Desafios de Portugal: ambição, estabilidade e consciência social
Portugal precisa de acreditar mais em si. Precisa de ousadia, inovação e capacidade de realização.
Governar não é fazer magia. Todo o governo, à direita ou à esquerda, precisa de tempo para trabalhar, reformar e apresentar resultados. Isso é impossível quando se tem eleições a cada dois anos. Não é modo de vida para ninguém.
A instabilidade corrói a confiança, atrasa decisões e destrói projetos que levam anos a construir. Seja que governo for, é essencial que tenha condições para cumprir o programa. E os mais atentos sabem que a estabilidade é sobretudo uma necessidade das pessoas, em especial das mais vulneráveis.
São as primeiras a sofrer quando o país vive sobressaltos, crises políticas ou impasses prolongados.
A instabilidade prejudica a economia e cria insegurança. É por isso que considero a estabilidade o primeiro desafio do País, a defender com firmeza.
Segundo desafio
O segundo desafio é a ambição. Portugal precisa de acreditar mais em si. Precisamos de arrojo, ousadia, inovação e capacidade de realização. Nos últimos trinta anos, o País investiu cerca de 180 mil milhões de euros de fundos comunitários.
Mas, nesse período, a convergência europeia no rendimento foi de apenas 1%. Isso mostra que não basta gastar: é preciso gastar com ambição.
Há hoje bons sinais na economia, mas temos de manter o foco nessa ambição nacional.
Crescer de forma sustentada. Servir o país que todos os dias trabalha. Apoiar o Portugal positivo: jovens que inovam; professores que formam; universidades que investigam; autarcas que servem as populações. É por esse Portugal positivo que o Estado deve ser ambicioso.
Terceiro desafio
O terceiro desafio é o da consciência social. Importa pôr na agenda temas como a pobreza, a exclusão e a desigualdade. Mas também a economia, porque é um meio indispensável para criar a riqueza que garante justiça social. É através dela que podemos aumentar salários, reforçar o Estado Social, melhorar pensões, dar oportunidades aos jovens e garantir que o elevador social funciona. Estabilidade, ambição e consciência social são os três desafios para um Portugal mais forte e justo. Bem sei que o Presidente da República não governa nem faz leis, mas tem o dever das causas.
Experiência
Porém, para uma “magistratura de influência” que torne as causas consequentes, o Presidente deve ter experiência, independência e capacidade de fazer pontes de entendimento.
São três requisitos essenciais. Não estarei muito longe da verdade se disser que os portugueses os identificam com o meu percurso. Tenho experiência no poder local, Parlamento, Governo e Conselho de Estado: sei a responsabilidade que se exige a um Presidente. Quanto à independência, esta não se promete, pratica-se.
Foi o que fiz ao longo de décadas, tomando decisões difíceis e mantendo liberdade de pensamento. Por último, sempre procurei criar consensos: na política, na comunicação, nas reformas. A unidade é a minha marca. Portugal precisa de pontes, não de muros.
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