Campanha do PSD centrada em Montenegro e nas "parcerias próximas" entre Governo e municípios
Ao longo da campanha, foi anunciando novidades que estarão no Orçamento do Estado para 2026, como a subida do CSI em 40 euros ou a confirmação de nova descida do IRS.
A campanha do PSD para as autárquicas foi centrada em Luís Montenegro, sobretudo na segunda semana, com o líder do PSD a assumir ser impossível desligar-se da sua condição de primeiro-ministro e a desejar "parcerias próximas" a nível local.
Depois de na primeira semana, e devido a compromissos internacionais como primeiro-ministro, ter sido substituído dois dias pelo secretário-geral, Hugo Soares, e pelo eurodeputado Sebastião Bugalho, desde a última sexta-feira que o líder do PSD tem sido o protagonista da volta autárquica de norte a sul, com quatro a cinco pontos de agenda diária.
Em todos os concelhos, o também primeiro-ministro tem apelado à necessidade de estabelecer "parcerias próximas" entre Governo e presidentes de Câmara e, dizendo que falará com todos seja qual for a cor política, admitiu que essa relação será tão mais firme quanto as ideias e objetivos "forem também mais próximos e coincidentes".
Ao longo da campanha, foi anunciando novidades que estarão no Orçamento do Estado para 2026 -- com entrega antecipada para quinta-feira -, como a subida do Complemento Solidário para Idosos (CSI) em 40 euros ou a confirmação de nova descida do IRS.
Perante críticas de usar o cargo de primeiro-ministro para fazer campanha, Montenegro defendeu-se -- "eu sou só um" -, disse estar a ser "comedido e cuidadoso", mas admitiu que a condição de líder do PSD é indissociável da chefia do Governo.
Foi também nessa dupla qualidade que respondeu, por vezes, a pretensões locais, prometendo que haverá novidades em 2026 sobre o metro para a Trofa ou garantindo que a decisão sobre a localização do futuro hospital do Oeste está suspensa até estudo aprofundado.
A volta autárquica com a presença do líder do PSD divulgada à comunicação social fez-se de apostas cirúrgicas, muitas vezes em pequenos municípios: concelhos que o PSD pode ganhar ao PS (porque muda o candidato ou os socialistas estão divididos) ou outros que já são do PSD, mas em que os autarcas vão pela primeira vez a votos (mesmo que já tenham substituído históricos sociais-democratas devido à limitação de mandatos).
Montenegro foi também a concelhos onde o PSD enfrenta a concorrência do que considerou falsos independentes -- dissidentes que se candidatam dessa forma quando o partido escolheu outros 'número um' à Câmara -- casos de Mafra ou Trofa.
A volta nacional do PSD passou duas vezes pelo Algarve -- uma com o secretário-geral, outra com Montenegro -, região que o partido Chega venceu nas duas últimas legislativas.
As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto são uma aposta para as autárquicas de domingo, em que o objetivo assumido de ter mais câmaras e vencer a Associação Nacional de Municípios não tem sido muitas vezes repetido pelo presidente do PSD.
A campanha fez-se, quase sempre, de contactos com a população e almoços ou jantares-comício e a caravana não passou por várias capitais de distrito, como Viseu, Braga, Coimbra, Leiria ou Setúbal (onde o PSD apoia uma ex-autarca comunista, agora independente).
Nos discursos, o líder do PSD foi listando medidas do ano e meio de governação PSD/CDS-PP, como o aumento do valor do CSI e das pensões, um IRS Jovem "único no mundo" e contas públicas certas que permitem "melhor investimento e mais justiça social".
Com a campanha a arrancar poucos dias depois de o Governo ter anunciado um novo pacote de medidas para a habitação, Montenegro falou do tema em muitos concelhos, admitindo ser preciso explicar a decisão de dar benefícios fiscais a rendas até 2.300 euros.
A imigração voltou também a parte dos discursos, sobretudo a sul, onde Montenegro apontou a PS e sobretudo ao Chega por terem 'chumbado' novas regras para o afastamento de quem entra em situação ilegal.
Nos últimos dois de campanha, o PSD vai apostar no distrito de Lisboa, na quinta, e na sexta nos do Porto e Aveiro -- encerrando "em casa", em Espinho.
O CDS-PP, parceiro de coligação no Governo e em muitas autarquias, foi uma presença muito discreta nesta campanha, com o deputado João Almeida a discursar em duas ou três ocasiões, e o líder Nuno Melo a juntar-se, até agora, apenas na quarta-feira, em Santarém.
Na reta final, o tema da Spinumviva voltou a entrar na campanha, com notícias de que a averiguação preventiva poderá avançar para inquérito (com a PGR a negar que haja já decisão), o que levou o primeiro-ministro a dizer-se "estupefacto e revoltado" e a falar até em "pouca vergonha".
Fora da volta nacional, o ex-líder do PSD Pedro Passos Coelho juntou-se a algumas iniciativas de campanha local, como Amadora e Sintra, onde avisou contra trincheiras nos partidos e defendeu que não devem ser colocadas "linhas vermelhas" a entendimentos pós-autárquicos com o Chega, matéria que Luís Montenegro não quis abordar e disse ser ruído a tão poucos dias do voto dos portugueses.
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