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Miguel num tiroteio em bar da Caparica

Jogador e amigos lançaram o pânico, ontem de madrugada, com disparos no Ngaru Lounge.

08 de julho de 2010 às 00:30

Começaram a noite em Lisboa, dentro de um bar nos Olivais onde aproveitaram para exibir armas de fogo, e foram acabar a madrugada de ontem já na Margem Sul do Tejo – invadindo o Ngaru Beach Lounge, na praia da Cabana do Pescador, Costa de Caparica, de caçadeiras e pistolas em punho. Ali, o grupo de Chelas não se ficou pela exibição, pouco depois das 04h00, e lançou o pânico com tiros disparados à porta do espaço nocturno. No meio do gang armado estava mais uma vez Miguel, jogador da selecção nacional – precisamente no dia em que o CM avançou que há provas a implicá-lo na autoria dos cinco tiros à porta de outra discoteca, RS Dreams, no Seixal, a 26 de Dezembro de 2009.

No primeiro caso, o atleta ao serviço do Valência gozava os dias de licença pela época de Natal; na madrugada de ontem estava em férias depois de ter representado a Selecção no Mundial da África do Sul. E mais uma vez o destino foi Lisboa, onde se reúne com os irmãos e amigos do grupo de Chelas, cujos elementos são investigados por vários crimes. Pelo caso do Seixal, Miguel arrisca uma acusação por homicídio tentado – se a Unidade Especial de Combate ao Crime Especialmente Violento do DIAP de Lisboa entender que os vestígios de pólvora numa mão e na roupa do jogador, entre outros indícios, provam a autoria dos disparos (ver peça secundária) – e vai ser investigado pelo de ontem.

Ao que o CM apurou, Miguel e os amigos foram juntos de carro para o Ngaru Beach Lounge, com o objectivo de entrarem numa festa africana. Mas a diversão dos outros clientes acabou pouco depois de lá chegar o grupo de Chelas – que rapidamente entrou em confronto com um gang da Margem Sul. Elementos do grupo de Miguel foram buscar as armas ao carro e, segundo provas já recolhidas pela polícia no local, dispararam tiros de caçadeira que levaram dezenas de pessoas a fugir do bar em pânico. Não se registaram feridos, mas os autores dos tiros já estão identificados e incorrem em crimes que variam entre o homicídio tentado e o dano com violência.

Os amigos do atleta já estavam a ser investigados por outros crimes do género – com feridos a tiro à porta das discotecas Kremlin e Absorv, em Lisboa – e, quanto a Miguel, o cerco da unidade especial do DIAP começa a apertar. Até Setembro, será interrogado como arguido por causa do tiroteio no Seixal.

PORMENORES

BARBOSA DESCONHECE

Paulo Barbosa, empresário de Miguel, desconhece o envolvimento do jogador do Valência no tiroteio de ontem. 'Não tenho conhecimento disso. Pelo que sei, ele está no Algarve com amigos', disse ao ‘CM’.

ADVOGADO TAMBÉM

António Pragal Colaço, que representa o atleta no caso do tiroteio no Seixal, em Dezembro passado, também diz ao CM desconhecer 'por completo a situação' ocorrida na madrugada de ontem.

POLÍCIA INVESTIGA

A presença de Miguel no tiroteio de ontem é assegurada ao ‘CM’ por fontes policiais que estão a investigar este crime.

UNIDADE DO DIAP INVESTIGA O GRUPO

A investigação aos vários crimes que terão sido cometidos pelo grupo de Chelas – tiroteios com feridos à porta de duas discotecas de Lisboa, em Fevereiro e Maio deste ano, além dos disparos no Seixal, em Dezembro passado – está a cargo da Unidade Especial de Combate ao Crime Especialmente Violento do DIAP de Lisboa, liderado pela procuradora Maria José Morgado.

ACUSADO DE ROUBAR RELÓGIO EM ESPANHA

Em Janeiro de 2008, Miguel e Manuel Fernandes, ambos a jogar no Valência, foram acusados de roubar um relógio numa discoteca da cidade. Miguel foi identificado pela polícia espanhola.

AGRIDE FOTÓGRAFOS A MURRO E PONTAPÉ

Em Julho de 2005, Miguel, numa festa da discoteca Casa do Castelo, no Algarve, terá com amigos agredido a murro e pontapé alguns repórteres fotográficos que trabalhavam na festa.

