As ‘webcams’ abriram novos horizontes às fantasias sexuais. Eles despem-se, elas vêem. Eles exibem-se, elas despem-se. Eles ‘brincam’, elas também. Não há riscos, não há compromissos, não há sentimentos. É puro prazer, que pode levar ao vício. Claro que nem todos alinham. Não deixam sequer a conversa aquecer. Preferem as palavras aos olhares indiscretos. “Sexo? Só a cores e ao vivo.” Mas todos têm uma história de amor para contar.
Sentada ao computador, ‘Vivianne’ [nome fictício] prepara-se para mais uma sessão de sexo virtual. Orienta a ‘webcam’, liga-se ao Messenger e escolhe dois parceiros ‘on-line’ da sua longa lista de contactos. “Hoje apetece-me em grupo”, diz, calma e tranquilamente, enquanto desabotoa a camisa, deixando à mostra um ‘top’ branco, que revela mais do que esconde. A saia, um palmo acima do joelho, bem justinha, combina com o conjunto, subindo até à anca quando se senta. A cadeira, em tons de verde-escuro, é confortável. Tem braços e permite a inclinação das costas, “o que dá imenso jeito quando as coisas aquecem”, esclarece a jovem.
Não há luz no quarto, apenas a que emana do computador. As persianas estão corridas e a porta fechada, apesar de não haver mais ninguém na casa.
“Olá...” As conversas começam quase sempre da mesma maneira. Servem para criar ambiente, mas não aguentam muito tempo no reino da banalidade. Ao cabo de alguns minutos, o rapaz – são quase sempre eles que tomam a iniciativa – diz ao que vai, ainda que com pezinhos de lã. ‘Vivianne’ faz-se difícil e até ameaça bloquear o ‘playboy’ se continuar naquele registo. São as regras do jogo. Às vezes, uma palavra mal colocada, um tom de voz mais agressivo, uma atitude mais precipitada podem deitar tudo a perder. É preciso dizer aquilo que o outro quer ouvir, ‘dar música’, como se diz na gíria. A fronteira entre a verdade e a mentira acaba por ser muito ténue, mas pouco importa. O rapaz volta à carga, desta vez com mais jeitinho. ‘Desculpa’ é a palavra mágica. A sinceridade é questionável, mas funciona quase sempre. Mais dez minutos de blá-blá e o incidente está esquecido.
‘Vivianne’, 35 anos, dois filhos, está viciada em sexo à distância, com recurso à ‘webcam’! Começou por brincadeira, com o namorado, ausente no estrangeiro. Aos poucos foi-se desinibindo, ganhou-lhe o gosto e hoje já não passa sem uma noite de amor na internet. “São encontros ocasionais, o mais puro voyeurismo, qual é o mal? Trocam-se algumas palavras, a conversa aquece e acabamos por nos excitar. Só isso.”
É um argumento. Vale o que vale. Outros defendem que é a solidão que ‘empurra’ as pessoas para estas práticas. E há quem garanta tratar-se de um modo de contornar o medo de envolvimento com alguém, depois de experiências menos positivas.
‘Gui’ (é assim que gosta de ser tratado) não é tão elaborado nas justificações. Tem 28 anos, é biólogo e passa longas horas entretido nestes jogos eróticos. “É uma maneira de encarar a vida de uma forma descomplexada, liberal e sem ‘minhocas na cabeça’. Gosto de ver com quem estou a falar e gosto que me veja. Assim sei se me agrada e se agrado a essa pessoa”, diz, enquanto escolhe alguém disponível. “Às vezes, as coisas aquecem e acabo por me exibir e masturbar. Desde que haja ‘feedback’ a coisa flui.”
