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1974 - 2024: 50 anos depois o mundo parece mais perigoso, por Luís Tomé

Há uma sobreposição de confrontações que polarizam o mundo em múltiplos sentidos, envolvendo as grandes potências.

20 de março de 2024 às 13:13

Em 1974, a Guerra Fria EUA-URSS acarretava o risco de "holocausto nuclear" e dividia o globo em dois "blocos", interligando-se com inúmeros conflitos, internos e internacionais, designadamente no "terceiro mundo". A guerra no Vietname persistia, a cisão sino-soviética

dividia o campo comunista, e vivam-se os efeitos da crise petrolífera e da pressão inflacionista resultantes da Guerra do Yom Kippur do ano anterior. E se a Europa de Leste estava à mercê da "doutrina Brejnev", a Europa Ocidental era abalada nesse ano pela invasão do norte de Chipre pela Turquia. Comparativamente aos dias de hoje, havia no mundo mais pobreza, mais autoritarismos e mais pessoas a morrer à fome e em resultado de doenças e de conflitos.

Cinquenta anos depois, há uma sobreposição de confrontações que polarizam o mundo em múltiplos sentidos, envolvendo as grandes potências e mais atores estatais e não estatais. Há mais potências nucleares e uma nova corrida ao armamento; travam-se "guerras híbridas" sob diferentes formas; a guerra na Ucrânia arrisca escalar para uma guerra Rússia-NATO; avolumam-se as ramificações da guerra em curso no Médio Oriente; Taiwan pode levar à guerra China-EUA; e além de muitos outros conflitos existentes, alguns de grande envergadura podem ser "detonados", da Península Coreana ao mar do Sul da China. Num mundo globalizado e fragmentado, somam-se riscos associados à interrupção nas cadeias de abastecimento de bens, alimentos e energia; pandemias; terrorismo e criminalidade organizada transnacionais; Estados falhados; e uso malicioso de novas tecnologias. E paira uma nova ameaça existencial na forma de crise climática e degradação ambiental.

Os perigos eram muitos, em 1974, mas sabemos que os piores não se efetivaram e alguns foram resolvidos ou mitigados. Em 2024, os riscos são igualmente muitos, mas mais diversificados e acerca dos quais a incerteza é a única certeza. Visto assim, o mundo parece hoje mais perigoso. 

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