FILHA DE 6 ANOS CAI DO 9º ANDAR

A 3 de Outubro, Rafaela, filha de Miguel, de apenas seis anos, caiu do 9.º andar do prédio da família, no Parque das Nações, em Lisboa, e sobreviveu, sofrendo apenas uma fractura num braço.

RELATÓRIO DA POLÍCIA CIENTÍFICA CHEGOU JÁ MIGUEL ESTAGIAVA COM A SELECÇÃO

A investigação ao tiroteio no Seixal, a 26 de Dezembro, sofreu atrasos de coordenação por ter tido a participação da PSP e depois da Polícia Judiciária de Setúbal, com competência para crimes com armas de fogo, mas também do Ministério Público do Seixal, comarca onde ocorreu o tiroteio – antes de o processo ter sido remetido para o DIAP de Lisboa, através da Unidade Especial de Combate ao Crime Violento, onde o grupo de Chelas já era investigado por outros crimes. Por isso, as perícias aos vestígios de pólvora só foram solicitadas à balística do Laboratório de Polícia Científica da PJ algum tempo depois do tiroteio – e o relatório final do LPC chegou à investigação a 4 de Junho, sabe o CM, já Miguel estava em estágio, na Covilhã, para o Mundial

ARMA DO CRIME NO SEIXAL DESAPARECE

Depois de a Polícia Judiciária de Setúbal ter feito um teste de despistagem às mãos e roupa dos vários suspeitos pelo tiroteio à porta da discoteca RS Dreams, no Seixal, na madrugada de 26 de Dezembro do ano passado, o relatório do Laboratório de Polícia Científica, concluída a perícia, é claro: Miguel tinha vestígios de pólvora nas mãos e roupa, o que, aliado a testemunhos no local, pode indiciar que foi ele o autor dos cinco disparos. De resto, conforme o CM avançou ontem, o jogador da selecção nacional deverá ser notificado para ser interrogado, já na qualidade de arguido, na Unidade Especial de Combate ao Crime Especialmente Violento do DIAP de Lisboa – que há vários meses investiga os crimes supostamente cometidos pelo seu grupo de amigos em Chelas.

Mas o relatório do LPC, apurou o CM, diz que a arma apreendida na altura – um revólver que estava na posse de Lamine Seco Biai, amigo de Miguel – não foi a utilizada nos disparos. Ou seja, os invólucros recolhidos no local do crime não correspondem às balas que são disparadas por aquele revólver. O que significa que a verdadeira arma utilizada para fazer os cinco disparos foi escondida por alguém. E continua desaparecida. Entre os outros crimes que terão sido cometidos pelo grupo e que o DIAP investiga estão os tiroteios nas madrugadas de 6 de Fevereiro e 28 de Maio deste ano, junto às discotecas Kremlin e Absorv, em Lisboa, respectivamente. No primeiro caso foram feridas a tiro três pessoas e, no segundo, um segurança foi baleado.

AMIGO DA ZONA J FOI APANHADO COM UM REVÓLVER

Lamine Seco Biai tem 22 anos e é um dos envolvidos no tiroteio do Seixal. Amigo e vizinho do futebolista, na Zona J de Chelas, foi encontrado na sua posse um revólver adaptado e acabou detido pela PSP da Cruz de Pau. Pensava-se que essa teria sido a arma utilizada por Miguel ou amigos nos disparos à porta da discoteca RS Dreams, em Corroios, Seixal, a 26 de Dezembro do ano passado. Confrontado pelo CM à porta do Tribunal de Almada, um dia depois, negou qualquer envolvimento. 'Não tenho nada a ver com isto. Não sei de arma nenhuma nem do que estão a falar. Sou conhecido do Miguel, mas não estava com ele.'

NOTAS

CLUBES: SPORTING E BENFICA

Luís Miguel Brito Garcia Monteiro nasceu em Lisboa a 4 de Janeiro de 1980 (30 anos). Formado nas Escolas do Sporting, passou pelo E. Amadora antes de ser contratado pelo Benfica, em 2000

INCIDENTE: DISCOTECA LUANDA

Apenas vinte dias depois do tiroteio no Seixal, Miguel voltou a participar numa escaramuça na discoteca Luanda, em Lisboa. Nega ter agredido um homem, mas confirma o incidente

SEIXAL: JOGADOR DESMENTE 

Miguel conta outra versão quanto ao tiroteio no Seixal. Diz ter sido agredido a murro e um segurança disparou na direcção do seu irmão, disse na altura ao ‘CM’ o empresário do jogador

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