Fluir ou não fluir, eis a questão. Pode levar tempo a chegar ao ponto e pode nunca se chegar lá. É uma questão de tacto, de sensibilidade e, sobretudo, de predisposição. Há quem rejeite liminarmente entrar por esse caminho e não deixe sequer que a ‘conversa aqueça’, usando a expressão cibernauta. “Mas também acontece o contrário. Depois destes contactos sumários na ‘net’ marcam-se encontros para pôr em prática o virtual”, afirma ‘Gui’. “Há pessoas que nos desiludem, quando estamos cara a cara com elas, mas o balanço é positivo. Tenho boas amizades que começaram assim”, diz o jovem biólogo, que não raras vezes explora caminhos mais ousados, preenchendo as fantasias de quem está do outro lado da rede com outro picante. “Tenho uma amiga, a ‘Isa’, uma mente aberta como eu. Encontramo-nos em casa de um ou de outro e divertimo-nos com outros amigos virtuais. É giro.”
‘Vivianne’ e ‘Gui’ são duas pessoas fisicamente atraentes. Ela loira, curvas bem desenhadas, um rosto bonito; ele moreno, bem constituído, um figurão. Não são tímidos, nem intelectualmente limitados. Não terão os homens e as mulheres que querem, mas, aparentemente, não teriam dificuldades em encontrar alguém para satisfazer as suas necessidades sexuais sem terem de recorrer à via informática.
Mas que dizer de ‘Alexandra’ [nome fictício], 26 anos, gerente de loja de uma conhecida marca de roupa? Um verdadeiro ‘sex symbol’! Tem charme, tem classe, tem tudo. “Já me engataram e já engatei; já me excitaram e já excitei. Não com a ‘webcam’, não uso. Gosto de conversar e, às vezes, uma coisa leva à outra”, atira. ‘Alexandra’ não é tão ousada quanto ‘Vivianne’ e ‘Gui’. Já espreitou os outros, mas não se deixa ver. Só alinha com quem conhece e se estiver interessada. Caso contrário, deixa-os a falar sozinhos e parte para outra, embora confesse estar já “um pouco cansada” destes jogos.
Jogos que ‘Lua’ [nome fictício] conhece como ninguém. É mediadora imobiliária. Passa os serões em frente ao computador. Tem 35 anos, dois filhos e está divorciada. O sexo à distância não a excita por aí além, prefere os filmes eróticos, mas não é tão radical quanto ‘Alexandra’ quando alguém mais atrevido lhe entra pela ‘webcam’ dentro. “Já se despiram para mim. Recordo-me de um, particularmente, que estava bem excitado. Pediu-me para lhe dizer várias coisas... para que o excitasse ainda mais. Começou a ‘brincar’ e queria ajuda. Atingiu o orgasmo e continuámos a falar”, conta. Como o efeito em si foi nulo, ‘Lua’ quer agora experimentar com mulheres. “Pode ser que dê mais pica”, ironiza.
ACTO NORMAL
O sexólogo José Pacheco não vê nada de “anormal” no comportamento daqueles que procuram a satisfação sexual utilizando a ‘webcam’. “Sempre houve pessoas que tiveram prazer a ver e a ser vistas. A única diferença aqui é a tecnologia”, considera o especialista, sublinhando a perspectiva mais abrangente que o recurso à troca de imagens em tempo real permite. “Alguns recorriam aos filmes. Só que os filmes não eram em directo nem havia diálogo. Havia sexo em grupo, mas era diferente. Aqui é através de uma câmara, é mais íntimo, embora continue a não haver proximidade física”, explicou. José Pacheco admite, contudo, que esta prática sexual se torne viciante, “são os riscos de qualquer actividade humana”. “Todas as práticas que dão prazer podem-se tornar viciantes. É o caso do álcool, do tabaco, do jogo”, concretizou. Segundo o sexólogo, quem recorre a este método para satisfazer os seus apetites sexuais não o faz “por uma questão de desinibição”, mas tão-só “de prazer”. “Não são coisas boas nem más. Quem gosta desse tipo de experiências, tudo bem”, conclui.
Há, contudo, a questão do risco. Não o risco físico – esse é nulo, o que permite aventuras seguras com desconhecidos –, mas o risco virtual, que se pode tornar “bem real”, nas palavras de Isabel. “Com um desconhecido pode ser perigoso, não se sabe quem está do outro lado. As imagens podem ser gravadas, manipuladas e postas a circular pela internet”, afirma esta assessora de comunicação, de 38 anos e com um filho. Isto não invalida que não tenha uma opinião favorável ao uso das ‘webcams’: “É mais pessoal, humaniza mais. Mas só para falar com amigos e amigas, nunca com desconhecidos. Era uma afronta alguém perguntar-me se me queria despir”, garante, abrindo, no entanto, uma excepção: “Se fosse um namorado era diferente. É um dos jogos que se fazem, dentro de um determinado contexto. Pode resultar.”
