Chega sublinha reforço dos votos enquanto PSD diz que partido é "sociedade unipessoal"

Rui Cristina, deputado do Chega, considerou que o partido conseguiu um "excelente resultado" que representa "uma mudança de paradigma".

15 de outubro de 2025 às 19:05
Urnas Foto: Pixabay
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O Chega sublinhou esta quarta-feira a subida do número de votos nas autárquicas, face a 2021, enquanto PSD acusou o partido de festejar todos os resultados como uma vitória e considerou que esta força é uma "sociedade unipessoal".

"Nós triplicamos o nosso resultado a nível nacional", afirmou o deputado Rui Cristina, do Chega, assinalando também que o partido elegeu "mais de 100 vereadores" nas eleições autárquicas de domingo e conseguiu a presidência de três municípios.

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Rui Cristina (ex-PSD) foi eleito no domingo presidente da Câmara Municipal de Albufeira (distrito de Faro), uma das três conquistadas pelo Chega nestas eleições autárquicas, a par do Entroncamento (Santarém) e São Vicente (Madeira).

O deputado considerou que o resultado do Chega, que teve 208 mil votos nas eleições autárquicas de 2021 e este ano conseguiu 653 mil, foi um "excelente resultado" e representa "uma mudança de paradigma".

"É o despertar de um país que quer resultados, que quer justiça, que quer verdade. E nós estamos preparados para corresponder a esse mandato", indicou, antecipando que "daqui a quatro anos não serão três autarquias, serão muitas mais".

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O deputado assinalou que mesmo nos concelhos onde o Chega elegeu um vereador, será "a balança que decide a maioria".

"E é essa presença que faz a diferença, que obriga os partidos do sistema a perceber que não nos compram e não cedemos a interesses de poder. Ao contrário de outros, nós estamos aqui para servir o povo e para defendê-lo", afirmou.

Nesta que disse ser a sua última intervenção enquanto deputado, o parlamentar alegou também não precisar de atacar adversários, logo após ter afirmado que "os partidos do sistema acumulam casos suspeitos, negócios obscuros e maus exemplos".

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Num pedido de esclarecimento, Gonçalo Capitão, do PSD, aludiu ao facto de o líder do Chega ter apontado como objetivo vencer 30 câmaras municipais.

"André Ventura fala em 30 câmaras, depois ganha três, foi só tirar um zero. Mas depois multiplicou por três, multiplicar zero por três deve ser a matemática da festa de hambúrgueres. Os senhores passaram de miseráveis a pobres e estão todos contentes", ironizou.

O deputado social-democrata considerou também que o Chega queria liderar a direita, mas levou "uma banhada do CDS", e ia "acabar com a esquerda", mas "perdeu para a CDU".

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"Os senhores são o PCP da direita. Mesmo quando perdem, ganham sempre", criticou, considerando que o Chega "é claramente uma sociedade unipessoal".

"Quando há Ventura, falam como Godzilla. Quando não há Ventura, saem como Calimero. Já que não tiveram vergonha, tenham juízo", acrescentou.

A intervenção de Gonçalo Capitão levou a protestos da bancada do Chega e levou o líder parlamentar, Pedro Pinto, a pedir a palavra para defender que a Assembleia da República "não é um circo".

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Na sequência, o líder parlamentar do PSD pediu para defender a honra da bancada, acusando Pedro Pinto de "chamar palhaço" ao deputado Gonçalo Capitão.

"Assistimos muitas vezes a grandes artes circenses da parte da bancada do Chega e nunca os acusámos de circo. Agora, aquilo a que aqui assistimos foi uma sublime peça de retórica política", defendeu Hugo Soares.

Na réplica, o líder parlamentar do Chega queixou-se de ofensas e falta de respeito e argumentou que num "circo não existem só os palhaços, também existem os trapezistas e os contorcionistas".

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"Que é aquilo que os senhores vão ter que fazer em várias câmaras do país para terem ao lado o Chega, é o contorcionismo que os senhores vão ter que fazer", sustentou.

Também num pedido de esclarecimento à intervenção de Rui Cristina, o deputado André Rijo, do PS, assinalou a diferença entre a expectativa e a realidade no que toca ao resultado do Chega nas eleições autárquicas.

O socialista lembrou que um dos objetivos colocados pelo líder do Chega era conseguir um número de votos próximo do resultado das legislativas de maio, mas "ficou a menos de metade".

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"Quando o senhor deputado André Ventura quer falar em dimensão, não consegue nem acertar a dimensão da sua própria casa, quanto mais a dimensão do partido em termos autárquicos. Foi por isso que falhou a previsão", atirou André Rijo.

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