se o casal de médicos irá entregar nessa altura o carro. O mesmo foi alugado a 27 de Maio, 24 dias depois de Madeleine ter sido vista pela última vez no Algarve. Foi naquela viatura que foram encontrados vestígios de sangue que o laboratório inglês disse que podiam corresponder ao perfil genético de Maddie e diversos jornais ingleses garantiam ontem que os McCann iam agora submeter a viatura a análises privadas.

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POLÍCIA ALERTA PARA CLIMA DE HOSTILIDADE

O clima de hostilidade para com os McCann levou “a polícia de Leicester a adverti-los para tomarem precauções ao deixarem a casa perante a possibilidade de serem agredidos”, revelou ontem o jornal espanhol ‘ABC’. Também a estação de rádio da BBC foi obrigada a suspender as chamadas telefónicas dos ouvintes do programa onde perguntava: “Apoia os McCann?”, perante o elevado número dos que criticavam o casal. O ‘ABC’ noticia ainda que 17 mil assinaram uma petição on-line para pedir aos serviços sociais de Leicester para investigarem em que condições os McCann deixaram os filhos sozinhos. Por sua vez, o ‘El Mundo’ cita o CM sobre o facto de o rasto de morte chegar à Igreja da Praia da Luz e sobre as novas diligência para examinar o templo.

O CASO NA IMPRENSA BRITÂNICA

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'TIMES'

Pais de Maddie estudam a criação de um novo fundo destinado a obter verbas para a sua defesa na Justiça portuguesa.

'TELEGRAPH'

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São quatro mil o número de páginas do dossiê do caso Maddie que inclui as provas do ADN de Maddie recolhidas.

'THIS IS LONDON'

O não aparecimento do corpo de Madeleine mantém enfraquecidas as suspeitas de que os pais foram responsáveis pela morte.

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'THE HERALD'

Serem acusados dá a oportunidade de limparem os seus nomes na Justiça, referiu Philomena, irmã de Gerry, pai de Maddie.

'DAILY MAIL'

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A australiana Lindy Chamberlain (condenada e depois perdoada por ficar provado que um cão matou a filha) apoia os McCann.

'SKY NEWS'

Algarve não esquece Maddie tal a quantidade de cartazes da menina espalhados pela montras ou fitas amarelas em igrejas.

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TELEFONES VERIFICADOS

O cruzamento dos telefonemas feitos na hora em que se presume que Maddie desapareceu não indicia a existência de um rapto

INGLESES COLABORAM

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Desde que a PJ começou a investigar o desaparecimento que a polícia inglesa tem colaborado na investigação. E sabia que as suspeitas apontavam para os pais

CÃES SUGERIDOS POR BRITÂNICOS

O envio dos cães ingleses para a Praia da Luz foi sugerido pela polícia britânica, que apoiou a utilização dos animais no Ocean Club e na praia da Luz

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REVIRAVOLTA NA INVESTIGAÇÃO

A polícia inglesa foi préviamente informada de que os pais seriam ouvidos como suspeitos. Dois agentes estavam na PJ e tomaram conhecimento dos interrogatórios

BRAÇO-DIREITO DE BROWN

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Clarence Mitchel, o 1.º assessor dos McCann, foi indicado por Gordon Brown, ainda ministro, e é agora o braço-direito do primeiro-ministro

JORNALISTA DA BBC

O 1.º assessor dos McCann foi jornalista da BBC, passou pelo gabinete de Tony Blair. Regressou a Londres com a eleição de Brown

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CANDIDATA A DEPUTADA

Justine McGuiness, actual assessora, alinha pelos democratas liberais e concorreu a deputada por Dorset West, na Cornualha

PELUCHE ESCONDIDO

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O peluche com que Kate anda desde que a filha desapareceu esteve ontem longe do olhar dos jornalistas. Podia estar na mala

ESTREIA PODE SER ADIADA

«Gone Baby Gone», realizado por Ben Affleck, pode ver a estreia adiada porque a história é parecida com a de Madeleine

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MADDIE ESTÁ NO HI5

Um residente em Albufeira tem na sua página pessoal do Hi5 várias fotografias de Madeleine, o anjo por quem reza que apareça

ASSINATURAS CRESCEM

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A petição on-line que pede à Comissão de Protecção de Menores inglesa para avaliar os McCann já tem 17 934 assinaturas

OLHAR ESPANTADO

Sean e Amelie saíram de casa de mão dada com os pais e exibiam um olhar espantado. À porta de casa estão dezenas de jornalistas

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SEM ESCREVER HÁ DOIS DIAS

Gerry já não escreve em Findmadeleine.com há dois dias. A última vez que o fez foi para garantir a inocência do casal

FEZ ANOS HÁ QUATRO MESES

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Passaram quatro meses desde que Maddie celebrou o quarto aniversário. No dia 12 de Maio pensava-se que tinha sido raptada

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