A dúvida de Isabel é esclarecida por ‘Martins’ [nome fictício], 26 anos, solteiro, investigador. “Nas conversas com a namorada há sempre qualquer coisa de erótico. Mas só com a namorada. Já ‘apanhei’ pessoas que se quiseram despir e entrar noutro tipo situações. Nunca aceitei”, garante ‘Martins’ que, tal como Isabel, sublinha as virtudes do uso da ‘webcam’: “É uma forma de as pessoas se desinibirem, é mais fácil, dizem-se coisas que, cara a cara, seria complicado. Quando se passa para o domínio real acontecem surpresas. Para o bom e para o mau”, alerta.
A namorada foi o motivo pelo qual Ricardo instalou a ‘webcam’, em 2003. “Não para nos vermos, mas para mostrar coisas que comprávamos. Usar a câmara é mais confortável que tirar uma foto. Claro que ‘mandamos’ uns beijos quando estamos ligados, é normal, mas apenas isso. O resto?... Não precisamos de câmara”, diz Ricardo, 24 anos, jornalista.
PAIXÃO PELAS PALAVRAS
Os anos passam, mas ‘Anny’ [nome fictício] continua uma mulher lindíssima, com um corpo adorável. Já pisou as ‘passerelles’, encantando meio mundo. Hoje, com 39 anos, divorciada, dois filhos, mata o tempo a ler, a escrever, a passear pela ‘net’. É o tipo de pessoa para quem o sexo não tem segredos. Já fez muita coisa, já viu de tudo. A formação em Psicologia permite-lhe uma visão aberta sobre o uso da ‘webcam’ para cenas de sexo: “Não há riscos, não há sentimentos, não há compromissos. É uma forma simples e prática de as pessoas se satisfazerem. O mais certo é nunca mais se verem. Não tenho nada contra, cada um é livre de fazer o que entender. Conheço pessoas que o fazem, eu nunca entrei por aí. Prefiro o ‘sexo a cores e ao vivo’.”
Foi, também, esta a expressão usada por ‘Joana’ [nome fictício], 29 anos, designer, bissexual, para justificar o seu ‘não’ ao prazer através da ‘webcam’. “Não acho piada ao ecrã, nem vejo a necessidade de as pessoas se exporem. Instalei a câmara há cerca de três anos, mas pouco uso lhe dou. Nunca tirei nada. Nem o casaco, quanto mais a roupa. Não é uma questão de conservadorismo ou vergonha, simplesmente, não tem nada a ver comigo”, diz ‘Joana’. Isto não significa que não se tenha já apaixonado ‘via net’. Mas a paixão não desabrochou através da imagem; foi pelas palavras.
Viajante incansável pelos caminhos do ‘www’, ‘Joaquina’ [nome fictício] já perdeu a conta aos amigos virtuais que trouxe para o mundo real. Gosta de conversar, de fazer amigos. Vê se o discurso lhe interessa, se a fotografia lhe agrada e parte para o contacto pessoal. De quando em vez, liga a câmara e dá um ‘olá’ a quem já conhece. Mas já abriu excepções. “Estávamos a conversar e, de repente, disse-me para tirar a roupa, com o ar mais natural do mundo. Não o fiz. É uma questão de princípio. O curioso, neste caso, é que era um ex-seminarista. Pelo menos dizia que era”, afirma ‘Joaquina’, dois filhos, professora.
