Ataques racistas de Trump e convidados marcam comício republicano em Nova Iorque
Donald Trump encheu o mítico Madison Square Garden num evento de campanha marcado pela polémica.
O apoteótico comício de Donald Trump no Madison Square Garden, em Nova Iorque, ficou no domingo à noite manchado por vários ataques racistas, não só por parte do candidato republicano mas também de vários convidados, incluindo um comediante que descreveu Porto Rico como “uma ilha de lixo flutuante”.
O autor da duvidosa brincadeira foi o podcaster e humorista Tony Hinchcliffe, chamado a ‘aquecer’ a multidão. “Não sei se sabem, mas há uma ilha de lixo flutuante no oceano. Chama-se Porto Rico”, afirmou perante as gargalhadas e aplausos dos mais de 20 mil apoiantes de Trump que lotaram a sala. Porto Rico faz parte dos EUA, mas os seus 3,2 milhões de habitantes não podem votar nas presidenciais.
No entanto, os imigrantes porto-riquenhos são já a segunda maior comunidade latina nos EUA e o seu voto pode ser decisivo, por exemplo, na Pensilvânia, um dos ‘swing states’, pelo que vários dirigentes republicanos se apressaram a denunciar as palavras de Hinchcliffe. A própria campanha de Trump foi obrigada a esclarecer que os comentários “não refletem a posição do Presidente Trump”.
Já o cantor porto-riquenho Ricky Martin, apoiante democrata, não perdeu tempo a reagir: “Isto é o que eles pensam de nós. Votem em Kamala Harris”, apelou numa publicação dirigida aos seus milhões de seguidores nas redes sociais.
Mas este não foi o único momento polémico da noite. O radialista Sid Rosenberg chamou “filha da p...” e “sacana doentia” a Hillary Clinton, o ex-apresentador da Fox Tucker Carlson atacou o “QI baixo” de Kamala Harris e um amigo de infância de Trump, de crucifixo na mão, referiu-se à candidata democrata como “o anticristo”.
Já o discurso de Trump ficou marcado pelos habituais ataques aos “inimigos internos” e aos imigrantes ilegais “que invadiram e ocuparam” as cidades americanas, prometendo realizar “a maior operação de deportação da História”.
Sorteio de milhões dá processo a Musk
O Gabinete do procurador-geral de Filadélfia abriu ontem um processo contra o bilionário Elon Musk para travar a polémica iniciativa de sortear um milhão de dólares por dia entre os eleitores que se registarem para votar em Donald Trump nos estados decisivos. O processo compara o sorteio promovido pelo comité de ação político America PAC, criado pelo dono da Tesla, a uma "lotaria ilegal" que apela à partilha de dados pessoais e "mancha a perceção pública de que as eleições são livres e justas".
"Cansadas de tanto ódio"
Kamala Harris denunciou, na segunda-feira, os ataques racistas que marcaram o comício de Trump em Nova Iorque, afirmando que os americanos “estão cansados de tanto ódio e tantas divisões”.
“Trump atiça constantemente a fogueira do ódio e da divisão e é por isso que as pessoas estão cansadas dele”, afirmou a candidata democrata, acrescentando que os discursos do rival republicano estão pejados de “linguagem negra de vingança e retribuição”.
“O povo americano tem uma escolha: ou vão ter isso ou vão ter-me a mim, focada na minha lista de prioridades e no povo americano”, afirmou, à partida para o Michigan, um dos estados que vão decidir quem será o próximo Presidente dos EUA. Neste estado, a candidata democrata ia centrar-se nas suas propostas económicas, incluindo a importância de investir na indústria, antes de encerrar o dia com um comício conjunto com o candidato à vice-presidência, Tim Walz.
Durante o fim de semana, Kamala Harris fez várias paragens na Pensilvânia, outro dos ‘swing states’, para apelar ao voto afro-americano.
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