Os polémicos projectos assinados por José Sócrates no concelho da Guarda nos anos oitenta vão ser investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária.
A iniciativa é dos três vereadores do PSD na câmara serrana, liderados pela deputada Ana Manso, e foi tomada na sequência de um relatório elaborado por cinco funcionários da autarquia que não conseguiram encontrar qualquer tratamento de favor nos projectos assinados por José Sócrates e aprovados pelo executivo camarário, então, como hoje, dominado pelo Partido Socialista. Mesmo nos casos em que os processos tinham pareceres desfavoráveis de várias entidades regionais ou até embargos da autarquia, bastava que o engenheiro responsável fosse José Sócrates, então a trabalhar na Câmara da Covilhã, para os projectos serem aprovados em tempo recorde.
Entre a entrada do procedimento até à decisão camarária os prazos variam entre os oito dias e, nos casos mais espantosos, apenas um dia. O relatório elaborado por três juristas, pelo director do Departamento Administrativo e pelo director de Planeamento e Urbanismo da autarquia refere que foram comparados os projectos de Sócrates com outros 18 'seleccionados aleatoriamente', como se pode ler no documento. Acontece que os vereadores da Oposição contestam esta escolha, não só porque não foi feita por uma comissão independente como também os prazos médios de aprovação de projectos são em média de meses, facto que levou o actual presidente, Joaquim Valente, a prometer na campanha eleitoral de 2005 que esses prazos deveriam ser reduzidos para 15 dias, algo ainda longe de se verificar hoje em dia.
No entanto, no caso de Sócrates, o prazo maior é de oito dias e o mais curto de um só dia, mesmo com processos de embargo e pareceres negativos da Direcção Regional de Agricultura. A iniciativa dos vereadores do PSD vai ser hoje anunciada em reunião de Câmara.
PROJECTOS NA ZONA DO AMIGO
Quinze dos 23 projectos de Sócrates aprovados em tempo recorde são na zona do Mondego, região de onde são naturais Joaquim Valente, actual presidente, e Fernando Caldeira, técnico da autarquia. Os três foram colegas em Coimbra.
SENTENÇA VAI ABRIR ARQUIVOS DA AUTARQUIA
O Supremo Tribunal Administrativo de Coimbra impôs à Câmara Municipal da Guarda o acesso ao arquivo de processos urbanísticos durante as horas de expediente. Caso a autarquia não cumpra a sentença, o Supremo ameaça com medidas compulsórias. A decisão acontece depois de uma queixa do jornalista do ‘Público’, José António Cerejo, contra a Câmara, que lhe limitou o acesso ao arquivo a apenas dois dias por semana, terças e quintas, entre as 09h30 e as 11h00. Numa primeira decisão, o Tribunal Administrativo de Castelo Branco deu razão à autarquia, vindo agora o Supremo Tribunal de Coimbra aceitar a queixa do jornalista.
SECRETA SATISFAZ PARLAMENTO
O Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP) deu por encerrada a análise às alegadas escutas e vigilância dos serviços secretos aos magistrados do caso Freeport.
Marques Júnior, deputado socialista que preside ao CFSIRP, garante que as garantias do secretário-geral do SIRP, Júlio Pereira, e do director do Serviço de Informações de Segurança (SIS), Antero Luís, 'são perfeitamente convincentes em relação às dúvidas que foram suscitadas pelas notícias da imprensa.' Como 'o SIS não teve nenhum comportamento incorrecto em relação àquilo que lhe era imputado', segundo Marques Júnior, o CFSIRP colocou um ponto final neste caso.
Para já, Teresa Almeida e Fernanda Pêgo, do DIAP Lisboa, vão investigar as fugas de informação do caso. A PGR vai analisar o timing da investigação.
PORMENORES
ABÍLIO CURTO
Na década de 80, quando os projectos de José Sócrates foram aprovados, a Câmara da Guarda era presidida pelo socialista Abílio Curto.
UM DIA ACABA EMBARGO
A reconstrução de uma moradia na aldeia de Faia estava embargada. José Sócrates fez um requerimento em 10/10/83 e no dia 11/10/83 estava aprovada.
QUATRO ENGENHEIROS
Sócrates na Covilhã, Joaquim Valente, Fernando Caldeira e António Patrício na autarquia da Guarda. Todos amigos.
23 EM MIL PROJECTOS
Numa amostra de mil projectos da década de 80, 23 eram de Sócrates. Pode haver muitos mais na Câmara da Guarda.
NOTAS
UM ANO: RELATÓRIO DEMORADO
O relatório sobre as casas de José Sócrates na Guarda, elaborado por cinco funcionários da autarquia socialista, foi aprovado há um ano em reunião de Câmara e foi divulgado há oito dias
CONSELHO: ESCLARECIMENTO
A professora Fernanda Palma foi nomeada vogal do Conselho do Ministério Público, pelo ministro da Justiça, em substituição de Rodrigues Maximiano e não do marido Rui Pereira
MINISTRO: ALARCÃO SUBSTITUI
Rui Pereira, actual ministro da Administração Interna, foi vogal do Conselho do Ministério Público, eleito pelo Parlamento, e saiu para o Constitucional. Foi substituído por Rui Alarcão
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