Rosie é a imagem perfeita da ‘mulher fatal’: sensual, olhar penetrante, corpo arrebatador. Tem 30 anos, um filho, está divorciada. Só usa a ‘webcam’ para falar com os amigos. Mesmo nos ‘chats’ faz questão de ser criteriosa, não dando espaço a divagações do foro íntimo. Já se insinuaram, já se ofereceram. Não vale a pena, não funciona assim. Prefere a política dos pequenos passos. Nunca dá o salto sem um conhecimento pessoal. “Se estamos no domínio do virtual, prefiro ficar pelas letras. Não julgo as pessoas só pelas imagens. Gosto de falar com elas, de teclar. Se alguém me interessa, passamos a falar ao telefone e depois combinamos um encontro. O meu último namorado conheci-o assim.” ‘Webcam’ é que nem pensar. Por uma questão de precaução, por uma questão de interesse. “O que se mostra na ‘webcam’ pode ser gravado e, inclusive, montado. É perigoso. Além disso, o sexo virtual não me seduz. Quem o faz, ou é preguiçoso e encontra no sexo virtual uma forma fácil de se satisfazer, ou é medroso e tem pavor de ser rejeitado. É mais fácil lidar com uma rejeição na ‘net’ que pessoalmente”, diz Rosie, funcionária de uma empresa de telecomunicações.
MEDO DA REJEIÇÃO
É exactamente este o caminho apontado por Luís Reto, psicólogo social, para explicar o sexo à distância: o medo da rejeição. “Estamos perante um fenómeno de dificuldade de comunicação com os outros. Uma relação com alguém, seja ela qual for, é sempre ansiogénica, ou seja, gera sempre ansiedade. Muitos distúrbios sexuais resultam da falta de afirmação do próprio com medo de ser rejeitado, de poder não ser aceite pelo outro.” Segundo o especialista, o recurso à ‘wecbam’ “reduz essa ansiedade” – ou, como dizia Rosie, um ‘não’ na ‘net’ não tem o mesmo peso que dito cara a cara, tanto mais que há a possibilidade de, com um simples ‘click’, chamar outro par à conversa. Luís Reto sublinha, ainda, a questão do sexo seguro. “Não causa doenças”, embora considere tratar-se, em qualquer caso, de um comportamento “desviante” de “relações sexuais normais”.
IMAGENS SÓ AUTORIZADAS
O sexo à distância, entre dois adultos, com recurso à ‘webcam’ não é crime. O mesmo se aplica a quem divulga imagens ou filmes seus de teor erótico ou pornográfico. Se houver mais pessoas envolvidas, é necessário o seu consentimento para que as imagens possam ser difundidas. Qualquer das situações anteriores é punida com prisão se incluírem menores de 14 anos.
FOTOS DEVEM ESTAR FORA DO DISCO
“As fotografias mais ousadas não devem ser guardadas no computador”, adverte o inspector Tomé, um dos responsáveis da Polícia Judiciária (PJ) pelo combate ao crime informático. “O ideal é que sejam colocadas em CD ou outro suporte digital, que não tenham qualquer acesso à rede”, acrescenta.
Segundo este inspector da PJ, os crimes de abuso de utilização e manipulação de imagens difundidas pela internet têm crescido de forma significativa, ainda que a maior parte das pessoas não apresenta queixa. “Trata-se de um crime semipúblico, o que implica a apresentação de queixa”, esclarece. Mesmo assim, os dados revelam alguma preocupação “Durante o ano de 2005, só no que diz respeito à Polícia Judiciária, recebemos 14 queixas. Este ano [até final de Junho], já vamos nas 22, o que representa um aumento da ordem dos 60 por cento”, alerta o inspector Tomé. A grande maioria das queixas é apresentada por mulheres.
As origens do crime são várias, sendo que uma das mais comuns resulta de “casos amorosos que acabaram mal, em que o namorado ou o marido coloca fotografias mais íntimas da companheira na ‘net’”. Uma situação que leva o inspector a alertar para a necessidade de haver mais cuidado nas relações, nomeadamente ao nível da confiança que se estabelece entre os parceiros. Mas a principal chamada de atenção dos responsáveis da PJ vai para os pais: “Temos algumas queixas
de pais que vêm denunciar o uso de fotografias de uma pessoa menor. Há que alertar os miúdos para a questão das imagens. Tirar fotos não é crime, mas é preciso sensibilizá-los de que podem aparecer na ‘net’, com todas as perturbações daí decorrentes: a nível familiar, escolar e, mais tarde, a nível profissional.”
