Gouveia e Melo defende transparência e independência presidencial

O candidato presidencial sublinhou que os portugueses "não estão a eleger um partido", mas "uma pessoa", reforçando que a candidatura que encabeça "não é partidária".

27 de dezembro de 2025 às 19:34
Gouveia e Melo defende que um Presidente da República deve ser exigente com o Governo sem se tornar "uma força de bloqueio" Foto: Manuel de Almeida
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O candidato à Presidência da República Henrique Gouveia e Melo defendeu este sábado, nos Açores, a necessidade de "transparência" na vida pública e sustentou que o chefe de Estado deve ser conhecido pelo seu perfil e independência.

Gouveia e Melo falava, em declarações aos jornalistas, durante uma visita à vila piscatória de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, tendo considerado que o seu opositor Luís Marques Mendes não tem esclarecido os portugueses sobre questões levantadas sobre o seu percurso profissional.

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"Só se estive distraído. Já sabe quem foram os clientes e quais foram os interesses que defendeu? É uma questão que foi levantada e que, naturalmente, a população terá essa questão na cabeça. Só lembrei qual é a profissão do doutor Luís Marques Mendes, para além de comentador político. Foi a pergunta que fiz e que interesses essa profissão alavanca ou pode alavancar dentro da função presidencial. Julgo que todos os portugueses querem saber isso", sustentou.

O candidato acrescentou: "Nós não estamos a fazer nenhum ataque. Eu pelo menos não tenho intenção de fazer nenhum ataque. Só peço transparência, porque é isso que julgo que todo o povo português também quer, saber exatamente o que é que faz, como faz, com quem faz, são coisas normais".

Gouveia e Melo sublinhou que os portugueses "não estão a eleger um partido", mas "uma pessoa", reforçando que a candidatura que encabeça "não é partidária".

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O candidato, que vai estar no domingo e segunda-feira na ilha Terceira, defendeu ainda um "maior cuidado" com "as expressões" usadas em campanha.

"A minha linguagem é muito própria da Marinha. Nós temos sempre algum cuidado na linguagem que usamos. A nossa diplomacia começa quando somos muito jovens. Portanto, a minha linguagem refere isso e mostra isso", vincou Gouveia e Melo, em Rabo de Peixe, onde visitou o porto de pescas local, conversou com pescadores e entrou em cafés da vila.

O candidato salientou também que, embora os poderes do Presidente da República estejam definidos na Constituição, "o perfil do Presidente é muito importante", incluindo a capacidade de ser exigente com o Governo sem se tornar "uma força de bloqueio" e ter a capacidade para "organizar, motivar, juntar e contribuir para o todo nacional em vez de dividir".

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No plano internacional, questionado sobre um eventual envio de tropas portuguesas para uma futura missão de manutenção de paz na Ucrânia, Gouveia e Melo afirmou que qualquer decisão "requer um grande consenso nacional de todos os atores" e "até da própria população".

"De facto o que se passa hoje na Europa é se não tivermos cuidado podemos ter o início de um terceiro conflito mundial no Leste Europeu e devemos pensar seriamente qual deve ser a nossa participação para evitar esse conflito", sustentou.

Durante a sua visita à ilha de São Miguel, Gouveia e Melo referiu-se ainda à revisão da Lei de Finanças Regionais e disse que "é favorável à maior descentralização possível", salientando que "acredita que os problemas devem ser resolvidos em proximidade e não em distância".

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"Há matérias que são macro. Portanto, devem ser feitas de uma forma central. Mas, a maior parte das matérias nem são macro. São matérias que devem ser delegadas em quem lida com as pessoas diretamente e com os problemas das pessoas. Por isso sou adepto de uma maior descentralização. A forma como essa descentralização deve ser feita é o que nós temos que estudar. Mas, devemos caminhar nesse sentido", afirmou.

Questionado sobre o facto de o Governo da República pretender alterar os critérios de elegibilidade do Subsídio Social de Mobilidade (SSM) para que o apoio só seja pago a quem não tenha dívidas à Segurança Social e Autoridade Tributária, Gouveia e Melo considerou que as dívidas "têm que ser pagas".

Mas, defendeu a necessidade de medidas do Estado para recuperar as pessoas que estão em "determinadas situações sociais" de endividamento, reiterando o combate à pobreza e às desigualdades como uma das prioridades do próximo Presidente da República.

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As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro.

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