Mourinho dá 500 mil euros em notas a arguido do Marquês
‘Special One’ entregou o dinheiro a Diogo Gaspar Ferreira, administrador de Vale do Lobo, para comprar uma quinta em Azeitão, Setúbal.
José Mourinho pagou 500 mil euros em notas por fora na compra de um imóvel, em Azeitão, Setúbal, a Diogo Gaspar Ferreira, administrador de Vale do Lobo que foi acusado na operação Marquês. A Gestifute, empresa que faz a gestão da carreira do treinador do Manchester United, não comenta o caso, mas garante que "a situação de José Mourinho com o Fisco está total e completamente regularizada."
Quando em setembro de 2015 foi questionado pelos investigadores sobre a origem dos 500 mil euros que circularam na conta de uma sociedade offshore, na Suíça, controlada por si próprio, Gaspar Ferreira afirmou que o dinheiro não estava relacionado com o negócio de Vale do Lobo, que foi investigado na operação Marquês, mas sim com a venda do imóvel a Mourinho. A quinta em Azeitão terá sido vendida a Mourinho, segundo o gestor do empreendimento de Vale do Lobo, em maio de 2008, numa altura em que o ‘Special One’ já deixara há muito o Chelsea.
No contrato de promessa de compra e venda do imóvel, constava o preço de 1,9 milhões de euros, mas o valor assumido na escritura foi de 1,4 milhões de euros. Segundo Gaspar Ferreira, esta diferença de 500 mil euros foi paga à parte em notas por Mourinho, por alegado interesse do próprio treinador.
Gaspar Ferreira disse várias vezes aos investigadores da operação Marquês, entre os quais estavam o procurador Rosário Teixeira e o inspetor tributário Paulo Silva, que Mourinho lhe entregou os 500 mil euros em notas e que entregou o dinheiro no BCP, não sabendo se as notas foram depositados na conta do BCP em Portugal ou na Suíça.
O CM questionou a Gestifute se Mourinho pagara os 500 mil euros em notas por fora e se o fizera por isso ser do seu interesse, mas a empresa de Jorge Mendes não fez comentários sobre esse assunto. A Gestifute frisou que a situação fiscal do ‘Special One’ está regularizada.
Gaspar Ferreira explicou que o dinheiro, depois de ter circulado pela Suíça, voltou a Portugal, porque necessitava dele para pagar uma dívida relacionada com a compra de Vale do Lobo.
O organizador da compra de Vale do Lobo
Falou com Rui Horta e Costa, que então trabalha na UBS em Londres. Foi assim que surgiram os futuros compradores de Vale do Lobo: Luís Horta e Costa, Hélder Bataglia e Pedro Neto. Gaspar Ferreira negociou o crédito da CGD de 194 milhões de euros para a compra de Vale do Lobo.
Treinador decidiu regularizar dívida fiscal de 33 mil €
Por sua iniciativa, o treinador regularizou a situação em 2015, após ser alertado dessa dívida fiscal.
Vale do Lobo gerou luvas a Sócrates
As alegadas luvas estarão relacionadas, segundo a acusação do Ministério Público, com a concessão do crédito de 194 milhões de euros da CGD para a aquisição de Vale do Lobo. Segundo o Ministério Público, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa fizeram um acordo com Vara em que, caso a CGD aprovasse os financiamentos, pagariam uma quantia a Vara e a Sócrates, "por ser o responsável político definidor das orientações do Estado, enquanto acionista único da CGD".
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