UM CASO QUE ACABOU NA POLÍCIA
‘Manuel’ [nome fictício], 29 anos, vivia para a internet e o “vício” da ‘webcam’ consumiu-lhe “noites inteiras”, durante anos. Conheceu dezenas de mulheres, exibiu-se e foi correspondido ‘on-line’ pela maioria, alimentando o seu maior fetiche – gravar “imagens delas” no computador. Muitos dos contactos “descambaram” para encontros ao vivo, quase sempre em sua casa, em Lisboa, e acabaram invariavelmente na cama.
A ‘webcam’ ficava “escondida”, registava todos os momentos e o voyeurismo de ‘Manuel’ “não tinha limites”. Um dia foi levado ao extremo e “as imagens de uma rapariga nua” foram parar a um ‘site’. “Alguém da família viu”, denunciou o caso à PJ e dois inspectores bateram um dia à porta de ‘Manuel’, eram 08h00. O PC foi apreendido. O inquérito decorre no DIAP.
SOFISTICAÇÃO DO ACTO SEXUAL
Os protagonistas dos jogos de prazer, sedução e sexo através das ‘webcams’ pertencem às classes média, média alta e alta, o que não constitui qualquer novidade para Luís Reto, psicólogo social. É nelas que se encontra uma maior sofisticação em relação ao acto e um desejo crescente de novas experiências. Ou seja, a sexualidade, para muitos, passa a ser vivida de uma forma mais elaborada e menos “natural”, em contraponto com o que acontece nas classes baixas. “Não é por acaso que o Marquês de Sade era marquês”, comenta o especialista.
O passo seguinte poderá ser a ‘transmissão de sensações’ à distância, permitindo que duas pessoas se sintam ainda mais próximas sem que haja, verdadeiramente, contacto físico. O prazer será maior, o risco continuará nulo.
PREÇOS ENTRE OS 25 E OS 150 EUROS
São múltiplos os modelos de ‘webcam’ disponíveis no mercado. Os preços variam entre os 25 e os 150 euros. A Trust Portable Webcam WB-3100p e a Webcan Logitech QuickCam Sphere estão nos pólos opostos. A primeira é uma ‘webcam’ simples, com microfone para PC e apresenta uma resolução de 640x480 pixels. A segunda é mais sofisticada. Accionada por movimento, assegura uma imagem centrada, sempre que houver movimento do utilizador.
O mecanismo vira automaticamente, cobrindo 189 graus horizontais e 102 graus verticais. A resolução é de 640x480, até 30 frames por segundo. De preços ligeiramente inferiores à Logitech QuickCam Sphere, a Creative Live dispõe, também, de modelos que acompanham o movimento. Um desses modelos (Cam Voice) incorpora microfones que eliminam o ruído de fundo.
ABUSOS ATINGEM FIGURAS PÚBLICAS
Uma série de fotografias colocadas a correr na internet puseram a nu a vida íntima de Carla Matadinho. Neste caso, ao contrário do que sucede com a maioria das figuras públicas que aparecem em poses eróticas ou pornográficas na ‘web’, não houve manipulação de imagem. As imagens da ‘playmate’ em cenas de sexo com o namorado eram reais. Alguém, alegadamente, as usurpou do seu computador e difundiu-as na ‘net’. “Tirei essas fotos com o meu namorado há cerca de três anos e era uma coisa muito íntima e privada”, confidenciou, na altura, a modelo, alegando que foram parar à internet devido a uma avaria no computador. “O arranjo foi feito, no princípio do ano, por alguém que teve a coragem e a desonestidade de as tirar de lá e pirateá-las para CD, distribuindo-as por aí.” O caso, tornado público em meados de Novembro de 2002, deixou a jovem transtornada. “Brincaram com os meus sentimentos”, contou, quando confrontada, então, pelo CM.
Carla Matadinho é, apenas, uma das muitas vítimas dos abusos, punidos por lei, cometidos via informática. Seis meses depois (meados de Maio de 2003), 17 segundos de sexo puro e duro, de grande intensidade, transformaram-se num caso nacional, já que a mulher, em pleno acto de prazer, era parecida com Fernanda Serrano.
