400 personalidades pedem medidas robustas contra desinformação na COP30
Subscritores exigem às delegações dos cerca de 170 países participantes na COP30 que tomem uma decisão "ambiciosa, robusta e vinculativa".
Cerca de 400 personalidades e organizações científicas, políticas e sociais instaram esta quarta-feira os negociadores da conferência climática de Belém (COP30) a deter "imediatamente" a onda de desinformação sobre o aquecimento global com "medidas robustas".
"Esta janela de oportunidade crucial não deve ser desperdiçada e a manipulação do discurso público por parte da indústria de combustíveis fósseis deve ser interrompida", afirmam numa carta aberta divulgada durante a conferência, na cidade de Belém, Brasil.
Os signatários alertam que as chamadas 'fake news' criam uma "falsa perceção de divisão e apatia da população", "sabotam a implementação de políticas climáticas eficazes" e "desacreditam as soluções de energias renováveis", atrasando a transição energética.
Os subscritores exigem às delegações dos cerca de 170 países participantes na COP30 que tomem uma decisão "ambiciosa, robusta e vinculativa" para garantir a integridade da informação sobre a emergência climática.
Num contexto em que os eventos extremos são cada vez mais frequentes, a carta denuncia que "interesses económicos e políticos", principalmente ligados ao setor dos combustíveis fósseis, "continuam a organizar e financiar campanhas de desinformação".
"A desinformação é uma ameaça direta e imediata à saúde pública, aos direitos humanos e à segurança", afirma-se no texto.
Esta é a primeira vez que o fenómeno da desinformação é incluído na agenda oficial de temas a serem negociados numa cimeira climática da ONU.
As 191 organizações e 195 indivíduos signatários, entre ativistas, cientistas, académicos e escritores, confiam que em Belém sejam adotadas medidas robustas para salvaguardar a informação.
Para isso, pedem que se atue em todo o ecossistema das notícias falsas, desde as redes sociais até os meios de comunicação, passando pelo setor publicitário, atores que têm uma "responsabilidade imensa".
Além disso, "os legisladores e os governos devem usar seus poderes para restringir o poder das plataformas que se beneficiam da divulgação de conteúdo manipulado", diz a carta.
E acrescenta: "O 'greenwashing', a manipulação das plataformas e a monetização da desinformação devem terminar imediatamente".
A COP30 começou na segunda-feira e deve terminar no dia 21, na cidade de Belém, porta de entrada para a Amazónia brasileira.
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