Portugal está muito aquém daquilo que poderia já ser
É preciso aumentar o apoio à investigação, ciência e educação, motores de um país desenvolvido.
O maior desafio que se coloca a Portugal é o do desenvolvimento. Foi o ‘D’ da Revolução de Abril que não se cumpriu completamente. É verdade que o país é hoje completamente diferente, para melhor, do que era há 50 anos, seja no plano económico ou social. Há progressos substanciais que tiveram também um forte impulso a partir do 25 de Abril. Mas é uma evidência que estamos muito aquém daquilo que o nosso país poderia já ser.
Precisamos de abandonar o modelo de baixos salários. Temos de ambicionar uma economia com forte incorporação tecnológica e de inovação, capaz de aproveitar a formação de milhares de jovens que hoje não encontram oportunidades à medida das suas competências e estão em empregos desqualificados ou optam por emigrar. Para isso é preciso aumentar o apoio à investigação e à ciência, bem como à educação, verdadeiros motores de um país desenvolvido. O país tem de aproveitar as suas potencialidades. Produzir mais para dever menos ao exterior e reforçar as garantias para a soberania. Aumentar a capacidade produtiva industrial apostando, não só em setores tradicionais, mas no aumento ou recuperação da nossa capacidade noutros, como a construção naval, o material ferroviário ou a indústria química e farmacêutica. Precisamos de uma agricultura e de pescas que reduzam o nosso défice alimentar, do aproveitamento e preservação dos recursos florestais, valorizando a agricultura familiar, essencial para combater a desertificação. Necessitamos de apostar nos serviços públicos, essenciais para a coesão territorial e social e para o desenvolvimento económico. A debilidade da resposta de muitos deles é hoje um entrave à concretização de direitos e cria dificuldades à atividade económica, acentuando a desertificação e o abandono do interior.
Contudo, o desenvolvimento do país não pode ser visto numa perspetiva estritamente económica. Tem de comportar outros dois aspetos fundamentais. Em primeiro lugar exige uma centralidade na justa distribuição da riqueza e no combate às desigualdades. Valorizar os salários é, não só socialmente justo, mas economicamente imprescindível para potenciar o nosso mercado interno, do qual dependem a esmagadora maioria das micro, pequenas e médias empresas. Garantir uma vida digna aos mais velhos, reformados e pensionistas, melhorando as suas reformas e o seu acesso à habitação e à saúde é um elemento essencial do desenvolvimento que quero para o nosso país. Em segundo lugar não dispensa a sua sustentabilidade no plano ambiental. Precisamos de aproveitar os nossos recursos naturais, sem os destruir ou esgotar. Precisamos de garantir uma gestão pública dos recursos hídricos, preservando-os e potenciando o seu uso equilibrado, de entender a biodiversidade como um património inestimável e que não pode ser alienado, de promover um desenvolvimento que equilibre as necessidades da população e da economia com as contingências resultantes das alterações climáticas que não podem ser ignoradas.
O nosso país tem futuro e como Presidente quero contribuir para que esse futuro seja de progresso e desenvolvimento.
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