Catarina Martins pede campanha eleitoral sobre crises do País e não sobre casos
Em causa está a investigação do Ministério Público sobre ajustes diretos aprovados pelo candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo.
A candidata presidencial Catarina Martins pediu esta segunda-feira que a campanha eleitoral seja centrada nas crises do país e não em casos como a notícia de uma investigação do Ministério Público que envolve Gouveia e Melo.
"Em relação a este caso, em relação a todos os casos, tenho dois pedidos a fazer: o primeiro é que sejam todos investigados até às últimas consequências, o segundo é que esta campanha não seja sobre casos e seja sobre as crises do país", respondeu Catarina Martins aos jornalistas, em declarações à margem de uma visita à Casa da Cidadania, em Lisboa, para contactar associações de pessoas com deficiência.
Em causa está um artigo da revista Sábado que avança que o Ministério Público (MP) de Almada está a investigar vários ajustes diretos aprovados pelo candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo enquanto comandante Naval da Marinha (2017 a 2020).
Há cerca de duas semanas, também a revista Sábado noticiou que o candidato à Presidência da República com o apoio dos partidos do Governo, Luís Marques Mendes, recusava esclarecer como ganhou 709 mil euros líquidos nos últimos dois anos enquanto consultor externo da sociedade Abreu Advogados. Marques Mendes enviou depois à Lusa uma lista com 22 clientes da sua empresa.
"Eu não consigo, nem posso, explicar os tempos do Ministério Público, o que eu posso dizer é que todos os casos devem ser investigados e devem ser investigados num calendário que não deve ter a ver com as eleições, mas sim com o funcionamento do Estado e da Justiça, mas eu não vou comentar o que são fugas de segredo e justiça", salientou a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, questionada pelos jornalistas.
Defendendo uma campanha que "seja sobre a vida das pessoas", Catarina Martins apontou várias matérias, desde a saúde à habitação, sobre as quais considerou importante a magistratura de influência de um Presidente da República, "para que a política responda mais à vida das pessoas e menos aos grandes interesses económicos".
"Eu hoje, por exemplo, estou aqui para falar sobre as pessoas com deficiência e sobre o seu direito a uma cidadania por inteiro e sobre o facto de não nos podermos resignar a um país que nem sequer as leis que tem, ou a Convenção Internacional sobre os Direitos de Pessoas com Deficiência, que assina, seja cumprida", apontou a candidata.
Catarina Martins salientou que existem em Portugal cerca de um milhão de pessoas com deficiência que se sentem "excluídas da cidadania por motivos tão simples como não terem as acessibilidades para poderem entrar num espaço".
Questionada ainda sobre a reunião do Conselho de Estado em plena campanha eleitoral, com dois candidatos sentados à Mesa -- Luís Marques Mendes e André Ventura -- Catarina Martins reiterou que "preferia que os tempos não fossem estes" mas considerou que para a maioria das pessoas "este um assunto completamente lateral". "É muito mais central, por exemplo, a quantidade de urgências que estão fechadas", vincou.
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