António José Seguro e Henrique Gouveia e Melo estiveram frente-a-frente.
Naquele que foi porventura um dos mais importantes frente-a-frentes dos debates presidenciais, António José Seguro e Henrique Gouveia e Melo — dois candidatos que as sondagens recentes mostram que têm estado em perda — marcaram diferenças numa tentativa de conquistar o centro político.
Foi precisamente o tema das sondagens que marcou a abertura do frente-a-frente, com Seguro a desvalorizar os sinais de quebra, ainda que reconhecendo a vontade de trabalhar para que as pessoas "se aproximem mais" da sua candidatura. Pegou depois na inexperiência do adversário: "Precisamos de ter um PR com experiência política, que não venha ao improviso" e que "não esteja a aprender no cargo", afirmou.
Gouveia e Melo, por sua vez, descreveu o socialista como um "candidato nem-nem", que não "não é um líder para os tempos modernos" e que veio "tentar resgatar a carreira política" depois de 11 anos afastado. A resposta de Seguro foi perentória, indo buscar o passado militar do Almirante. "Não utilizo o poder para humilhar os meus subordinados", disse, lembrando a polémica do NRP Mondego. O militar na reserva diz que a sua posição na altura "parou um rastilho perigoso para as Forças Armadas e o senhor, se não percebe isso, não tem capacidade para chefiar as Forças Armadas".
A inexperiência do independente (que este repetidamente desvalorizou como ataques da "pequena política") foi um dos pontos principais do frente-a-frente. "O senhor não vai para Belém dar ordens aos partidos. Votar em si é uma aventura", declarou António José Seguro. Gouveia e Melo, por seu turno, considerou o adversário como "um líder para a estagnação" que não é consensual nem no seu próprio partido.
O candidato apoiado pelo PS questionou também o posicionamento ideológico do militar na reserva, que se quis mostrar como fiel depositário de um voto socialista descrente de Seguro. "Fez um almoço secreto com o líder Chega, tem como mandatário um ex-presidente do PSD. CDS, Chega, PSD, todos juntos. É esse o campo político que representa".
O crescimento económico esteve também em cima da mesa. Numa semana em que a revista The Economist destacou a economia portuguesa, ambos os candidatos deixaram reparos de parte a parte. Gouveia e Melo sublinhou que Portugal não pode "ter uma economia dependente do turismo".
Já Seguro pegou no tema para questionar a alteração à lei laboral. "Fomos elogiados por ter um mercado dinâmico. Se o mercado é dinâmico, porque é que é preciso alterar a legislação laboral?", questionou, acrescentando que o Governo "desistiu da concertação social" e prometendo que, se for eleito, se reunirá semanalmente com o primeiro-ministro.
Passando para o segredo de Justiça, mais uma vez a convergência. O candidato socialista criticou a "devassa de escutas" dos processos judicias recentes, e a ausência de explicações por parte do Procurador-Geral da República "A justiça é um pilar essencial, mas está a precisar de obras". Gouveia e Melo, que recentemente equiparou as polémicas de vigilância do Ministério Público ao tempo da PIDE, foi mais comedido, mas afirmou que o MP não pode "ter agendas" e deve "gerar confiança nas pessoas. "Todos nós reconhecemos que há um problema na Justiça, é preciso é resolvê-lo" sustentou.
Quando o debate passou para a questão da Segurança e Defesa, Gouveia e Melo puxou dos galões militares para afirmar as mais-valias de ter em Belém um Presidente que entende este espaço, num momento "muito perigoso para a Europa", e defendendo a necessidade de Portugal ter "um pé na Europa e outro no Atlântico".
Seguro, por sua vez, tentou vincar as diferenças com o Almirante, defendendo a necessidade de o País "aumentar a autonomia estratégica" em relação à NATO, sobretudo após a nova estratégia de defesa nacional apresentada pelos EUA.
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