Sérgio Aires defende respostas em rede para sem-abrigo no Porto
Cabeça de lista do BE considerou que "o grande problema das respostas para estas pessoas é que só se consegue dar o primeiro passo, a assistência".
O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara do Porto Sérgio Aires defendeu esta quarta-feira a criação de uma estratégia que envolva diferentes instituições na resposta pública às pessoas em situação de sem-abrigo, que, atualmente, "se limita à assistência".
Em declarações à Lusa, no final de uma reunião no antigo Hospital Joaquim Urbano, com técnicos do Centro de Acolhimento Temporário Joaquim Urbano (CATJU), destinado às pessoas em situação de sem-abrigo que ali funciona 24 horas por dia, o cabeça de lista do BE considerou que "o grande problema das respostas para estas pessoas é que só se consegue dar o primeiro passo, a assistência".
"Ou seja, recebemos as pessoas, homens e mulheres, damos de comer, damos de dormir e o resto vai-se fazendo, é um projeto aqui, um projeto acolá e vai-se conseguindo fazer alguma coisa, mas muito pouco, por isso é que temos os mesmos números de pessoas na rua, aliás, nem sequer conhecemos os números com exatidão neste momento, os dados que temos são de 2023, deveríamos ter uma atualização em 2024 que ainda não apareceu", disse o candidato e vereador no executivo do Porto.
Mesmo no patamar da assistência, nomeadamente da dormida, Sérgio Aires defendeu a criação de "mais espaços".
"Acontece que a resposta que nos dão é que os outros municípios da Área Metropolitana do Porto não avançam com nada neste domínio e é o Porto que acolhe as pessoas todas. Eu continuo a considerar que o sem-abrigo não tem propriamente residência e, portanto, como não tem residência, eu não sei se eles são do Porto, da Maia, de Guimarães ou de Nova Iorque", referiu.
Contudo, reconhece que "os outros municípios não avançarem é um problema" e aponta o caso da Maia, que "tem aprovado em Assembleia Municipal e executivo uma sala de consumo assistido desde 2023 e até hoje nada, [porque] talvez porque seja melhor ter estas respostas no quintal dos outros".
"Além do trabalho em rede ser muito complexo, temos uma resposta social que é só social. Ora, o problema destas pessoas estarem na rua, a maior parte delas não é um problema social é um problema económico, é um problema de habitação, é um problema de saúde, entre outros", sublinhou o candidato.
Sérgio Aires defende, por isso, "uma estratégia nacional e municipal verdadeiramente integrada, que permita que os técnicos tenham aquilo que é preciso, que é o apoio das outras áreas, nomeadamente na saúde, mas também nas questões da habitação e outras".
Lamentou ainda que os pedidos de apoio financeiro e os projetos que vão surgindo fiquem, muitas vezes, no papel, sem resposta, porque a Segurança Social "não tem recursos".
"Não se celebram acordos com a Segurança Social para coisa nenhuma, fica difícil para quem está no terreno, para as equipas de rua, por exemplo, que sinalizam casos e nada acontece", acrescentou.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas realizam-se no domingo.
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