Idosos da zona afetada pelos incêndios de outubro continuam sem telefone fixo.
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Lucinda Cunha, 92 anos, vive sozinha em Abrunheira, Arganil, e está sem telefone fixo desde os incêndios de 15 de outubro. Todos os dias levanta o auscultador do velho telefone na esperança de ouvir um sinal, mas "está mudo".
A fibra ótica já chegou à povoação, mas, segundo o filho Raul Correia, "a empresa alega que deixou de ter o serviço de telefone fixo". A alternativa são os telemóveis que têm sido enviados às pessoas. "Não quero experimentar. O telemóvel não me seduz. Prefiro o telefone grande e resistente", diz Lucinda Cunha.
O filho acrescenta que na aldeia, de resto, "esta operadora nem sequer tem rede". O concelho de Arganil não é caso único. Na Sertã mais de 100 habitações continuam também sem ligação.
A Altice Portugal garante "o bom funcionamento" aos clientes que "à data dos incêndios eram servidos por redes de cobre para o seu serviço de telefone fixo" e que agora receberam telemóveis. Assegura ainda que "mais de 99,5% das religações estão repostas". E a maioria das ligações que estão em falta devem-se "à incapacidade de chegar ao contacto com vários clientes".
Os habitantes têm uma versão diferente: "Os técnicos disseram que iam colocar antenas para termos sinal via satélite. Mas não voltaram", diz Ângelo Nunes, 71 anos, residente em Belguinho: "Se me der alguma coisa o mais certo é morrer".
Família de vítima mortal pondera apresentar queixa
Maria sentiu-se mal na noite de 16 de fevereiro e o marido teve de percorrer mais de dois quilómetros a pé para pedir ajuda. Quando os meios chegaram estava morta. A filha Umbelina Farinha está revoltada.
Empresário faz várias viagens por não ter internet
A situação está a afetar também empresas da zona da Sertã. Sem acesso à internet, João Pereira, dono de uma firma de corte e transporte de madeira em Ribeira de Cilha, tem de fazer várias viagens por dia à Sertã para emitir as guias para os camiões circularem. Já reclamou, mas o problema mantém-se.
Prometido aumento de 20 cêntimos/hora
Na prática é um aumento de cinco euros por dia ou 20 cêntimos por cada hora de combate aos fogos.
Bombeiros ameaçam luta fora da alçada da ANPC
"Ou o Governo atende às exigências dos bombeiros ou o combate aos fogos vai ser feito fora da regência da Autoridade Nacional de Proteção Civil." A ameaça é do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, e surge numa altura em que quase todas as federações distritais de bombeiros já manifestaram publicamente a indisponibilidade de integrar o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF 2018).
"Nunca deixaremos de prestar o socorro às populações, mas se a qualquer momento a nossa operacionalidade for reduzida, a responsabilidade tem de ser assacada ao Governo. O primeiro-ministro, com base num relatório, aprovou mais 600 elementos para o Grupo de Intervenção Proteção e Socorro da GNR. Nós propusemos a criação de mais 120 Equipas de Intervenção Permanente (EIPs), ou seja, mais 600 elementos, e ainda não tivemos resposta. Ou o Governo aceita este reforço, entre outras exigências, ou fica a falar sozinho", avisa Jaime Marta Soares.
O responsável questiona ainda como funcionará a recém-criada Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), "uma estrutura assente no corporativismo florestal que vai dar ‘tachos’ a muita gente", e qual a relação com a ANPC. "Quem vai mandar em quem?", questiona o presidente da Liga dos Bombeiros.
Fonte da Proteção Civil garantiu ontem ao CM que "até agora a Liga dos Bombeiros ainda não respondeu às propostas apresentada pela ANPC". "Se não responderem, o DECIF será constituído na mesma", avisa a mesma fonte.
PORMENORES
Associação pondera ação
A Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal, de que Raul Correia faz parte, está a tentar chegar a acordo com a empresa. Se não conseguir, pondera avançar com uma ação contra a Altice.
Maioria já reclamou
Para os idosos o telefone fixo é essencial. A maioria não consegue adaptar-se a telemóveis. Dos habitantes contactados, muitos reclamaram na empresa mas o problema mantém-se.
Jovens sem internet
A falta de comunicações também está a afetar alguns jovens na zona da Sertã. Maria do Carmo diz que "estão a ficar deprimidos por não terem acesso à internet".
Altice Portugal esclarece
Altice Portugal esclareceNa sequência da notícia do CM sobre a falta de comunicações em algumas aldeias, a Altice Portugal esclareceu que não só repôs como melhorou as infraestruturas de comunicações nas zonas afetadas pelos incêndios.
Numa nota à imprensa, esclarece que têm estado no terreno "mais de 800 operacionais" e "investiu e expandiu redes de nova geração em territórios de baixa densidade que há décadas não sentiam investimento de qualquer outro grupo privado".
Acrescenta que tem levado tecnologia de nova geração (fibra ótica e rede 4G) a todos estes territórios. Refere que fez "mais de mil comunicações por carta, por email" e telefone.
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