A actriz nem queria acreditar quando uma amiga lhe disse que um vídeo pornográfico andava a circular na internet sob o título ‘O famoso filme de Fernanda Serrano’. “É uma brincadeira de muito mau gosto. A minha consciência está tranquila, as pessoas que me conhecem sabem que não sou eu”, comentou, na ocasião. “Acho que a actriz não é portuguesa e tem uma voz bastante diferente da minha. De cara até pode ser parecida. O cabelo é diferente, mas isso é uma coisa perfeitamente alterável. O corpo é bastante mais voluptuoso que o meu”, explicou, então, Fernanda Serrano. A PJ identificou várias pessoas que divulgaram o filme, mas não conseguiu chegar à origem, ou seja, à primeira pessoa.
Escaldantes são também as cenas de sexo em que um assistente do concurso ‘O Preço Certo em Euros’ se viu envolvido. Neste caso, segundo o assistente, tratou-se de “uma montagem muito bem feita”. João Ramalhete tinha um conjunto de fotos, em tronco nu, guardadas no seu computador, que “está ligado à ‘net’ 24 horas por dia. Um ‘hacker’ conseguiu entrar-me dentro do computador e limpar-me tudo”.
Ramalhete alega que o ‘criminoso’ que lhe roubou e manipulou as fotos o conhece bem, pois “o texto tem pormenores como o nome da minha rua, os meus gostos pessoais e outras particularidades. As montagens estão muito bem feitas, porque os meus boxers aparecem em imagens que não são minhas, como aquela do rabo e a do pénis”, disse.
CUIDADOS A TER NA INTERNET
Situações de perigo na Internet para crianças e adolescentes
- Conteúdos: Pornografia, Racismo, Violência, Droga, Jogos, Informação incorrecta e perigosa.
- Contactos: Correio electrónico não desejado [spam] e Conversação com estranhos em salas de conversa
- Comércio: Invasão da privacidade através da publicidade não desejada e Falta de transparência entre a publicidade e o conteúdo
Sinais no comportamento dos filhos que devem alertar os pais
- Dedicam muito tempo ao uso da Internet, especialmente de noite.
- Recebem chamadas telefónicas de pessoas desconhecidas
- Desligam o computador, ou rapidamente mudam de página, quando os pais entram na sala ou no quarto
- Isolam-se da família
- Procedimento mais frequentes de indivíduos perigosos que utilizam a Internet para influenciar crianças e jovens
- Oferecem atenção, carinho, amabilidade e dinheiro
- Interessam-se pelos jovens e manifestam simpatia relativamente aos seus problemas
- Aproveitam temas de interesse dos jovens como música da moda, passatempos e actualidades
- Aliciam as suas vítimas por telefone
Instruções que devem dar aos filhos
- Nunca devem fazer amizades com pessoas que tenham conhecido através da Internet;
- Nunca devem enviar fotografias suas, por e-mail, a pessoas que não conheçam pessoalmente,
- Nunca devem divulgar informação pessoal que sirva para os identificar;
- Nunca devem fazer transferência de ficheiros [ download ] de fotografias de uma fonte desconhecida;
- Nunca devem responder a mensagens insinuantes, obscenas, agressivas, ou de cunho sexual, que apareçam em publicidade electrónica.
- Como devem os pais agir em caso de alarme
- Converse com os seus filhos sobre as suas suspeitas.
- Reveja o conteúdo do computador dos seus filhos.
- Verifique todo o tipo de acesso a comunicações electrónicas on-line - salas de conversa [chat rooms], Fóruns [news], Mensageiros [Instant Mensseger] ou programas tipo P2P [Peer to Peer]que os seus filhos têm tido, assim como o seu correio electrónico [e-mail].
- Como agir em caso de verificação de situação de risco
- Contacte a polícia
- Mantenha o seu computador desligado para conservar qualquer evidência que a polícia possa utilizar. Não deve copiar nenhuma das imagens ou textos que apareçam no computador, a menos que a polícia lhe indique o que deve fazer.
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