Há que garantir um futuro digno às próximas gerações
O maior desafio que Portugal enfrenta é, no fundo, a capacidade de se preparar para o futuro.
Portugal enfrenta hoje um desafio que ultrapassa ciclos eleitorais, conjunturas económicas ou mudanças de governo. O maior desafio que se coloca ao nosso país é, acima de tudo, a capacidade de garantir um futuro digno às próximas gerações, num contexto de transformação acelerada e de desigualdades que se aprofundam.
Esta não é apenas uma questão económica ou social; é um teste à nossa visão coletiva, à forma como nos organizamos como comunidade e à coragem de agir antes que seja tarde.
A primeira dimensão deste desafio é demográfica. Somos um país que envelhece rapidamente, perde população ativa e vê partir demasiados jovens qualificados.
Sem inverter esta tendência, nenhuma reforma económica será sustentável. Precisamos de políticas públicas que apoiem verdadeiramente as famílias, atraiam talento e tragam de volta quem saiu.
Isto exige estabilidade, previsibilidade e uma visão de longo prazo. Não podemos continuar a navegar à vista. A segunda dimensão é a desigualdade. Portugal não pode aceitar como inevitável que o lugar onde se nasce determine o futuro.
A mobilidade social, que durante décadas foi uma porta aberta, tem vindo a estreitar-se. A educação continua a ser a chave, mas hoje já não basta assegurar acesso — é preciso garantir qualidade, equidade e inovação. Investir na escola pública é investir na coesão do País.
Economia
O terceiro vetor é a transição económica. A economia portuguesa precisa de subir na cadeia de valor. Não podemos depender eternamente de setores de baixos salários ou de atividades vulneráveis às crises internacionais.
O País tem talento, conhecimento e capacidade empreendedora; falta transformar estas potencialidades em estratégia. Para isso, é imprescindível reforçar a ciência, apoiar empresas que inovam e garantir que o Estado funciona como parceiro e não como obstáculo. Finalmente, há o desafio da confiança.
Portugal só conseguirá enfrentar todas estas mudanças se existir confiança nas instituições, na política e na capacidade coletiva de transformar o País. Esta confiança constrói-se com transparência, responsabilidade e uma cultura de diálogo que ultrapasse confrontos estéreis.
O País precisa de consensos fundamentais, a começar pela Saúde, que sobrevivam às alternâncias de poder.
Futuro
O maior desafio de Portugal é, no fundo, a capacidade de se preparar para o futuro enquanto garante justiça no presente. Exige coragem de olhar para os problemas sem medo e de mobilizar a sociedade para soluções que não se esgotam num ciclo político.
O País já demonstrou, muitas vezes, que é capaz de superar adversidades. Hoje, o que nos é pedido é visão e determinação para que Portugal não seja apenas um país que resiste, mas um país que progride com todos e para todos. Um país justo e de excelência.
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