Catarina Martins diz que Governo "quer andar na direção errada" com alteração à lei laboral

Candidata presidencial apoiada pelo BE disse ainda que a Justiça "fez o seu trabalho" no caso Spinumviva, mas criticou Luís Montenegro por "não aceitar o escrutínio".

Atualizado a 17 de dezembro de 2025 às 21:59
Catarina Martins
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Catarina Martins foi convidada do Grande Jornal da CMTV. A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda considerou que a Justiça "fez o seu trabalho" ao averiguar a consultora Spinumviva, que foi esta quarta-feira arquivado mas deixou críticas ao primeiro-ministro que, disse, "parece não aceitar o escrutínio".

A ex-líder do Bloco afirmou que "é preciso mudar coisas" na Justiça em Portugal, dotando o setor de mais meios de investigação para combater a morosidade dos processos. No entanto, acrescentou que o problema não se esgota nos meios, criticando os megaprocessos, "que se arrastam por imenso tempo sem que haja condenações ou decisões finais", e defendendo que seria melhor julgar "caso a caso" para tornar mais rápidas as decisões.

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Deixou ainda críticas à Justiça pela dificuldade desta em se "escrutinar a ela própria", e pelo que descreveu como um problema de acesso à justiça. "Há uma Justiça para ricos e para pobres, precisamos de uma Justiça que seja para toda a gente".

Sobre a alteração à lei laboral, Catarina Martins afirmou que a greve geral do último dia 11 foi necessária. "O Governo quer abrir a possibilidade de um patrão poder dizer a uma pessoa 'você vai passar a trabalhar mais duas horas por dia, e essas horas nem sequer vão ser pagas como horas extraordinárias, são horas normais", disse. A bloquista disse que propostas como o banco de horas individual lançam a incerteza sobre os trabalhadores: "Como é que a pessoa organiza a sua vida de hoje para amanhã"?

Rejeitou ainda a ideia de que os jovens que saem do país escolhem países com leis laborais mais flexiveis. "Ouço dizer isso muitas vezes, mas não é bem assim. O maior destino da imigração portuguesa é a França, onde 90% dos trabalhadores têm um contrato coletivo de trabalho. Isto faz toda a diferença", apontou, acrescentando ainda que em certos países, os trabalhadores têm "voto em algumas decisões" da empresa.

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"Às vezes uma norma pode ser mais flexivel ou liberal, mas depois há coisas que servem como balanço e dá mais segurança no trabalho". A bloquista reconheceu que a atual lei "não responde" aos problemas e desafios do futuro, como a transformação tecnológica, mas afirmou que o Governo "quer andar na direção errada e tornar o problema ainda mais grave".

Sobre a Saúde, Catarina Martins afirmou que se discutem modelos de negócio e não "as necessidades das pessoas". E rejeitou que o problema do sistema de saúde pública seja a falta de profissionais. "O SNS foi pensado para uma população jovem e hoje temos uma populaçao envelhecida. Precisamos de um acomanhamento muito mais permanente das pessoas para que os problemas não se acumulem", disse.

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